quinta-feira, 10 de abril de 2025

EXCLUSIVO | Grupo Criminoso Usa Documentos Falsos e Intimidação Para Tomar Imóveis em Alagoas

 

Por Cleuber Carlos – Blog Cleuber Carlos

Marechal Deodoro – AL | 10 de abril de 2025

Um grupo criminoso estruturado, com atuação em várias cidades de Alagoas, está sendo investigado por fraudes envolvendo a falsificação de documentos públicos e uso de força policial para intimidar moradores em disputas por imóveis. A denúncia, inicialmente revelada por este blog no mês passado, acaba de ganhar novos desdobramentos com a abertura de uma investigação oficial pela Secretaria de Segurança Pública do Estado.

Segundo apurações feitas por nossa reportagem, o grupo é liderado por empresários com fortes vínculos políticos e atua há anos fraudando escrituras, registros de imóveis e outros documentos cartoriais, com o objetivo de se apropriar indevidamente de propriedades — muitas delas habitadas por famílias de baixa renda ou localizadas em áreas valorizadas do litoral alagoano.

Mas o que mais preocupa é a ligação direta do esquema com agentes da própria segurança pública. Policiais civis, supostamente agindo fora dos protocolos legais, estariam atuando como verdadeiros milicianos a serviço dos interesses do grupo criminoso. Esses agentes seriam utilizados para intimidar, ameaçar e até retirar à força os moradores que resistem à perda de suas casas.

Nome de empresário de Maceió aparece nas denúncias

Nos bastidores do caso, surgem nomes que podem ser peças-chave no quebra-cabeça. Um dos citados pelas vítimas é Gustavo Malta, empresário de Maceió. De acordo com relatos de moradores e mensagens obtidas pelo blog, Gustavo seria o suposto “novo dono” de um dos terrenos tomados em Marechal Deodoro. Ele teria contratado diretamente os policiais civis que executaram a reintegração forçada — policiais que, segundo denúncias, já estariam a serviço particular do empresário.

“Quando falaram lá no terreno que o dono era um tal de Malta, desconfiei de um tal de Gustavo Malta. E é realmente ele quem está por cima de tudo. Contratou os policiais etc. Na verdade, esses policiais civis já trabalham para ele”, afirmou uma fonte local, em mensagem enviada ao blog.

Ex-tabelião expulso de cartório após registro suspeito

Outro nome que surgiu nas apurações foi o do ex-tabelião Vitor Sarmento, que atuava no cartório de Matriz de Camaragibe. Segundo relatos de moradores, foi ele quem registrou um dos documentos usados para legitimar a posse de um imóvel envolvido no esquema. Poucos meses após esse registro, Sarmento teria sido expulso do cartório por desaparecer com documentos públicos.

“O registro foi feito em setembro, e ele foi expulso do cartório em dezembro. Depois disso, ninguém mais conseguiu saber onde estão os papéis originais. Sumiram”, relatou uma moradora sob anonimato.

O caso levanta suspeitas sobre a participação ou conivência de agentes do sistema cartorial em fraudes documentais. Até o momento, o cartório de Matriz de Camaragibe não se pronunciou oficialmente.

Mídia local também é usada para legitimar fraudes, aponta denúncia

O Blog do Cleuber Carlos apurou ainda que a página oficial da Rádio Jovem Pan Alagoas, no Instagram, tem sido utilizada para publicar matérias de interesse direto do empresário Gustavo Malta, atualmente citado nas investigações sobre grilagem e uso indevido de policiais civis.

De acordo com relatos e prints recebidos por nossa redação, a página da rádio vem divulgando conteúdos com o objetivo de conferir uma aparência de legalidade a documentos e ações que estão sob investigação por falsificação e coação. Essas publicações — que se apresentam como notícias — estariam servindo para apoiar juridicamente ações de reintegração e pressionar a opinião pública contra os verdadeiros proprietários ou ocupantes dos imóveis.

“A Jovem Pan Alagoas passou a publicar, sem qualquer checagem, versões de um dos lados interessados — justamente o lado investigado. Quando questionei nos comentários sobre a veracidade dos documentos, fui bloqueado pela conta oficial da rádio, impedido de contestar publicamente as informações”, relata Cleuber Carlos, autor desta reportagem.

A tentativa de silenciar vozes críticas nas redes sociais levanta questionamentos sobre a independência editorial da emissora em suas operações locais. A direção nacional da Jovem Pan, até o momento, não se pronunciou sobre o caso.

Investigação oficial em andamento

Após a publicação da matéria investigativa no dia 18 de março, que detalhou a atuação de policiais civis em ações de despejo forçado em Marechal Deodoro, o caso chegou ao conhecimento da Secretaria de Segurança Pública do Estado de Alagoas.

Em resposta oficial enviada ao blog, por meio do Ofício nº E:738/2025/SSP, o Secretário de Segurança Pública, Flávio Saraiva da Silva, confirmou a instauração da Investigação Preliminar nº 0074/2025-CPC R3, que visa apurar a conduta dos policiais envolvidos.

“A Polícia Civil de Alagoas, com o objetivo de apurar os fatos narrados, instaurou a investigação preliminar”, diz o ofício assinado pelo secretário.

O esquema

De acordo com fontes ouvidas sob condição de anonimato, o grupo opera de forma sofisticada: falsificadores produzem documentos que são inseridos em cartórios mediante corrupção de servidores. Uma vez de posse dos papéis "legais", entram com ações judiciais ou simplesmente usam da força para tomar posse dos imóveis.

Casos similares teriam sido registrados em Maceió, Marechal Deodoro, Barra de São Miguel e Santa Luzia do Norte. Em todos os episódios, há relatos de violência, coerção psicológica e uso indevido de aparato policial.

Ligações com a política

O envolvimento de empresários com influência política agrava o cenário. Há suspeitas de que esses agentes públicos e privados estejam se beneficiando da lentidão da Justiça e da omissão de alguns órgãos fiscalizadores. Até o momento, os nomes dos suspeitos não foram oficialmente divulgados, mas fontes ligadas à investigação apontam que as conexões políticas podem dificultar o avanço do caso.

O silêncio dos cartórios

Apesar das evidências de falsificação, os cartórios envolvidos ainda não se pronunciaram publicamente. Especialistas consultados pelo blog afirmam que, em muitos casos, os próprios cartórios podem ser vítimas de fraudes externas, mas também não se descarta a hipótese de conluio entre servidores cartorários e criminosos.

O que dizem as vítimas

Moradores que tiveram seus imóveis invadidos ou ameaçados pelo grupo relatam traumas psicológicos, prejuízos financeiros e medo constante.

“Eles chegaram com documentos que eu nunca vi na vida, dizendo que a casa era deles. Tinha policial junto, armado, e mandaram a gente sair. Meus filhos ficaram em pânico”, contou uma moradora da Praia do Francês, que pediu para não ser identificada.

PRAIA DO SACO 

 Recentemente, a Praia do Saco, localizada em Marechal Deodoro, Alagoas, tem sido palco de atividades ilícitas relacionadas à grilagem de terras e falsificação de documentos. Um dos casos notórios envolve uma casa de praia que teve uma escritura falsifica por uma quadrilha bem estruturada de grilagem de imóveis de luxo.

 

 A quadrilha falsificou uma escritura  em um cartório e "vendeu" o imóvel  para um empresário que contrata milicianos para expulsar os moradores ou caseiros para tomar posse dos imóveis. Este caso específico  foi parar na Secretária de Segurança Pública do Estado de Alagoas que determinou que as pessoas envolvidas na grilhagem de terras eos policiais civis sejam investigados.

Ex-assessor de Collor é apontado como peça-chave em novo esquema de grilagem em Alagoas



As investigações da Polícia Federal no âmbito da Operação Arremate revelaram envolvimento de figuras conhecidas do cenário político alagoano. O nome de Tarso de Lima Sarmento, ex-assessor do ex-senador Fernando Collor de Mello, voltou ao centro de uma polêmica, agora por sua suposta participação em um esquema de grilagem de imóveis no litoral alagoano.

Tarso, que já havia sido apontado como laranja de Collor em investigações anteriores, é acusado de envolvimento direto na falsificação de uma escritura pública relacionada a um imóvel localizado na Praia do saco, em Marechal Deodoro. O imóvel, cuja posse legítima é questionada por Gustavo Malta que está de posse de uma escritura Falsificada em Cartório, provavelmente com a participação de Tarso, foi vendido ao empresário Gustavo Malta, em uma transação repleta de irregularidades. Na verdade Tarso e Gustavo Malta são "sócios" na grilagem de imóveis em Alagoas. Tarso falsifica documentos e Gustavo Malta de posse destes documentos usa milicianos para expulsar os moradores e proprietários dos imóveis.


Há fortes indícios de que Malta tinha conhecimento da falsificação da escritura, mas mesmo assim efetuou a compra. O que agrava ainda mais a situação é a utilização de policiais civis ligados ao grupo para realizar ações de intimidação e expulsão de moradores locais, prática típica de milícias urbanas, com o objetivo de consolidar a posse dos imóveis grilados.

O uso da força policial para fins privados levanta sérias suspeitas de corrupção e abuso de autoridade, o que já motivou o Ministério Público a solicitar o afastamento de alguns agentes envolvidos.

Fontes próximas à investigação afirmam que esse é apenas um dos vários imóveis envolvidos no esquema, que pode ter movimentado cifras milionárias e contar com o apoio de servidores públicos e empresários locais.

CASA KONG


Gustavo Malta tem um instagram https://www.instagram.com/casakong_bsm/ que é para locação e venda de imóveis de luxo. A suspeita é que alguns destes imóveis, podem ter sido adquiridos, da mesma forma que Gustavo Malta está tentando se apropriar de uma Casa na praia do saco com uso de escritura falsa e ação de policiais milicianos.

A reportagem segue acompanhando o caso e trará atualizações exclusivas sobre os próximos desdobramentos da determinação do Secretário de Segurança Pública de Alagoas para investigar o grupo criminoso. Esta investigação pode ser o inicio do fim de uma quadrilha e expor as raízes profundas da grilagem de terras em Alagoas e os nomes influentes por trás do esquema.

O blog tentou contanto com Tarso e Gustavo para que eles se manifestassem sobre os fatos e ainda não obtivemos. O blog está a disposição para a versão de ambos.

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O blog seguirá acompanhando cada passo da investigação e continuará dando voz às vítimas e cobrando respostas das autoridades. Se você tem informações sobre este ou outros casos semelhantes, envie para nosso e-mail: blogcleubercarlos@gmail.com. O sigilo é garantido.

Cleuber Carlos – Jornalismo Independente a Serviço da Verdade.

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