Quando um aliado chama o outro de “povo vagabundo” em público, o que está em jogo não é apenas um rompimento político — é o desmoronamento de um sistema de conveniências, cargos e troca de favores que sustentou uma década de poder em Anápolis.
O vídeo divulgado pelo ex-prefeito Roberto Naves (Republicanos) expõe um racha que estava escondido sob a superfície, mas que agora explode com força suficiente para redesenhar o tabuleiro eleitoral da cidade.
E o fio condutor desse rompimento é claro: ingratidão, aparelhamento e disputa interna por controle político.
A frase que detonou a crise: “aquele povo vagabundo”
A declaração foi pública, registrada e amplificada nas redes.
Mas, ao reagir, Roberto Naves não apenas defendeu sua honra. Ele abriu a caixa-preta de uma relação política construída com apoio, proteção e cargos, e destruída pela ambição.
Roberto revela: Amilton só virou deputado e presidente da Câmara graças ao “grupo dos vagabundos”
Na gravação, Roberto Naves recorda — com precisão cirúrgica — quem realmente construiu a carreira política de Amilton Filho:
- Foi eleito deputado estadual pela primeira vez com o esforço do grupo que agora chama de “vagabundos”
- Foi eleito presidente da Câmara Municipal com apoio direto do então prefeito
- Recebeu, segundo o ex-prefeito, estrutura, articulação e espaço político que não teria conquistado sozinho
A fala de Roberto deixa claro o que estava apenas implícito:
Amilton Filho cresceu politicamente dentro de um sistema que agora renega diante do público.
A bomba mais séria: a acusação de aparelhamento familiar na máquina pública
O ponto mais delicado da fala do ex-prefeito — e que transforma a crise em denúncia política grave — é a exposição da suposta acomodação de parentes do deputado dentro da administração pública.
Segundo Roberto:
- A mãe de Amilton foi colocada na gestão
- A madrasta ocupou função
- O marido da atual presidente da Câmara, Andréia Rezende (Avante) — que é irmã do deputado — também foi acomodado
A denúncia articula o que pode configurar:
- Nepotismo direto e indireto
- Uso da máquina municipal para fins eleitorais
- Rede de proteção familiar mantida com recursos públicos
São acusações graves, porque fazem referência a um comportamento recorrente na política local:
a utilização da estrutura pública como balcão de acomodação para garantir fidelidade e perpetuação de poder.
O rompimento revela algo maior: um projeto político que implode por dentro
A troca de acusações não é apenas um desentendimento moral. Ela escancara:
- Uma disputa interna por protagonismo
- A insatisfação de quem se sentiu “maior que o grupo”
- A deslealdade de quem cresceu politicamente e agora tenta se desvincular da base que o criou
- O medo de perda de controle sobre o grupo político de Anápolis
Em outras palavras:
Roberto Naves e Amilton Filho travam uma guerra pela narrativa e pelo futuro do poder na cidade.
A pergunta que ecoa após o vídeo: quem realmente tem medo de quem?
Quando Roberto detalha, nome por nome, os familiares e aliados de Amilton inseridos na administração municipal, ele faz mais do que responder uma ofensa. Ele atinge o coração do discurso moralista do deputado, que agora precisará explicar:
- Se havia ou não favorecimento pessoal
- Se usou sua influência para acomodar parentes
- Por que atacou publicamente o mesmo grupo que o elevou ao poder
A fala do ex-prefeito desmonta a imagem de integridade que o deputado tenta construir e o coloca no centro de uma disputa que pode comprometer seu capital político para 2026.
Conclusão opinativa — estilo Blog do Cleuber Carlos
O racha entre Roberto Naves e Amilton Filho não é apenas uma briga entre aliados.
É a revelação de um modelo de gestão política baseado em troca de favores, dependência estrutural e vínculos familiares escondidos atrás da liturgia do cargo.
O que implodiu em Anápolis não foi uma aliança — foi um pacto de conveniência.
E quando o sistema que sustenta um grupo se rompe, sobra apenas a verdade crua:
👉 não existem vagabundos, existem revelações inconvenientes.
👉 não existe moralidade, existe medo de perder o controle.
👉 não existe ingratidão que fique oculta quando o poder muda de mãos.
A guerra está aberta.
E, como sempre ocorre na política goiana, não vence quem fala mais alto — vence quem tem menos a esconder.

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