quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

João Luiz de Castro e a PRIME: o Plano B que, na verdade, tem vários Planos A

Em uma investigação que expõe o funcionamento interno do maior cartel de gestão de frotas do país, surge um nome que até agora permanecia discreto nos bastidores: João Luiz de Castro, advogado e operador jurídico que controla a PRIME Consultoria, empresa criada para exercer o papel mais estratégico e menos visível dentro do esquema.

Enquanto FitCard, LINK e NEO aparecem na linha de frente, João Luiz e sua PRIME cumprem a função que garante a sobrevivência da engrenagem quando algo dá errado:
a retaguarda jurídica e operacional do cartel — o Plano B.


A PRIME como “plano B”: a peça que impede o colapso do cartel

Dentro da estrutura que controla cerca de 60% do mercado nacional de gestão de frotas, movimentando aproximadamente R$ 500 milhões por mês, a PRIME não atua como protagonista nas licitações.

Ela é muito mais valiosa do que isso.

✔ A PRIME entra quando outra empresa do cartel cai

Se a FitCard sofre contestação, se a LINK é denunciada, se a NEO enfrenta sanções, a PRIME assume contratos, substitui empresas, ocupa o espaço e mantém o fluxo financeiro ativo.

✔ A PRIME funciona como fachada jurídica

Como é comandada por um advogado, João Luiz de Castro, ela é usada para:
absorver riscos,
redirecionar contratos,
proteger o núcleo central do esquema,
recompor perdas quando ocorre alguma exposição,
oferecer aparência de renovação e “empresa limpa”.

✔ É a empresa que nunca pode cair, porque é o amortecedor de impacto

Se o cartel fosse um prédio ilegal, a PRIME seria a fundação reforçada para evitar o desabamento.


O “seguro de vida” do cartel

A PRIME foi estruturada para garantir:
continuidade contratual,
proteção jurídica,
substituição imediata,
rotatividade de fachada entre empresas do mesmo grupo,
manutenção da estrutura de arrecadação clandestina,
e blindagem do comando real.

Essa função estratégica só existe porque o cartel opera como uma organização empresarial fechada, em que cada empresa exerce uma função específica dentro de um sistema planejado.
Para entender o papel real da PRIME dentro do cartel que domina o mercado de gerenciamento de frotas no Brasil, é preciso abandonar a lógica tradicional de competição empresarial.

A PRIME não é apenas uma empresa sancionada que atua quando as outras caem.


Ela é — como descreveu um experiente observador do setor — um plano B que possui vários planos A esperando na sombra.

E a parábola que melhor explica esse funcionamento é simples e devastadora:

**Se o Estado proíbe a PRIME de andar de carro, tudo bem — ela não anda de carro.


A administração pública, então, passa a usar ônibus.
Mas existe um detalhe que ninguém percebe:

os ônibus também são da PRIME.

Ou seja: ela sai pela porta da frente, mas volta pela porta lateral.**

Essa imagem revela o coração do esquema.

A PRIME nunca desaparece.

Ela apenas muda de veículo.

Quando não pode participar da licitação como PRIME, ela aparece como:

LINK, 
FitCard, 
NEO, 
GEFRON, 
ou outros braços operacionais criados justamente para manter o fluxo de dinheiro sempre dentro do mesmo grupo econômico. 

Não existe licitação “sem PRIME”.

Existe apenas licitação em que a PRIME está disfarçada.

O operador desse mecanismo: João Luiz de Castro


No centro dessa engrenagem está João Luiz de Castro, o estrategista jurídico e administrativo que transforma a PRIME no “plano B que nunca deixa de ser plano A”.

João Luiz não é o rosto público do cartel — ele é o arquiteto da continuidade.

Sua função não é disputar mercado, e sim garantir que:

quando um CNPJ cai, outro está pronto; 
quando uma empresa é sancionada, uma substituta assume o papel; 
quando o grupo é impedido de atuar, suas ramificações secundárias entram em ação; 
quando o governo “tira o carro”, o cartel oferece um “ônibus” — que continua sendo controlado pelos mesmos operadores. 


João Luiz é, na prática, o maestro da transição silenciosa, o homem responsável por garantir que nenhuma porta fechada impeça o cartel de entrar por outra.

É ele quem sustenta a engenharia paralela que impede que o sistema morra quando uma empresa sofre punição.

Por isso, mesmo sancionada em Goiás, a PRIME não perde presença de mercado — ela apenas transfere sua atuação para seus outros braços, acionados sob a coordenação de João Luiz.


Por que isso importa: um cartel que nunca sai do jogo

A parábola do carro e do ônibus demonstra o que os documentos revelam:

não existe saída, não existe interrupção, não existe ruptura.

O cartel opera como um organismo adaptável:

se um braço é cortado, outro cresce no lugar; 
se uma empresa cai, outra assume; 
se uma frente é exposta, uma retaguarda entra em campo. 

É exatamente essa plasticidade que torna o esquema tão resistente às punições e tão lucrativo.

E quem garante que a metamorfose nunca para?
João Luiz de Castro.


O resultado prático: 500 milhões por mês e 70% do mercado sob controle
Com essa arquitetura de permanência absoluta, o cartel:

controla 60% a 70% do mercado nacional, 
movimenta cerca de R$ 500 milhões por mês, 
mantém contratos públicos mesmo quando alguma empresa é sancionada, 
e cria um ambiente em que nenhuma prefeitura consegue contratar fora do ecossistema do grupo, ainda que não perceba. 

A PRIME não domina o cartel,

mas garante que ele nunca morra.

Ela é o seguro de vida do esquema.

O operador reserva que, na prática, joga como titular.

A metáfora é perfeita:

quando você acha que saiu da PRIME, você apenas entrou em outra empresa que também pertence a ela.

A pergunta é inevitável:

Quantas prefeituras brasileiras já contrataram o “plano B” do cartel acreditando estar escolhendo uma alternativa confiável?

E, pior:

Quantas ainda vão contratar sem saber que estão colocando o dinheiro público nas mãos da reserva estratégica do maior cartel de gestão de frotas do país?

A investigação continua.

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