terça-feira, 4 de novembro de 2025

PL: Um Partido Sem Líder em Goiás

 

O silêncio de Wilder Morais, o avanço de Daniel Vilela e o retorno de Marconi Perillo ao protagonismo político goiano

O Partido Liberal (PL), que nas urnas de 2022 despontou como o maior símbolo da direita bolsonarista no Brasil, vive em Goiás um processo de esvaziamento sem precedentes. O partido que poderia consolidar uma oposição forte ao governo estadual se transformou numa sigla dispersa, sem unidade, sem comando e sem direção estratégica.

Enquanto o bolsonarismo nacional ainda sobrevive como força social e eleitoral, em Goiás o PL assiste, inerte, à fuga de prefeitos, à desmobilização da base e ao colapso de sua representatividade política.


Wilder Morais: o líder que não lidera

O senador Wilder Morais, presidente estadual do PL, tornou-se o retrato mais evidente dessa crise.
Ele assiste passivamente o partido encolher, perdendo filiados e prefeitos que migram para apoiar o projeto do vice-governador Daniel Vilela (MDB), que se articula para disputar o Palácio das Esmeraldas em 2026.

Wilder, que poderia ser o nome natural da oposição, mantém uma postura apática, evasiva e acomodada, desperdiçando o capital político e simbólico herdado de Bolsonaro em Goiás.
Em vez de liderar um movimento de reconstrução partidária e articulação regional, o senador se limita à função burocrática de comando — sem presença, sem enfrentamento e sem projeto.

O resultado é um partido à deriva, com parlamentares desmotivados e bases locais desmobilizadas.
Wilder se acovarda diante da responsabilidade histórica de consolidar o PL como força competitiva no estado.
Sua ausência de ação cria um vácuo de liderança que, inevitavelmente, vem sendo ocupado por quem sempre soube jogar o jogo político goiano: Marconi Perillo (PSDB).


O retorno de Marconi: o opositor que sobrou

Enquanto Wilder se esconde e o PL se fragmenta, Marconi Perillo ressurge como o único rosto visível da oposição em Goiás.
Com discurso moderado, presença em eventos regionais e articulação de bastidores, o ex-governador reconstrói sua imagem e reassume o protagonismo político — algo que parecia impensável há alguns anos.

Perillo ocupa o espaço que Wilder Morais deixou vazio: o espaço da coragem política, da estratégia e da liderança real.
Em contraste, o PL se comporta como um partido anestesiado, assistindo a um adversário histórico recuperar terreno entre prefeitos e lideranças que buscam um projeto consistente.


Daniel Vilela avança, o PL recua

Enquanto isso, o vice-governador Daniel Vilela (MDB) aproveita o momento para ampliar sua base.
Com apoio crescente de prefeitos do interior e com a máquina estadual à disposição, Daniel transformou o PL num fornecedor involuntário de quadros políticos.
A falta de reação de Wilder e da direção estadual entregou a oposição de bandeja — o PL perdeu o discurso, o protagonismo e a capacidade de articulação.

O que deveria ser o principal partido de resistência virou coadjuvante de uma narrativa construída pelos adversários.


Um partido sem voz, um líder sem presença

O PL tem um senador, mas não tem liderança.
Tem voto, mas não tem direção.
Tem base social, mas não tem comando.

Wilder Morais, que poderia ser a voz da oposição, optou pelo silêncio político e pela neutralidade covarde.
A omissão custará caro: o eleitorado conservador e bolsonarista de Goiás procura um novo nome, uma nova bandeira e um novo líder.
E, por enquanto, só Marconi Perillo entendeu esse movimento — ocupando o centro da cena com o discurso de quem sempre soube interpretar o humor político goiano.


Conclusão: o vácuo e o preço da omissão

O PL em Goiás é hoje uma sigla sem alma e sem rumo.
Enquanto Wilder se acomoda em Brasília, o partido derrete nos municípios e perde seu papel histórico de polo da direita no estado.
No jogo político, espaço vazio não dura: ou é preenchido por quem tem estratégia, ou se torna irrelevante.

E o que se desenha agora é claro: se Wilder não liderar, Marconi voltará a governar.
A omissão do presente é o combustível do retorno político de quem nunca deixou de se mover nos bastidores.

Nenhum comentário: