quarta-feira, 26 de novembro de 2025

Prefeito Maycllyn Aplaude Repúdio ao Promotor de Morrinhos e Escancara Crise Institucional na Cidade

Na inauguração da OAB em Morrinhos, Rafael Lara repudia promotor — e prefeito Maycllyn aplaude de pé: um gesto que fala mais do que o discurso

Morrinhos presenciou, nesta manhã, um dos episódios institucionais mais simbólicos — e mais estranhos — dos últimos tempos.

Durante a inauguração da nova sede da Ordem dos Advogados do Brasil na cidade, o presidente da OAB-GO, Rafael Lara, fez um pronunciamento duro, alinhado ao que a advocacia costuma chamar de “defesa intransigente das prerrogativas”. Até aí, normal.

O problema é para quem e contra quem o discurso foi direcionado — e quem aplaudiu.

No microfone, Rafael Lara enviou abraços e solidariedade ao advogado envolvido numa discussão acalorada ocorrida dias antes durante um Tribunal do Júri. Ao mesmo tempo, mandou um recado direto e público:

O promotor de Morrinhos foi repudiado por sua conduta

e a OAB irá até as últimas consequências na Corregedoria do Ministério Público.

A plateia reagiu com murmúrios.

Mas um gesto se destacou.

O prefeito de Morrinhos, Maiklin, levantou, colocou-se de pé e aplaudiu efusivamente o repúdio ao promotor da própria cidade que ele administra.

E é aí que a história deixa de ser sobre OAB x MP, sobre prerrogativas, sobre defesa profissional.

E se transforma em política — política pura.

O episódio do Tribunal do Júri: tensão natural, exagero discursivo, mas nada além do ordinário

Discussões em Tribunal do Júri não são novidades.

Advogados e promotores se enfrentam, se exaltam, discordam e — muitas vezes — ultrapassam o tom.

É da natureza do plenário.

O próprio Ministério Público e a própria OAB sabem disso. Por isso existem Corregedorias, Procuradorias e Comissões de Prerrogativas: para absorver esses impactos e enquadrar excessos.

Mas o que ocorreu hoje não foi sobre o episódio.

Foi sobre o uso político do episódio.


O discurso de Rafael Lara: firme, mas dentro do script da OAB

Como presidente da OAB-GO, Rafael Lara fez o que se espera de um dirigente da entidade:

  • defendeu o advogado envolvido;
  • criticou a postura do promotor;
  • anunciou medidas administrativas na Corregedoria do Ministério Público.

É duro? É.

É simbólico? É.

Mas está dentro do campo institucional da OAB.

O que saiu completamente do esperado foi a reação política dentro do evento.

O gesto que gritou mais alto: o prefeito Maiklin aplaudindo o repúdio ao promotor

Em qualquer cidade, o prefeito é, por definição, chefe do Executivo local — e deve manter relação minimamente institucional com todos os órgãos essenciais à justiça, especialmente:

  • Polícia Civil
  • Polícia Militar
  • Poder Judiciário
  • Ministério Público
  • Defensoria Pública
  • OAB

É assim que funciona a independência entre os poderes.

É assim que se garante um mínimo de equilíbrio democrático.

Quando o prefeito Maiklin levanta e aplaude de pé o repúdio formal ao promotor da cidade, acontecem três coisas:

1️⃣ Ele rompe a liturgia do cargo

Prefeito não toma partido em conflito técnico entre OAB e MP.

Prefeito atua para pacificar, não para incendiar.

2️⃣ Ele se coloca nominalmente contra o promotor

E não é “o promotor de Goiás”.

É o promotor da cidade dele.

O representante do Ministério Público que fiscaliza:

  • licitações,
  • contratos,
  • processos administrativos,
  • improbidade,
  • saúde,
  • educação,
  • e tudo o que envolve o Executivo municipal.

3️⃣ Ele envia um recado político — e não é discreto

Quando um prefeito aplaude a repreensão pública de um promotor, o que está sendo dito implicitamente?

  • “Estou com a OAB.”
  • “Não estou com o Ministério Público.”
  • “A divergência do júri virou minha divergência também.”
  • “A crítica ao promotor me interessa.”

Isso não é institucional.

Isso é político — e político da forma mais inadequada possível.

Por que o gesto preocupa? A resposta está no contexto de Morrinhos

Morrinhos não vive momento tranquilo.

A cidade está cercada por denúncias, tensões administrativas e investigações sensíveis.

  • Saúde? Pressões, denúncias, irregularidades.
  • Contratos? Questionamentos constantes.
  • Nomeações? Problemas recorrentes.
  • Ministério Público? Atento, presente, provocando desconforto em setores do governo.

Nesse cenário, um prefeito levantar e aplaudir um discurso de repúdio ao promotor não é apenas improvável.

É indicativo.

Reações assim não acontecem por acaso.


O que isso revela politicamente

🔍 Um prefeito aplaude de pé quando está confortável com a crítica.

🔍 Um prefeito aplaude de pé quando o alvo da crítica não lhe é simpático.

🔍 Um prefeito aplaude de pé quando vê vantagem política no ataque.

E, no caso de Morrinhos, esse gesto faz surgir uma pergunta inevitável:

O que incomoda tanto o prefeito no trabalho do promotor

Essa pergunta — e apenas essa — já explica a gravidade da cena.

Opinião — Blog do Cleuber Carlos

Aplausos dizem muito.

E, às vezes, dizem mais do que discursos.

Hoje em Morrinhos, o que chamou atenção não foi a fala do presidente da OAB-GO — que cumpriu seu papel.

Foi o gesto do prefeito Maiklin, que cumpriu outro: o de tomar partido contra o promotor da própria cidade numa disputa que não é dele.

Prefeito não é torcedor.

Prefeito não é comentarista.

Prefeito não aplaude briga institucional entre órgãos essenciais à justiça.

Quando aplaude, revela incômodo.

Quando aplaude, revela interesse.

Quando aplaude, revela disputa.

E quando essa disputa envolve o Ministério Público — órgão fiscalizador direto das ações do prefeito — o gesto deixa de ser apenas estranho.

Passa a ser sintomático.

E Morrinhos, que não é ingênua, entendeu o recado.

Nós também.

E continuaremos atentos.


Nenhum comentário: