sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

Gustavo Gayer não é o PL — e não representa Bolsonaro

A tentativa de legitimar uma aliança com Ronaldo Caiado escancara o vazio político de um deputado sem grupo, sem liderança e sem mandato coletivo

Há uma distorção deliberada sendo vendida nos bastidores da política goiana — e ela precisa ser desmascarada com clareza.

Gustavo Gayer não é o PL.

Não fala pelo partido.

Não fala pelos companheiros de legenda.

E, principalmente, não fala por Jair Bolsonaro.

Gayer fala exclusivamente por si mesmo.

Não lidera grupo político, não organiza base partidária, não construiu bancada, não coordena estratégia eleitoral. Sua atuação é individual, personalista e desconectada do funcionamento real do Partido Liberal em Goiás. Confundir visibilidade em redes sociais com liderança política é um erro grave — e conveniente para quem tenta empurrar acordos mal explicados goela abaixo da militância conservadora.

Caiado nunca foi aliado de Bolsonaro — foi adversário declarado

A tentativa de normalizar uma aliança entre o bolsonarismo e Ronaldo Caiado ignora fatos públicos, registrados e incontestáveis.

Caiado:

  • foi adversário político de Bolsonaro;
  • foi crítico sistemático do ex-presidente;
  • rompeu politicamente quando lhe foi conveniente;
  • e chegou ao ponto de afirmar, sem rodeios, que não precisava do voto dos eleitores de Bolsonaro.

Isso não é ruído de campanha.

É posição política assumida.

Portanto, qualquer tentativa de apresentar Caiado como “aliado natural” da direita bolsonarista é falsificação histórica. Não houve reconciliação pública, não houve retratação, não houve gesto político real que justificasse esse salto narrativo.

O erro estratégico: usar Gayer como ponte artificial

O que está em curso é uma operação frágil: usar a figura de Gayer como ponte artificial para legitimar um acordo que não passa pelo partido, não passa pela base e não passa por Bolsonaro.

Isso revela dois problemas graves:

  1. Fragilidade do acordo
    Quando uma aliança precisa ser sustentada por alguém sem grupo político, ela nasce fraca.
  2. Desrespeito à base conservadora
    Tratar o eleitor bolsonarista como massa manobrável, capaz de engolir qualquer composição desde que embalada por retórica, é subestimar a inteligência política de quem foi às ruas, às urnas e aos embates.


O bolsonarismo não é um selo transferível

Bolsonaro não é uma marca que se empresta.

O bolsonarismo não é um carimbo que se cola em alianças circunstanciais.

Sem Bolsonaro, sem o PL orgânico e sem o respaldo da base, não existe legitimidade política, apenas conveniência momentânea.

E conveniência não sustenta projeto eleitoral de médio prazo — muito menos em Goiás, onde o eleitor conserva memória política e cobra coerência.

O que está realmente em jogo

O que se vê não é união da direita.

É tentativa de sobrevivência de projetos distintos, incompatíveis entre si, travestida de pragmatismo.

Caiado joga para manter o controle do Estado.

O PL tenta não perder espaço.

E Gayer tenta se manter relevante.

Mas nenhum desses movimentos, isoladamente, autoriza falar em nome de Bolsonaro ou da base conservadora.

Opinião

A aliança que se tenta construir não é sólida, não é honesta com o eleitor e não se sustenta politicamente.

Ela nasce do improviso, da conveniência e da tentativa de reescrever o passado recente.

E isso, cedo ou tarde, cobra preço.

Na política, como na história, quem despreza a coerência acaba sendo cobrado por ela.

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