terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Cidade do Som: Como a Obra de R$ 2,3 Milhões Fez o Prefeito Maycllyn Entrar no Ritmo da Fraude



O caso da “Cidade do Som” em Morrinhos ultrapassa o campo do erro administrativo. É um modelo completo — e vergonhoso — de como se opera uma fraude licitatória dentro da máquina pública, atropelando engenharia, jogando a lei no lixo, produzindo pareceres políticos e utilizando consultorias pagas para manipular o processo.

E tudo isso para beneficiar uma empresa que, pela lei, não poderia sequer participar.

O resultado é uma cronologia de ilegalidades tão explícita que parece roteirizada — mas está toda registrada em documentos oficiais, assinaturas digitais, prints do sistema e pareceres contraditórios.

Vamos aos fatos.


1. Recurso federal para ESPORTE, maquiado como “Cidade do Som”

O TransfereGov não mente.

✔ O dinheiro é para complexo esportivo.

✔ O programa é de infraestrutura esportiva.

✔ Não existe autorização para “Cidade do Som”, palco, cultura, turismo ou eventos.


A prefeitura distorceu o objeto para vender à população um projeto “moderno”, quando o que estava aprovado é um complexo esportivo comum.

Essa é a primeira maquiagem — e o primeiro desvio de finalidade narrativa.


2. A empresa escolhida politicamente: uma microempresa de fazenda sem CNAE de obra


A MH Asfalto LTDA — CNPJ 51.887.514/0001-41 — apresenta:

  • sede em zona rural
  • capital social de R$ 100 mil
  • atividade principal: locação de máquinas
  • NÃO possui CNAE de construção civil
  • NÃO possui CNAE de edificações
  • NÃO possui acervo técnico compatível
  • NÃO possui histórico de obras
  • NÃO possui estrutura para execução


E, mesmo assim, aparece como primeira colocada na licitação.

A explicação viria depois: a prefeitura tentou empurrar a empresa “na marra”.


 3. O modus operandi clássico da fraude: preço impossível para vencer + aditivos para recuperar


O parecer técnico aponta:

  • preço da MH Asfalto: R$ 1.950.000,02
  • valor estimado: R$ 2.784.230,15
  • deságio: 29,91% — ilegal pela Lei 14.133 (inexequível abaixo de 75%)
  • BDI usado: 14%, abaixo do mínimo legal e do TCU



Isso caracteriza o padrão nacional:

1️⃣ Apresenta-se um preço impossível de executar para vencer a licitação.

2️⃣ Depois surgem os aditivos, “reequilíbrios”, “ajustes técnicos”, até alcançar (ou ultrapassar) o valor real.

É fraude com início, meio e fim.


4. A engenharia concursada DESCLASSIFICA a MH Asfalto

A engenheira Renata Amaral Troncoso, CREA 11921/D-GO, responsável legal pelo processo, analisou a documentação em 17/11/2025.

Ela aponta:

❌ Ausência de CAO

❌ Ausência de CAT

❌ Ausência de vínculo técnico do engenheiro

❌ Ausência de documentos obrigatórios

❌ CNAE incompatível

❌ Atividades não comprovadas

❌ Acervo insuficiente

❌ Violação de itens técnicos do edital

E conclui:

“A documentação não atende aos requisitos técnicos e, portanto, não é satisfatória.”


Ou seja:

a MH Asfalto está inabilitada. Ponto final.


 


5. O prefeito ativa o assessor político para reverter o parecer técnico

É aqui que o escândalo explode.


Logo após a engenheira cumprir sua obrigação legal, entra em cena — por ordem direta do prefeito Maycllyn — o assessor Luciano Porto Ortiz, que:

  • não é engenheiro
  • não tem CREA
  • não pode emitir parecer técnico
  • não tem prerrogativa para analisar habilitação
  • não tem competência legal segundo a 14.133


Mesmo assim, Luciano emite um parecer habilitando a MH Asfalto.

Um ato político, sem fundamento técnico, sem respaldo legal, e absolutamente nulo.


6. Engenharia se revolta e ameaça denunciar ao Ministério Público

A interferência foi tão grotesca que

✔ os engenheiros reagiram imediatamente

✔ afirmaram que não assinariam ilegalidade

✔ alertaram que o parecer político violava o edital

✔ e ameaçaram levar o caso ao MP

A partir daí, o prefeito Maycllyn se vê diante do risco iminente:

a fraude estava para explodir dentro do próprio gabinete.

 7. O prefeito monta uma manobra para ganhar tempo e tentar salvar a MH Asfalto


Com o prazo da Caixa Econômica Federal se encerrando no dia 30, Maycllyn precisava impedir que o órgão federal recebesse o verdadeiro parecer — o da engenheira Renata — que mataria qualquer chance da MH Asfalto continuar no certame.

Então ele arma uma jogada clandestina:


✔ Ordena que o consultor terceirizado PEDRO HENRIQUE copie o parecer da engenheira

✔ Reproduza o texto quase integralmente

✔ Assine como se fosse um “parecer válido”

✔ E envie à Caixa pedindo 

prorrogação de prazo


É o que chamamos de parecer fantasma:

  • assinado por quem não tem prerrogativa legal
  • posterior ao parecer oficial
  • criado apenas para ganhar tempo
  • e impedir que a Caixa tenha acesso ao parecer legítimo


Por que não enviaram o parecer da engenheira?

Simples:

➡️ Porque a Caixa barraria a MH Asfalto imediatamente.

➡️ Porque o parecer é definitivo, legal e incontestável.

Enviaram o de Pedro Henrique justamente porque sabiam que a Caixa iria recusar — e isso renderia dias preciosos para a empresa correr atrás dos documentos que não tinha.

É fraude prolongada por manobra temporal.

É má-fé administrativa explícita.

 8. A consultoria terceirizada também desclassifica a MH Asfalto

O mais explosivo:

O parecer da PHX Engenharia, emitido por Pedro Henrique Gomes dos Santos, CREA 24805/D-GO — o mesmo que o prefeito usou para “copiar e enviar à Caixa” — afirma:

“Este participante NÃO está apto a executar a obra.”


Ou seja:

✔ a engenharia concursada desclassificou

✔ a consultoria terceirizada desclassificou

✔ a lei desclassifica pelo preço

✔ o CNAE desclassifica

✔ os requisitos técnicos desclassificam


Só quem habilitou foi o assessor político Luciano.

Sem CREA.

Sem competência.

Sem legalidade.


Isso é fraude administrativa na forma mais clara possível.

 CONCLUSÃO


A Cidade do Som virou o Eco da Fraude

O que deveria ser um complexo esportivo virou:

  • um laboratório de manipulação
  • um duelo entre técnica e política
  • um esquema para favorecer empresa inapta
  • um atentado à Lei 14.133/21
  • uma manobra para enganar a Caixa
  • um atropelo contra a engenharia
  • um ato deliberado de improbidade administrativa

O prefeito Maycllyn tentou conduzir o processo no ritmo de conveniência política, não no ritmo da lei.

Mas a música mudou.

E agora, com todos os documentos revelados, o que ecoa em Morrinhos é o som da fraude — alto, claro e documentado.

O caso está pronto para a análise do:

✔ Ministério Público Federal

✔ Ministério Público de Goiás

✔ Tribunal de Contas da União

✔ Caixa Econômica Federal

E, sobretudo, para o julgamento da população.

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