terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Quando a Justiça Erra: Raposa é Nomeada para Cuidar do Galinheiro da Saúde em Nerópolis

 


O Hospital Interditado e o Diretor Sob Suspeita: Nerópolis Merece Respostas, Não Improvisos.

O prefeito de Nerópolis e a Justiça podem até tentar explicar — mas a população não esquece o passado de quem agora assume a direção técnica do hospital.

Quando um hospital entra em intervenção judicial, espera-se que o Estado coloque a casa em ordem.

O mínimo esperado é gestão técnica, segurança institucional e rigor absoluto na escolha dos responsáveis.

Mas não foi isso o que aconteceu no Hospital Sagrado Coração de Jesus, em Nerópolis.

A nomeação do médico Carlos Henrique Duarte Bahia para comandar a direção técnica durante a intervenção caiu como uma bomba entre servidores, pacientes e moradores.

E há motivo — motivo grave, documentado e histórico.


O passado que volta como fantasma

Carlos Henrique não é um nome novo no noticiário policial.

2016: a prisão

Ele foi preso numa operação do Ministério Público que investigava fraudes no encaminhamento de pacientes para UTIs quando atuava como diretor do SAMU em Goiânia.

A prisão virou manchete nacional. O afastamento foi imediato.

E as investigações revelaram indícios preocupantes de direcionamentos e irregularidades.

2018: o retorno ao noticiário — agora por superfaturamento

Dois anos depois, o médico voltou ao centro de uma nova controvérsia:

manutenções superfaturadas de ambulâncias do SAMU.

Relatórios da Câmara Municipal e de uma CEI mostraram:

  • Ambulância sucateada recebendo R$ 64 mil em reparos e sendo descartada logo depois.
  • Outra unidade que já havia consumido R$ 89 mil e ainda precisava de mais R$ 50 mil para finalizar os reparos.
  • Veículos com manutenção mais cara que seu próprio valor de mercado.

Questionado, Carlos Henrique disse à CEI que “não entende de mecânica” e negou responsabilidade.

Mas o fato é simples:

tudo isso aconteceu sob a gestão dele.


E agora, ele volta — justamente — para dirigir um hospital sob intervenção judicial

O hospital de Nerópolis está sob intervenção determinada pela juíza Roberta Wolp Gonçalves, que colocou o administrador judicial Stenius Lacerda Bastos à frente da unidade.

E Bastos decidiu nomear Carlos Henrique.

Uma escolha que levanta perguntas inevitáveis:

  • Como um hospital sob intervenção recebe como diretor alguém que já foi preso por irregularidades na saúde?
  • Quem avaliou o histórico desse profissional antes da nomeação?
  • Por que assumir esse risco institucional?
  • Quem se responsabiliza se acontecer novo escândalo?

A decisão, que deveria trazer estabilidade e segurança, trouxe exatamente o contrário:

desconfiança, receio e indignação.


Transparência é obrigação — silêncio é cumplicidade

Moradores, servidores e funcionários se perguntam:

“Como confiar a saúde da cidade a alguém com esse passado?”

Até agora, não há esclarecimentos públicos convincentes da administração judicial ou da própria Justiça.

Um hospital sob intervenção não pode ser laboratório político, nem campo de testes para figuras marcadas por escândalos.

A saúde de Nerópolis — já fragilizada — não merece improvisos, muito menos decisões que parecem ignorar o histórico de quem agora assume o comando técnico.


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