A crise na saúde de Morrinhos já não é mais um problema administrativo — é um colapso político que o prefeito tenta esconder com improviso, contradição e manobras que beiram o desespero.
A gestão da saúde pública de Morrinhos, que já vinha cambaleando após a intervenção do Ministério Público, entrou numa espiral ainda mais profunda de desorganização e decisões improvisadas. O que parecia ser apenas um ajuste administrativo revelou-se um tabuleiro oculto de influência direta, nomeações de fachada, projetos sem sustentação técnica e uma tensão crescente entre o prefeito e o MP.
No centro de tudo está a tentativa do prefeito de controlar a pasta da Saúde por baixo dos panos, mesmo depois de afirmar ao Ministério Público que ele próprio assumiria a secretaria — promessa que, ao que tudo indica, não resistiu às primeiras 24 horas.
A secretária “de fachada”: quando a promessa vira encenação
A nova nomeação para a Secretaria de Saúde não passa, segundo relatos internos, de uma fachada mal montada. A pessoa escolhida para assumir a pasta teria sido colocada ali apenas para “cumprir tabela”, enquanto o comando real continuaria nas mãos do próprio prefeito.
A situação se agravou quando a nova gestora, pressionada por servidores e pelo próprio peso da responsabilidade, não aceitou o papel de laranja — e já teria sinalizado que pretende entregar o cargo. Isso expõe o dilema da gestão: sem nome técnico, sem comando real e sem coragem para assumir publicamente quem manda na saúde.
O prefeito dando ordens na Saúde, comprando brigas e acumulando desgaste
Relatos apontam que o prefeito circula pela Secretaria de Saúde dando ordens diretas, alterando rotinas e atropelando organogramas internos. Essa interferência gerou atritos com profissionais que poderiam ajudar a reorganizar o setor, mas que se sentiram desrespeitados ou descartados.
É um sinal claro de que o prefeito tenta exercer controle total, mas sem estrutura, sem apoio técnico e sem articulação com quem realmente entende da área.
Fracasso na apresentação da nova UTI: o Conselho de Saúde rejeita a proposta
Em um dos episódios mais simbólicos dessa crise, a equipe da nova gestora apresentou ao Conselho Municipal de Saúde a proposta técnica da nova UTI. O resultado foi um constrangimento público:
- A responsável não soube explicar a fisiologia da unidade;
- Não respondeu perguntas básicas;
- O Conselho rejeitou a proposta.
Um projeto dessa magnitude ser conduzido sem preparo técnico demonstra que a nomeação tem mais a ver com conveniência política do que com competência.
A volta de Naryma: o plano que quase virou debandada no MP
Outro detalhe revelador: até poucos dias atrás, o prefeito cogitava reconduzir Naryma, a gestora anterior afastada.
A proposta só não foi adiante porque, após retornar ao Ministério Público, o prefeito teria levado uma orientação dura do promotor — e recuou imediatamente.
Essa oscilação mostra o grau de improviso: decisões tomadas no impulso, desfeitas horas depois, sem planejamento, sem estratégia e sempre sob a sombra do MP.
A bomba programada: o escândalo das insulinas
Se a crise atual já parece grande, servidores garantem que ainda há uma tempestade por vir: o escândalo das insulinas, que sequer chegou ao conhecimento público.
A fala é direta:
“Quando isso vier à tona, será difícil para ele.Não se sabe ainda qual é o teor completo do caso — mas é certo que envolve compras, distribuição e responsabilidade administrativa. E, pelo tom das fontes, o impacto será bem maior do que o já exposto sobre a Secretaria.
Opinião — O colapso anunciado
O prefeito de Morrinhos vive hoje o maior desgaste político de sua gestão, e não é por falta de aviso. Tudo o que está acontecendo é fruto de um padrão que se repete:
- decisões improvisadas,
- ausência de planejamento,
- desrespeito aos órgãos de controle,
- nomeações políticas sem preparo técnico,
- e a crença de que a gestão da saúde é palco para manobras eleitorais.
Quando um prefeito promete ao MP que ele próprio assumirá uma pasta — e no dia seguinte instala uma secretária decorativa — não estamos diante de um erro administrativo, mas de uma tentativa de enganar um órgão de controle, algo gravíssimo para qualquer gestor público.
O escândalo das insulinas, ainda mantido em silêncio, pode ser o golpe final num governo que já cambaleia dentro da própria sombra.
Se a saúde de Morrinhos está assim, não é por falta de dinheiro. É por falta de comando, transparência e verdade.
E, na política, quando a verdade falta, o caos sobra.

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