terça-feira, 4 de novembro de 2025

PT sem rumo em Goiás: o partido não tem nome para disputar o governo e vive dilema entre sobrevivência e irrelevância

Sem projeto estadual, o PT goiano aposta em velhos nomes para deputado federal e observa de longe a disputa pelo poder entre União Brasil, MDB e PSDB.

O Partido dos Trabalhadores (PT) vive em Goiás um dos momentos mais delicados de sua história.
Mesmo com Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência da República, o partido não conseguiu estruturar uma candidatura competitiva ao governo do estado para 2026 e não apresenta nomes fortes nem para o Senado.

A sigla, que em outras épocas chegou a polarizar o debate político goiano, hoje se resume a uma estrutura de resistência simbólica, sustentada por poucos quadros históricos e pelo prestígio do governo federal — mas sem enraizamento eleitoral real no estado.


Sem nomes e sem projeto

Diferente de outros partidos, o PT não tem um nome viável para disputar o governo de Goiás.
As lideranças mais conhecidas — como Adriana Accorsi e Rubens Otoni — devem se concentrar na disputa por vagas na Câmara dos Deputados, onde têm chances reais de reeleição e influência regional.

Adriana Accorsi, deputada federal e ex-delegada, é hoje o nome mais visível do partido, com bom desempenho na capital e entre setores progressistas.
Mas, fora de Goiânia, sua imagem ainda é pouco conhecida e enfrenta rejeição em regiões dominadas por prefeitos ligados ao governador Ronaldo Caiado (União Brasil).
Rubens Otoni, figura tradicional da esquerda goiana, mantém base consolidada em Anápolis, mas não representa renovação nem atrai o eleitorado jovem, que vê no petismo um movimento distante de sua realidade.

O ressurgimento político de Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT e personagem histórico do partido, reforça a aposta numa retomada simbólica do petismo clássico, mas não resolve o problema central: falta de projeto estadual e de liderança popular com apelo majoritário.


Sem projeto para o Palácio das Esmeraldas

Nos bastidores, dirigentes petistas admitem que não há viabilidade para lançar um candidato próprio ao governo.
A tendência é que o PT apoie um nome aliado, mas até para encontar aliado, o partido tem dificuldade. Apoiar Daniel Vilela(MDB) seria apoiar o candidato do Caiado, e isso está fora de cogitação. Apoiar Wilder de Morais do PL, nem pensar.Sobra então a opção de apoiar o ex-governador Marconi Perillo(PSDB). 
Essa parece ser a alternativa mais viável, já que a vereadora Aava Santiago(PSDB) é declaradamente apoiadora do presidente Lula.
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Essa postura pragmática pode garantir espaço em futuras coligações, mas reforça a imagem de dependência e falta de autonomia política em Goiás.

Enquanto isso, o ex-governador Marconi Perillo (PSDB) e o vice-governador Daniel Vilela (MDB) movimentam-se com estratégia e articulação, ocupando o espaço de oposição e de continuidade do poder estadual, respectivamente — deixando o PT fora do jogo principal.


O dilema do PT goiano

O PT enfrenta um dilema existencial:

  • Ou reconstrói suas bases municipais e apresenta novas lideranças,

  • Ou se resigna a ser coadjuvante permanente em alianças eleitorais alheias.

A presença de Lula na Presidência ajuda o partido a manter certa estrutura e financiamento, mas não cria lideranças espontâneas.
Goiás, dominado por um eleitorado conservador, segue como um dos estados mais resistentes ao lulismo, e o partido parece incapaz de romper essa barreira ideológica.

Mesmo com recursos federais, nomeações e cargos no governo, o PT não conseguiu transformar poder nacional em prestígio estadual.
A ausência de um discurso local forte e de bandeiras regionais — como defesa do cerrado, energia, agronegócio sustentável ou industrialização — faz com que o partido fale para si mesmo, sem dialogar com o eleitor goiano.


O que resta ao PT em 2026

Diante desse cenário, o caminho mais provável é a formação de uma aliança pragmática, com o PT apoiando candidatos da base governista nacional em Goiás, sem protagonismo local.
Internamente, a disputa se concentrará nas cadeiras da Câmara dos Deputados, com Adriana Accorsi, Rubens Otoni e Delúbio Soares como os nomes mais competitivos — enquanto o Senado e o governo estadual permanecem fora do alcance real do partido.

Se o PT quiser voltar a ter relevância política em Goiás, precisará fazer o que há anos evita: reconstruir o partido de baixo para cima, com lideranças municipais, projetos regionais e coragem para enfrentar o conservadorismo dominante.
Do contrário, o partido seguirá governando Brasília, mas perdendo Goiás.

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