A CEI Que Morreu Pelas Próprias Mãos: Denise Alves Nunca Foi Inocentada — A Verdade Que Cachoeira Alta Precisa Encarar
Em Cachoeira Alta, a política aprendeu uma lição amarga: investigação mal feita é o maior presente que um gestor acusado de irregularidades pode receber.
E foi exatamente isso que aconteceu com a Comissão Especial de Inquérito (CEI) aberta para apurar graves suspeitas envolvendo a gestão da Secretária Municipal de Saúde, Denise Alves da Costa Souza.
A CEI não caiu porque Denise era inocente.
Caiu porque quem deveria investigar errou — e errou feio.
O caso revela uma combinação tóxica de amadorismo legislativo, atropelo de regras básicas, violação do direito de defesa e manipulação processual. Uma soma de falhas tão grotesca que o Judiciário teve que intervir para salvar o mínimo de legalidade.
E o resultado dessa sucessão de equívocos?
A verdade não veio à tona.
Os fatos não foram apurados.
E a população não recebeu as respostas que merece.
A CEI não absolveu Denise — ela apenas implodiu sob o peso da própria incompetência
A decisão judicial é clara e direta:
houve cerceamento absoluto de defesa,
violação do devido processo legal,
negativa ilegal de acesso aos autos,
oitivas marcadas sem intimação,
prazo vencido,
substituição irregular de membros,
falta de deliberação formal,
ausência de leitura do requerimento em plenário,
e composição irregular da comissão.
Em termos simples:
A CEI foi tão mal conduzida que não resistiria a um vestibular básico de Direito Administrativo.
E isso diz muito sobre a gravidade do que se tentou evitar.
O que a cidade precisa saber: Denise nunca foi julgada. Nunca foi inocentada. Nunca foi investigada de verdade.
O arquivamento não enfrentou os fatos.
Não analisou provas.
Não produziu relatório final.
Não comparou versões.
Não responsabilizou nem absolveu ninguém.
O juiz apenas declarou o óbvio:
uma CEI construída de forma ilegal não pode avançar.
O mérito — a substância, o coração das denúncias — nunca foi apreciado.
E é isso que precisa ser recolocado imediatamente sob os holofotes.
Os fatos graves que motivaram a abertura da CEI e que continuam sem resposta
A CEI foi aberta por um motivo simples: a gestão da saúde de Cachoeira Alta havia chegado ao limite da desorganização.
Eis os pontos que motivaram o pedido — fatos que permanecem intactos, sem qualquer esclarecimento oficial:
1. Denúncias de irregularidades na gestão do Fundo Municipal de Saúde (FMS)
Denise acumulava três papéis:
- Secretária de Saúde
- Gestora do Fundo Municipal de Saúde
- Ordenadora de despesas
Toda a execução financeira da saúde passava por ela.
Vereadores apontaram:
- compras sem transparência,
- empresas vencendo contratos de forma suspeita,
- credenciamentos duvidosos,
- ausência de controle sobre a prestação de serviços,
- e gastos que a própria Câmara considerou incompatíveis com a realidade
2. Omissão administrativa e colapso de serviços essenciais
A saúde municipal mergulhou em:
- falta de insumos básicos,
- equipes incompletas,
- ambulâncias paradas,
- reclamações constantes nas unidades,
- filas intermináveis e pacientes desassistidos.
Esse caos levou ao pedido da CEI.
3. Contratações e dispensas assinadas com possíveis ilegalidades
A própria publicação oficial mostra:
- dispensas de licitação sucessivas,
- contratações emergenciais recorrentes,
- ausência de competição real,
- concessão de diárias em série,
- credenciamentos mal instruídos.
Nada disso foi analisado.L
4. Possível conflito de interesses e suspeitas de blindagem política
Documentos do TRE indicam que Denise é cunhada do prefeito.
O parentesco levantou suspeitas sobre:
- favorecimento,
- proteção institucional,
- interferências no processo,
- e blindagem na condução da secretaria.
Era mais um ponto para investigação — e outro que não foi sequer tocado.
5. A saúde pública virou palco de crise, e a CEI era a única promessa de respostas
A comissão nasceu justamente porque a população estava cansada de promessas e omissões.
Só que, por incompetência, ela não entregou nada.
E pior: ela impediu que a verdade fosse revelada.
Quem ganha com um processo sabotado? Quem perde?
Ganha quem é investigado — afinal, não houve mérito, não houve julgamento, não houve análise dos fatos.
Perde a população.
Perde a transparência.
Perde a democracia local.
E perde a saúde pública, que permanece sem explicações e sem correções.
A pergunta que Cachoeira Alta precisa fazer agora
Diante de tudo que veio à tona, a cidade tem o direito — e o dever — de perguntar:
Por que a CEI errou tanto? Foi incapacidade… ou conveniência?
E mais:
Quem tinha interesse em impedir que a investigação chegasse às suas conclusões?
O que precisa acontecer agora
A única forma de reparar o estrago é:
- reabrir o debate,
- retomar os fatos,
- exigir apuração completa,
- garantir rito legal e contraditório,
- e colocar de volta na mesa tudo aquilo que a CEI tentou jogar para debaixo do tapete.
Cachoeira Alta não pode aceitar como “absolvição” aquilo que foi, na prática, um colapso processual anunciado.
Opinião
A morte dessa CEI não limpa nenhum nome.
O que ela limpa — isso sim — é o caminho para que irregularidades continuem sem resposta.
E, ao permitir que uma suspeita tão séria desapareça por erros grotescos, a Câmara Municipal entregou à sociedade uma mensagem perigosa:
“Se não conseguimos investigar direito, melhor que nada seja investigado.”
A democracia não pode funcionar assim.
A saúde pública não pode funcionar assim.
Cachoeira Alta não pode funcionar assim.
A cidade precisa — urgentemente — retomar essa discussão.
E desta vez, sem erro, sem manobra e sem medo.
O Blog do Cleuber Carlos recebeu todos os documentos que seriam objetos de investigação da CEI e vai fundo nesta história.

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