quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

A Quem Interessa a Privatização da Comurg? O Silêncio de Sandro Mabel Diz Muito Mais do que Suas Palavras

A decisão do prefeito Sandro Mabel de vender 49% das ações da Comurg não é apenas uma mudança administrativa. Não é uma reforma gerencial. E definitivamente não é uma resposta técnica a uma empresa “desarrumada há 40 anos”, como repete o prefeito.

O que está em curso é algo maior, mais profundo e muito menos explicado:

❗ um movimento político e econômico cercado de interesses privados, opacidade e perguntas que o prefeito evita responder.

E quando a prefeitura evita responder, cabe ao jornalismo perguntar.

O discurso oficial não bate com a realidade

Mabel fala em modernização.

Fala em eficiência.

Fala em reestruturação.

Mas, quando pressionado, não apresenta:

  • estudo técnico justificando a venda de ações;
  • projeção financeira do impacto da privatização parcial;
  • parâmetros de governança para entrada de sócios privados;
  • lista de empresas interessadas;
  • relatório de due diligence;
  • audiência pública efetiva.

Em vez disso, apresenta apenas a frase:

“A decisão já foi tomada.”

Decisão tomada por quem?

Baseada em quê?

Com participação de quem?


O ponto que ninguém no Paço quer discutir: Mabel e a “máfia do lixo”

Goiânia conhece — e muito bem — a existência de um sistema de poder, empresas e influências que há décadas orbitam o setor de limpeza urbana, coleta, varrição, transbordo e aterro.

Chamam de “máfia do lixo” porque ela funciona exatamente como uma máfia:

  • domina licitações,
  • influencia governos,
  • pressiona prefeitos,
  • infiltra-se na política,
  • e busca contratos bilionários.

Sandro Mabel nunca esteve distante desse universo.

Ao longo da sua trajetória empresarial e política, manteve relações, diálogos e proximidade com grupos privados do setor de limpeza e de terceirização de serviços urbanos — empresas que, historicamente, disputam contratos com prefeituras em Goiás e fora dele.

Essa relação, agora, precisa ser trazida à luz.

Perguntas que Mabel não responde (e que a cidade tem o direito de saber)

1. Quais empresas já manifestaram interesse em comprar parte da Comurg?

Até agora, silêncio absoluto.

2. Quem são os empresários, grupos ou fundos que se reuniram com Mabel para tratar do assunto?

Fontes apontam encontros reservados com representantes do setor — não divulgados à imprensa.

3. Houve sondagens prévias com companhias de limpeza urbana, gestão de resíduos ou terceirização?

Se houve, por que não foram publicadas?

4. Por que a prefeitura não apresentou alternativas menos radicais, como financiamento via BNDES, defendido pela vereadora Kátia Maria?

Por que partir direto para a venda?

5. Quem ganha com a entrada de acionistas privados na Comurg?

E quem perde?

A resposta que Mabel precisa dar não é técnica.

É política.

É ética.

Comurg: patrimônio público ou moeda de troca?

O prefeito afirma que o município manterá o “controle majoritário”.

Mas quem conhece o funcionamento das parcerias público-privadas sabe: não é o número de ações que determina o poder — é o comando da operação.

Vender 49% significa:

  • dividir decisões,
  • abrir portas para a terceirização ampla,
  • permitir influência direta de empresários na operação urbana,
  • e comprometer a autonomia da empresa pública.

A pergunta é inevitável:

👉 Estamos entregando parte da Comurg para melhorar a cidade ou para atender interesses privados que sempre quiseram esse filão?

O receio dos trabalhadores é mais real do que nunca

Sindicatos e servidores alertam:

  • precarização,
  • perda de direitos,
  • substituição por mão de obra terceirizada,
  • rebaixamento salarial,
  • ameaça à estabilidade.

Essas preocupações não aparecem por acaso.

A história de privatizações de serviços de limpeza urbana no país mostra exatamente esse roteiro.

E em Goiânia isso seria diferente… por quê?

Porque Mabel prometeu?

Governos passam, contratos permanecem.

E quem ganha com esses contratos sempre foi o mesmo grupo seleto — justamente aquele que hoje observa silenciosamente a movimentação de Mabel.

O editorial que precisa ser dito

A modernização da Comurg é necessária.

A cidade sabe.

Os trabalhadores sabem.

A Câmara sabe.

Mas modernização não é vender metade da empresa.

Modernização não é entregar fatia estratégica a sócios desconhecidos.

Modernização não é escancarar as portas para grupos que historicamente rondam a máquina pública de Goiânia.

O que está em curso não é uma política pública.

É uma negociação de bastidores, sem transparência e sem explicação.

E até que Sandro Mabel responda às perguntas que se recusa a responder, continuará pairando no ar a suspeita legítima:

❗ A quem, de fato, interessa a privatização da Comurg?

Ao povo de Goiânia — ou à máfia do lixo?

O Blog do Cleuber Carlos seguirá perguntando.

E Goiânia tem o direito de saber.


Nenhum comentário: