domingo, 30 de novembro de 2025

Prefeito de São Miguel do Araguaia Compra 28 Mil Refeições por R$ 1 Milhão: A Conta Que Não Fecha

 O Contrato de 1 Milhão em Refeições de São Miguel do Araguaia e os Números que Não Fecham: Uma Conta que Insulta a Inteligência do Cidadão

Há contratos públicos que chamam atenção pelo valor.

Há outros que chamam atenção pela ousadia.


E existe o Pregão nº 45/2025 da Prefeitura de São Miguel do Araguaia — esse não apenas chama atenção: ele desafia a lógica, o bom senso e a matemática mais básica.


A prefeitura decidiu contratar R$ 1.037.300,00 em refeições — marmitex e self-service — com uma quantidade tão inflada que transforma a realidade do município em ficção científica.

E, como sempre, o dinheiro é público.

O prejuízo também.



Os números do contrato: um escândalo servido no prato

Segundo o documento oficial, a empresa Claudier C. da Cunha Varandas Ltda venceu a licitação oferecendo:

19.160 marmitex

 a R$ 27,50

8.800 refeições self-service

 a R$ 58,00

Total: 28.000 refeições no ano

Ou seja, São Miguel do Araguaia estaria consumindo:

  • 93 marmitas por dia,
  • + 24 pratos self-service por dia,
  • todos os dias do ano,
  • incluindo domingos, feriados, recessos e dias em que o próprio órgão público sequer funciona.

Se isso fosse verdade, seria necessário que a prefeitura alimentasse diariamente:

  • todos os servidores das ruas,
  • mais equipes dobradas,
  • mais equipes inexistentes,
  • mais voluntários imaginários,
  • mais uma fila invisível de gente que ninguém sabe quem é.


Não existe qualquer estrutura administrativa, social ou operacional que justifique esse número.

Nenhuma.

E ainda assim, o governo municipal homologou tudo com uma serenidade irritante.


O self-service a R$ 58: caro até para Goiânia, mas barato para quem superfaturaO preço de R$ 58,00 por refeição é surreal.

Em Goiânia:


  • Restaurantes executivos de classe média: R$ 28 a R$ 40
  • Restaurantes de shopping: R$ 32 a R$ 45
  • Restaurantes por quilo em bairros nobres: R$ 50 a R$ 55 em dias de carne especial

Mas em São Miguel do Araguaia — um município de 25 mil habitantes — a prefeitura paga R$ 58 por prato.

Por quê?

Qual é o restaurante gourmet secreto funcionando dentro da prefeitura?

Ou melhor:

qual é a engenharia financeira por trás desse valor?

Quantitativo inflado: o modus operandi clássico dos contratos fraudulentos

A engenharia dos números inflados é velha conhecida dos órgãos de controle:

  1. Aumenta-se a quantidade ao absurdo.
  2. Superestima-se o consumo diário, mesmo quando não existe demanda real.
  3. O contrato é executado só no papel, com notas fiscais para cobrir “entregas” que nunca aconteceram.
  4. O dinheiro é pago como se a refeição tivesse sido servida


É assim que se transforma marmita de R$ 12 em marmita de R$ 90, disfarçada no volume contratado.

E aqui, o que mais chama atenção é a matemática criminosa que tenta se esconder atrás desse pregão.

Microempresa vence contrato milionário: outro alerta vermelho

A vencedora é declarada microempresa.

Microempresa que:

  • precisa ter cozinha industrial,
  • equipe,
  • nutricionista,
  • logística diária,
  • capacidade de entrega de 2.300 refeições por mês,
  • e ainda manter atendimento regular para o público.

Microempresas reais de alimentação não têm essa capacidade.

E quando não têm, o que acontece?

➡️ Subcontratação ilegal

➡️ Terceirização não prevista

➡️ Empresas de fachada


É assim que esquemas florescem.

Telefone zerado: o detalhe que escancara a farsa

No documento da prefeitura, o telefone da empresa aparece como:

(00) 0000-0000

Isso mesmo.

No contrato de mais de 1 milhão de reais, o telefone da fornecedora é ZERO.

Não há verificação, não há diligência, não há zelo.

Há apenas pressa em homologar.

E quando o governo não se preocupa nem em fingir que verifica dados básicos, é porque acredita que ninguém irá fiscalizar.

Mas agora alguém está fiscalizando.

A incoerência final: 1 milhão em refeições para onde? Para quem? Para quê?

A Prefeitura de São Miguel do Araguaia não apresentou:

  • plano de demanda,
  • justificativa técnica,
  • estimativa real de consumo,
  • setores atendidos,
  • comparativo com contratos anteriores,
  • nem relatório de necessidade.

E ninguém sabe:


  • Quem come essas refeições?
  • Onde são entregues?
  • Quem confere a entrega?
  • Onde estão as ordens de fornecimento?
  • Por que essa quantidade absurda?

O que existe é apenas o documento:

28 mil refeições inventadas e 1 milhão de reais escorrendo pelo ralo — ou por algum bolso.


Opinião do Blog do Cleuber Carlos

Nenhum gestor sério, nenhum contador responsável e nenhum pregoeiro ético homologaria um contrato com números tão divorciados da realidade.

Não se trata apenas de falha técnica.

Não é descuido.

Não é erro contábil.


É um absurdo matemático, administrativo e moral.

É um contrato que se sustenta apenas se houver:


  • fraude na estimativa,
  • sobrepreço,
  • entrega fictícia,
  • ou completa omissão da fiscalização.


E se algo disso estiver acontecendo, não estamos diante de uma simples irregularidade.


Estamos diante de uma violação flagrante ao dinheiro público —

uma agressão ao cidadão de São Miguel do Araguaia.

E como sempre, o Blog do Cleuber Carlos irá até o fim para expor cada detalhe.


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