Há mais de uma década Mossâmedes convive com o mesmo drama: torneiras secas, promessas molhadas e uma cidade que aprendeu a sobreviver carregando baldes. A crise da água deixou de ser um problema administrativo e passou a ser um símbolo da incapacidade – ou da conveniência política – de quem governa.
Agora, em 2025, nada mudou. A única coisa abundante é a repetição.
Enquanto a população enfrenta dias inteiros sem uma gota d’água, a prefeitura promove shows, monta palcos, ilumina avenidas e tenta maquiar a realidade com o velho e conhecido pacote do populismo: festa, pão e circo.
Uma década de promessas que evaporaram
O abastecimento de água sempre foi o calcanhar de Aquiles de Mossâmedes.
Governos passaram, candidatos se revezaram — mas o grupo político continuou o mesmo.
E o discurso também.
Ano após ano, eleição após eleição, as promessas se repetem:
- “Vamos resolver o problema da água.”
- “Será prioridade máxima do governo.”
- “Em poucos meses ninguém mais sofrerá com falta d’água.”
A única constante é que nada foi feito.
Nem ampliação de reservatórios, nem modernização de sistemas, nem planejamento hídrico, nem investimento estrutural.
A realidade de quem vive a cidade
Enquanto a Prefeitura se preocupa com festa e palco, o cidadão vive outra rotina:
- tomar banho quando a água resolve voltar;
- lavar roupa somente em horários improvisados;
- famílias gastando com caixas, bombas e caminhões-pipa;
- escolas, postos de saúde e comércios interrompendo atividades;
- idosos, crianças e pacientes sofrendo com a falta do mais básico dos direitos: água.
A festa pode até lavar a imagem do prefeito, mas não lava a louça da população.
Pior que a falta d’água é a falta de respeito
O que se vê em Mossâmedes é a fórmula clássica de gestores que ignoram prioridades:
primeiro gastam com o que rende likes e fotos bonitas;
depois fingem que não sabiam dos problemas estruturais.
E quando são criticados, recorrem ao manual do populismo:
“Estão politizando”,
“a oposição não quer ver a cidade feliz”,
ou “a culpa é da gestão anterior”.
Difícil culpar gestões anteriores quando quem governa há anos é o mesmo grupo político.
Pão e circo não matam a sede
A pergunta que fica é simples:
de que adianta festa quando falta o básico?
O prefeito pode até comemorar o “sucesso do evento”, mas o morador de Mossâmedes continua esperando o dia em que a cidade terá algo que nunca deveria faltar: água.
Enquanto a administração escolhe entretenimento em vez de infraestrutura, Mossâmedes segue sendo um retrato cruel da política que prioriza palcos em vez de tubulações, artistas em vez de engenheiros, fogos de artifício em vez de soluções reais.
A cidade segue com festa na praça e sede dentro de casa.
E isso não é gestão.
É abandono com luz colorida.

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