terça-feira, 17 de agosto de 2010

SERRINHA EM PÉ DE GUERRA


Pela segunda vez no ano, a reunião do Conselho Deliberativo do Goiás ocorre num clima de pé de guerra entre os principais dirigentes do clube. Isso por causa dos últimos episódios (voluntários e involuntários) envolvendo o presidente do clube, Syd de Oliveira Reis.
Sobram acusações contra a administração de Syd, que, na prática, assumiu seu papel no clube e não quer ser chamado de "a rainha da Inglaterra", como foi apelidada a maioria de seus antecessores. Tomou posições e, bem ou mal, está pagando o preço pela independência e por desobedecer a hierarquia histórica alviverde.
A pauta da reunião hoje será analisada e decidida pelo bem do Goiás, mas também levará em conta os interesses políticos. Syd não terá trégua diante dos questionamentos de que promoveu a reforma administrativa, autorizada pelo Conselho Deliberativo, considerando o grau de amizade com a família Pinheiro. Teria remanejado ou demitido funcionários com afinidade maior com os Pinheiro.
Terá ainda de esclarecer os supostos empréstimos bancários, estes não autorizados, e que comprometem a receita do Goiás com o Clube dos 13 até junho de 2012. Sem contar que em sua administração os impostos não teriam sido quitados e que deixaria o clube com um déficit estimado de R$ 42 milhões até o final do ano. Se é verdade ou não, Syd terá de responder.
Exagerados, alguns conselheiros dizem que o suposto empréstimo sem autorização poderia dar início a um pedido de impeachment do presidente, já que fere um dos pontos do estatuto do clube.
Nos últimos 18 anos, houve divergências e oposição na Serrinha. Críticas já foram feitas aos Pinheiro pela maneira de conduzir o clube. Entre perdedores e ganhadores nessa disputa por vaidades e poder, o Goiás conseguiu manter a filosofia de tranquilidade para o público. Agora, lavam roupa suja na imprensa.
O Goiás se expôs muito nos últimos anos com os problemas internos, o que mostra que sua organização e administração está longe de ser à altura do principal time do Estado. O caso do ex-presidente Raimundo Queiroz, acusado de diversas irregularidades, até hoje está na polícia para apuração. Inclusive hoje, às 15 horas, está marcado o depoimento de Hailé Pinheiro (presidente do Conselho Deliberativo) no 8º Distrito Policial de Goiânia.
É no mínimo constrangedor para Hailé Pinheiro, um empresário de sucesso e um dos principais dirigentes do Estado, ser chamado na polícia para responder sobre confusões do futebol. Mas está pagando o preço da paixão pelo time.
E não há como negar que a crise em campo do Goiás no Campeonato Brasileiro passa pela administração atual. Os jogadores não receberam a premiação (o famoso bicho) por 12 partidas, incluindo 4 da temporada passada. São R$ 1,2 mil por vitória ou empate. Syd estaria evitando contato com os jogadores para não ser cobrado, já que prometeu quitar a dívida há alguns meses e não cumpriu.
No ano passado, o atacante Iarley, atualmente no Corinthians, justificou o porquê de o Goiás não manter o desempenho no 2º turno do Campeonato Brasileiro, depois de um início fantástico: faltou combinar a premiação por metas na competição. Infelizmente, o bicho no futebol é realidade. E os jogadores não perdoam a falta dele.

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