O cirurgião plástico Rogério Morale prestou depoimento, na tarde de ontem, no 13º Distrito Policial de Goiânia, a respeito da morte da miss Jataí Turismo, Louanna Adrielle Silva. A modelo, de 24 anos, faleceu no último sábado (1), no Hospital Buriti, no Parque Amazônia, depois de começar uma cirurgia para colocar próteses de silicone nos seios.
Investigação
De acordo com a delegada, o médico se mostrou impressionado com a morte da modelo, por ser jovem, ter bom condicionamento físico e bom estado de saúde. “O processo de investigação continua. A polícia agora vai ouvir as outras pessoas envolvidas, além de acionar o Conselho Regional de Medicina para verificar se realmente não seria necessário ter realizada a avaliação de risco cirúrgico em Louanna.”
Ainda conforme Mirian Borges, esse não é o primeiro caso de óbito relacionado ao médico Rogério Morale. Questionado pela delegada, o cirurgião admitiu que está sendo investigado pela morte de outra paciente, dessa vez na cidade de Jataí, vítima de uma embolia gordurosa.
A delegada conta que esse outro caso ocorreu em junho, durante a realização de uma cirurgia de lipoaspiração. “Ele disse, entretanto, que ainda não foi intimado a prestar depoimento nem à polícia nem ao CRM.”
De acordo com a delegada Mirian Aparecida Borges de Oliveira, que investiga o caso, o depoimento começou às 10h30 e só foi encerrado por volta de 15h. Ao todo, o procedimento rendeu 13 laudas de relatório.
O médico resumiu à polícia todos os acontecimentos, desde o primeiro dia de contato com a paciente até a cirurgia. Conforme relatou, ontem completou um mês da primeira visita da modelo ao consultório, quando ele pediu a bateria de exames.
Na segunda consulta, a miss já teria voltado com os resultados. De acordo com o que ele disse no depoimento, Louanne estava saudável. Segundo o cirurgião, ela contou que fazia exercícios regulares e não tomava remédios controlados.
O médico informou, no entanto, que o único detalhe que poderia contar negativamente em relação à saúde da moça era uma arritmia sinusal, que alterna a frequência cardíaca entre batidas lentas e rápidas, detectada no eletrocardiograma. De acordo com ele, a cirurgia foi permitida mesmo assim, uma vez que esse tipo de problema não seria considerado uma doença cardíaca para a medicina.
Segundo a delegada, baseado nisso, Morale nem chegou a realizar a avaliação de risco cirúrgico. Ela conta que o médico se justificou dizendo que nesses casos, só há complicações se o paciente estiver apresentando algum tipo de sintoma da doença, o que não era o quadro da modelo. “Ele afirmou que em momento algum a mãe de Louanna o informou que a moça estava sentindo dores de cabeça e no peito, além de desmaios, há cerca de um mês”, pontuou Mirian.
Paradas
Conforme o cirurgião, no dia da cirurgia tudo correu bem até o final da inserção da primeira prótese, quando a modelo sofreu a primeira parada cardíaca. Rogério relatou que eles começaram os procedimentos para reanimar a jovem e retiraram o silicone. A segunda parada veio em seguida.
Embora não houvesse Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no hospital, o médico diz que a paciente foi levada para o quarto e recebeu todos os cuidados precisos, pois no local havia os equipamentos necessários para isso. “Ele ressaltou também que a modelo tinha consciência desse detalhe da falta de UTI e que foi escolha dela operar no Hospital Buriti. Mesmo sabendo que Morale operava em outros lugares, a moça escolheu o hospital por ser próximo à sua casa”, contou a delegada.
A terceira parada cardíaca da modelo, conforme o médico, foi fatal. De acordo com Mirian, o médico disse que durante as reanimações a moça apresentava reações muito fortes às pequenas doses do remédio que eram ministradas. “Ele explica que essas reações são típicas de pacientes que usaram ou usam algum tipo de substância ilícita.”
Fonte: Diário da Manhã
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