quarta-feira, 18 de agosto de 2010
Syd abre a caixa-preta do Goiás.
A reunião de quase quatro horas do Conselho Deliberativo do Goiás ontem à noite, na Serrinha, abriu literalmente a caixa-preta esmeraldina. As divergências administrativas entre o presidente do conselho, Hailé Pinheiro, e o presidente executivo, Syd Oliveira, chegaram ao limite e ontem foi revelado divergências e assuntos bombásticos, que antes eram obscuros. Na reunião, Syd entregou espécie de dossiê aos cerca de 220 conselheiros presentes. Na carta, critica a venda de Rodrigo Tabata a empresa Luppi, que teria de repassar à vista os 50% dos direitos do atleta ao Goiás no valor de 1,5 milhão de euros, e depois fracionou em 12 cheques. Além disso, no informativo, “há indícios de que o Goiás estava sendo usado pela Luppi para lavar dinheiro oriundo de adulteração de combustíveis”.
No documento, Syd de Oliveira relata imposição de limitações à atual administração e negociações consideradas malfeitas nos últimos anos, com anuência do Conselho Deliberativo. O presidente executivo tornou público na carta negociações mal sucedidas dos atletas Vítor e Fernandão (este tinha uma multa rescisória de R$ 150 milhões). Dos atletas recebidos do Palmeiras por empréstimo até o final do ano(Daniel Lovinho, Deyvid Sacconi, William e Wendell Santos), apenas este último permanece no elenco.
Syd Relata ainda: “Fui impedido de negociar Vítor com o Santos em janeiro de 2009 (apresentou cópia da proposta oficial) de R$ 2 milhões, com o Goiás permanecendo com 20% dos direitos econômicos do atleta. E no final, o Goiás liberou o atleta paraticamente de graça.”
Exaltado, Hailé Pinheiro usou de ironia para alfinetar o atual presidente do Goiás. “Syd tem a maneira de administrar. É meu amigo, foi meu médico há mais de 30 anos, é boa pessoa, bom caráter, mas está mal orientado”, disse.
Toloi fica
Syd, que deu entrevista rápida e não falou com a imprensa por conta da insatisfação, queria definir a negociação ontem. A proposta para vender Toloi para o Palermo seria de 2,6 milhões de euros à vista e mais duas parcelas de 200 mil euros cada – os outros 50% dos direitos econômicos seriam de Figger. O presidente executivo entende que o dinheiro seria usado para sanar parte das dívidas do Goiás.
As divergências continuam nas declarações de Hailé, que chama Syd de aloprado: “Como vamos vender o Toloi se estamos tentando sair da zona de rebaixamento do Brasileiro, nem temos propostas. Quanto à negociação de Fernandão, ele também autorizou falta de coerência, é uma administração aloprada. Em relação à acusão de lavagem de dinheiro, que culminou com a saída do diretor Sérgio Cecílio, que queria a continuação do processo contra a Luppi, mas foi impedido por Hailé, o dirigente diz “que não há como provar” e disse também que “o conselho é soberano e que não admite algumas decisões”.
FALÊNCIA
Num ponto os dirigentes concordam: além da crise técnica, a financeira. “Estou alertando, o Goiás está indo à falência, está devendo demais, a situação é calamitosa”, mas mesmo assim não aceitou a suposta proposta para negociar Toloi, outro fato em que discordam Hailé e Syd.
Em campo, o Goiás tenta amenizar a crise técnica no próximo sábado, quando recebe o Grêmio Prudente no Serra Dourada, às 18h30. O volante Amaral e o zagueiro Rafael Toloi levaram o terceiro amarelo na derrota para o Grêmio e não jogam. Valmir Lucas e Rithelly devem substituir os suspensos.
Sede do CT Edmo Pinheiro teve pedido de penhora
O ponto mais surpreendente da carta do presidente Syd de Oliveira foi a revelação que a sede do CT Edmo Pinheiro seria penhorada por falta de acordo com o Sindicato dos Atletas Profissionais. De acordo com o documento, a administração anterior, orientada pelo Departamento Jurídico, não fez acordo com o sindicato e não repassou 20% de receita recebida em acordo com a TV Globo. Resultado disto foi que o sindicato entrou em juízo e ganhou a causa com o valor de R$ 5,6 mi – por dois anos. O montante devido portanto dos anos 2007/8/9 era de R$ 9 mi. “Como não tínhamos este dinheiro, tentamos de todas as formas efetuar acordo com o sindicato e conseguimos o seguinte acordo que para nós foi uma grande vitória”, relata Syd de Oliveira.
“Os anos de 2007 e 2008 geraram um débito de cerca de R$ 1,8 mi que foram parcelados em 36 meses. A esta quantia se acrescentaram os ho-norários advocatícios no valor de R$ 300 mil divididos em 10 meses, o que acarretou uma prestação mensal de R$ 80 mil a sobrecarregar a atual e próxima administração”, encerra o presidente Syd.
Fique de olho
Confira os principais pontos da carta do presidente Syd de Oliveira
Gestão Raimundo Queiroz assina contrato com a Luppi e transfere 50% todos os jogadores da base do Goiás até 2011. Há indícios de que o clube estava sendo usado para “lavar dinheiro” oriundo de adulteração de combustíveis.
A situação financeira é delicada. Os R$ 25 mi apurados pela venda de Welliton ao futebol russo não estavam no cofre ao assumir a nova gestão em janeiro de 2009.
Atual gestão foi contra a contratação de Fernandão, o que gerou desunião no elenco, desequilíbrio financeiro e repetindo o mesmo ato cometido no acerto com o meia Petkovic.
A gestão anterior contratou Fabrício Carvalho sem condições de jogo e com um contrato de três anos por R$ 60 mil mensais.
A atual gestão foi contra a renovação de Hélio dos Anjos no final de 2009, quando o time estava desmotivado. A posterior dispensa do treinador gerou um dividendo de R$ 1 mil.
O Departamento de Futebol aumentou o salário de jogadores sem alterar a cláusula penal ou tempo de contrato – o salário do atleta Vitor dobrou de 30 para 60 mil.
Negociações mal sucedidas de Vítor e Fernandão. Dos atletas recebidos do Palmeiras, só Wendel Santos segue no clube.
Atual gestão foi impedida de negociar Vítor com o Santos em janeiro de 2009, com proposta inicial de R$ 2 mi que chegou até R$ 6 mi. No final, o Goiás liberou o atleta “praticamente” de graça.
Contratação de funcionários em demasia, a inchar a folha de pagamento a ponto da reforma administrativa prever redução de gastos na ordem de R$ 180/mil.
O presidente anterior, Pedro Goulart, recebeu como remuneração R$ 360 mil durante a gestão – R$ 15 mil mensais.
A administração anterior não fez acordo com o Sindicato dos Atletas Profissionais referente à Lei que obriga os clubes a repassarem 20% da receita de TV. Resultado disto foi a entrada para penhora da sede do CT Coimbra Bueno.
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