terça-feira, 25 de novembro de 2025

ACM Neto Enterra o Projeto Nacional de Caiado e Reposiciona o União Brasil: Tarcísio Vira Candidato Único da Direita Organizada

 A política brasileira tem movimentos silenciosos que dizem mais do que discursos públicos. O encontro ocorrido na última segunda-feira (24), revelado pelo portal Toda Bahia, não foi apenas uma reunião de rotina: foi o ato final de uma disputa interna que se arrasta há meses nos bastidores do União Brasil. E, desta vez, o recado de ACM Neto veio sem rodeios — e com endereço certo.


Segundo apurado pelo portal, ACM Neto afirmou a deputados estaduais e federais que Ronaldo Caiado não conseguiu se viabilizar nacionalmente e que sua postura de distanciamento em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro o transformou num corpo estranho dentro do campo oposicionista. A fala escancarada do ex-prefeito de Salvador é, na prática, a certidão de óbito do projeto presidencial de Caiado dentro do União Brasil.


Mais do que isso: Neto reforçou que o governador goiano deve mesmo deixar o partido e migrar para o Solidariedade, caso queira insistir no sonho do Planalto. É um recado carregado de ironia, vindo justamente de quem, meses atrás, promoveu Caiado em Salvador como figura nacional capaz de romper a polarização. O gesto de hoje — público, calculado e feito na frente de dezenas de parlamentares — é a prova de que as cartas mudaram na mesa.


No encontro, ACM Neto articulou outro movimento: consolidar a federação entre União Brasil e PP como alicerce político para a candidatura de Tarcísio de Freitas à Presidência. Não há mais disfarces. Neto deixou claro que espera o apoio de PL, Republicanos e PSD para montar uma chapa nacional robusta, com tecido político e financeiro suficiente para enfrentar tanto Lula quanto Bolsonaro. O recado tem força porque parte do dirigente que controla uma das maiores máquinas partidárias do país e que opera com precisão cirúrgica nos bastidores do centrão ampliado.


Essa declaração também desmonta a narrativa que vinha sendo sustentada por setores do União Brasil em Goiás. Até poucos meses, a ideia era que Caiado seria a novidade capaz de articular governadores, prefeitos e o centro político. Mas a falta de carisma fora das fronteiras goianas, a ausência de um discurso eficiente e a distância estratégica de Bolsonaro — num campo político que se alimenta de identidade ideológica — fizeram o projeto desidratar.


No Brasil real, o eleitorado conservador e liberal já havia escolhido seu nome: Tarcísio. Faltava a elite partidária consolidar essa preferência. Faltava um movimento claro do União Brasil — e ele acaba de acontecer.


A fala de ACM Neto foi recebida pelas lideranças presentes como uma mudança de eixo. Não se trata apenas de uma aposta eleitoral, mas de um reposicionamento definitivo do partido no tabuleiro nacional. A mensagem é inequívoca: não há espaço para dois presidenciáveis no mesmo bloco. E Caiado, sem apoio, sem narrativa e sem lastro nacional, tornou-se o elemento dispensável.


A lista de parlamentares presentes ao encontro reforça o caráter institucional do recado. Deputados estaduais do PDT, União Brasil, PP, PSDB e Republicanos, além do deputado federal Arthur Maia e figuras históricas da direita baiana, ouviram de ACM Neto a delimitação do novo rumo — e ninguém contestou. No subtexto, ficou claro que a presença de Caiado no União Brasil se tornou mais um problema do que uma solução.


O que se desenha, portanto, é um cenário em que Ronaldo Caiado deve buscar um novo abrigo partidário, provavelmente o Solidariedade, mas sem estrutura, sem base nacional e sem tempo suficiente para construir musculatura até 2026. A pré-candidatura, embora não oficialmente retirada, está politicamente inviável.


Enquanto isso, ACM Neto acelera o projeto de unificação da direita institucional em torno de Tarcísio, que já possui recall, discurso, identidade ideológica e apoio dos grandes grupos econômicos e partidários do país.


O movimento, que parece pontual, na verdade é um divisor de águas. É a confirmação de que a disputa presidencial de 2026 terá um candidato competitivo da direita — e que esse candidato não será Ronaldo Caiado.


O jogo virou. E virou de forma pública, explícita e irreversível.


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