sexta-feira, 29 de novembro de 2019

O Mistério do Gato na Chuva

Tinhamos uma gatinha pretinha, filhote, seis meses,  que desapareceu na primeira noite, após mudarmos de residência. Foi um desespero, procuramos, colocamos cartazes, fotos nos grupos de whatsapp, mas não a encontramos. 

Um dia, recebemos uma ligação de uma pessoa dizendo estar com nossa gatinha. Fomos lá, não era ela, muito parecida, mas essa era mais velha. O dono tinha ganhado um cachorro de raça e queria na verdade se desfazer da gata que estava com ele a pouco tempo. 

Levamos a gata para casa e não demorou muito tempo para ela entrar no cio e receber a visita de dois gatos, uma cinza e branco e outro pretinho,  igual ela. 

Dois meses depois nasciam três gatinhos: dois cinza e branco e um preto e branco.  A gata simplesmente ficava por conta de cuidar dos gatinhos o tempo todo, mal saia da casinha dela. Quando saia volta rapidinho. Aos poucos os gatinhos começaram a se desenvolver e logo estava brincando entre sim e com a própria mãe. Impressionante a dedicação da gata com os filhotes. Ela só saia quando eles estavam dormindo e bastava um pequeno miado deles que ela voltava correndo. Eles mão haviam completados trinta dias, quando sua mãe saiu pra dar uma volta, ela sempre procurava lagartixa em um lote baldio, embora tivesse ração e leite a disposição. Acho que é o instinto materno e de caçador, mas neste dia, assim que ela saiu no portão, aconteceu uma fatalidade. Ela foi atropelada pelo carro do vizinho e morreu,  deixando conosco seus três filhotinhos.


Neste dia os gatinhos não brincaram, ficaram quietos e tristes, isso era visível no semblante deles. 

Os dias foram passando e eles brincavam entre sim como se fossem três crianças. Ferravam luta o dia inteiro. Com menos de dois meses, em uma noite, dois gatinhos sumiram. No outro dia cedo, quando fui comprar pão em um supermercado, assim que parei o carro, escutei um miado vindo do motor do veiculo, abri o capô e lá estava um gatinho, o outro nunca foi encontrado.


Eram três, restaram dois. Uma gatinha muito meiga e carinhosa e um gatinho mais arrisco, das patas pretas, orelhas pretas e rabo preto e o restante do corpo cinza. A parceria entre os dois era incrível. Quando não estavam ferrando luta e brincando, estavam dormindo juntos, um com a patinha sobre o outro.

Quando completaram 4 meses, em uma noite, já passava da meia noite, quando um miado sentido despertou a atenção de todos na casa. Abri a porta e vi sobre o muro o gato do vizinho, suposto pai dos gatinhos. Ele raramente vinha na nossa casa,  das poucas vezes que veio,  eu toquei ele do quintal.  Ele é um gato vistoso, manchado de cinza e branco. Naquela noite, achamos que ele estava com fome, minha esposa pegou ração, colocou na vasilha e chamou ele pra comer. Mas ele não deu atenção, continuou miando choroso, caminhou sobre o muro e foi embora. 

No outro dia cedo, meu filho acordou e notou a falta da gatinha, procurou e não encontrou. Escutou um miado de gato no portão, o mesmo miado choroso da noite passada, quando ele abriu o portão, não era o gato cinza, mas sim o gato preto, que entrou como que procurando algo. Foi neste momento que meu filho avistou, caida na rua, morta a gatinha. Um mistério, o muro é alto, ela nunca havia saído, nem mesmo quando o portão ficava aberto durante dia, ainda mais a noite. Na noite anterior, ela estava dormindo junto com o irmão dela por volta da meia noite. Ela não estava machucada e não tinha sinal de atropelamento. Como ela saiu e o que a matou, não sabemos.

Misteriosamente neste dia, o gato preto, o gato cinza e um gato rajado, todos dos vizinhos,  vieram pra cima do nosso muro e desceram para o quintal. Eles miavam muito como que chorando. Colocamos comida pra eles, mas eles não queriam comer, eles estavam procurando o outro gatinho e quando encontraram, ficaram o tempo todo perto dele.

Os gatos não foram embora, eles ficaram em cima do muro o dia inteiro. Na porta de casa tem uma pequena árvore, onde eles sobem para passar para o muro. Nesta noite, começou a chover e mesmo sob chuva os gatos não saíram de cima da árvore. Eu olhava impressionado, pois nunca havia visto gato ficar na chuva, pois o gato cinza não arredou pé, chovia e ventava e ele lá em cima da árvore, molhando e com olhar atento para nosso quintal e nossa casa, como se estivesse vigiando algo. 

 Confesso que mesmo já tendo passado alguns dias, a imagem do gato na chuva não me sai da minha cabeça. 

O gatinho está muito triste, certamente sentindo falta da irmãzinha que brincava com ele todo os dias. Brincar sozinho não é a mesma coisa. 

Os gatos continuam vindo,  um dia ou outro, mas não com a frequências que vinham antes e nunca mais miaram, como na noite que a gatinha morreu. 

A imagem do gato na chuva foi impressionante. Por que? é a pergunta que não encontra resposta.

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