Rede societária dispersa, contratos públicos opacos e suspeitas de rombo financeiro de R$ 20 milhões colocam empresário no centro de um sistema que pode repetir, em escala regional, o colapso silencioso que devastou o Banco Master.
Um nome, muitas empresas — e um ponto cego regulatório perigoso
A discussão sobre transparência no setor de fintechs e o uso de verbas públicas ganha contornos preocupantes quando o foco recai sobre Fábio Corrêa Martins, figura central da CIABRA Pagamentos S/A, empresa que opera convênios com prefeituras, sistemas de saúde e serviços essenciais de arrecadação municipal.
A análise de registros públicos revela um ecossistema societário pulverizado, composto por empresas em Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo, atuando em áreas que vão desde tecnologia, sistemas de pagamento e gestão eletrônica até… obras de alvenaria e aluguel de equipamentos recreativos.
Diversificação empresarial? Possivelmente.
Estratégia de dissimulação? Neste momento, é o que precisa ser investigado.
Porque o que é legalmente possível, em contexto de suspeitas financeiras e contratos públicos, exige escrutínio — especialmente quando envolve dinheiro dos contribuintes.
O Centro da Teia: Quem é, afinal, Fábio Corrêa Martins?
Martins não é apenas sócio da CIABRA. Ele aparece como titular ou ex-titular de pelo menos uma dezena de empresas, incluindo:
- CIABRA Pagamentos S/A (CNPJ 38.709.323/0001-21)Suspeita de rombo de R$ 20 milhões e de alterações societárias para remover nomes e blindar responsabilidades.
- FR Pagamentos e Adm. de Meios Eletrônicos Ltda.Empresa do mesmo setor da CIABRA — possível sobreposição operacional.
- INVENTAE SistemasAtuação em TI, reforçando o indício de uma “rede tecnológica” paralela.
- Empresa Individual no RS (CNPJ 14.921.330/0001-24)Localizada em São Francisco de Assis, ativa, com CNAEs que nada se relacionam ao setor financeiro.
- Outras empresas com atividades díspares — de alvenaria ao aluguel de equipamentos esportivos — espalhadas em ES, GO, MS, RJ e RS.
Esse mosaico empresarial não é crime, mas quando associado a suspeitas de ocultação societária, contratos com o poder público e denúncias na saúde, passa a ser objeto de interesse urgente do Ministério Público e do Banco Central.
O Elo com Conrado Diedam — e a aproximação perigosa com a saúde pública
A parceria entre Fábio Corrêa Martins e Conrado Diedam dentro da CIABRA se tornou epicentro das denúncias que pipocam em Goiás.
Conrado, por sua vez, viu sua esposa ser afastada recentemente da Secretaria Municipal de Saúde de Morrinhos em um episódio que escancarou tensões políticas e suspeitas de contratos irregulares.
No meio desse tabuleiro:
- CIABRA operando boletos municipais;
- Prefeituras firmando convênios de arrecadação;
- Organizações Sociais (OS), hospitais filantrópicos e fundações movimentando milhões;
Tudo isso sob a sombra de possível ingerência política, com ganhos privados e prejuízos públicos.
A engrenagem é sofisticada.
E lucrativa.
E silenciosa.
O paralelo inevitável com o Banco Master
A crise do Banco Master, que culminou em liquidação extrajudicial após o rombo de R$ 12,2 bilhões, é mais do que um alerta: é um espelho.
A comparação é incômoda — mas necessária.
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Característica |
Banco Master |
CIABRA (denúncias) |
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Tipo de irregularidade |
Fraude bilionária, ativos inexistentes |
Rombo de R$ 20 milhões e suspeita de manipulação societária |
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Ocultação |
Tentativa de fusão para mascarar buraco |
Suspeita de retirada de sócios do registro |
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Relações políticas |
Forte articulação com altas autoridades |
Elo com deputados, OS de saúde e prefeituras |
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Falha de fiscalização |
BC ignorou sinais por anos |
Ausência de auditorias regulares sobre a fintech |
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Consequência |
Colapso e prejuízo ao sistema financeiro |
Ainda em fase de denúncia — mas com sinais vermelho-escuros |
As semelhanças estruturais são perturbadoras:
- ativos obscuros;
- transações opacas;
- conexões políticas decisivas;
- mudança societária repentina;
- operações sobre as quais o público nunca teve clareza.
Se o Banco Master é a lembrança amarga de uma omissão, a CIABRA pode ser o prenúncio de uma repetição.
Onde há dinheiro público, o escrutínio deve ser absoluto
Parte do faturamento da CIABRA vem justamente de:
- boletos bancários emitidos para prefeituras;
- taxas municipais;
- convênios com o setor público.
Ou seja:
onde a fintech lucra, o contribuinte paga.
Os contratos com municípios, por sua vez, são pouco transparentes, pouco auditados e, em alguns casos, politicamente conduzidos.
O risco não é teórico. É real.
A hora de agir é agora — antes que o prejuízo se materialize
Diante dos indícios, o caminho institucional é claro:
1. Ministério Público de Goiás (MP-GO)
Abrir inquérito civil e criminal para investigar fraudes, lavagem de dinheiro, ocultação societária e uso indevido de recursos públicos.
2. Banco Central do Brasil (BCB)
Auditar todas as operações da CIABRA, inclusive transações internas e relações societárias, com a mesma firmeza que faltou no caso Master.
3. Polícia Federal (PF)
Apurar possível organização criminosa interestadual, dada a multiplicidade de empresas em vários estados e indícios de circulação de recursos públicos.
A história mostrou o custo da omissão.
O Brasil não pode permitir que outro escândalo financeiro se forme debaixo do nariz das autoridades.
E em Goiás, onde a saúde pública e os cofres municipais já sofrem com gestões controversas, transparência não é opção — é obrigação.
Opinião Final — A linha que separa inovação de fraude é a transparência
O setor de fintechs, quando sério, revoluciona o mercado.
Mas, quando mal regulado, vira terreno fértil para práticas nebulosas.
No caso da CIABRA, a teia societária, as denúncias de rombo, a conexão com políticos e OS de saúde e a falta de transparência são sinais claros de que o modelo precisa ser investigado antes que se torne irreversível.
Se o Banco Master ensinou algo, é que o problema não nasce gigante — ele cresce porque ninguém quis ver.
Goiás não pode repetir esse erro!

Um comentário:
Alguém leva a serio um "jornalista" desse nível?
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