O ofício enviado pelo governador Ronaldo Caiado ao STF solicitando permissão para visitar Jair Bolsonaro não é um gesto cortês, humanitário ou afetuoso. É um movimento calculado, inserido no tabuleiro onde se decide quem vai conduzir a narrativa e a hegemonia da direita brasileira nos próximos anos. Caiado não está apenas indo ver um aliado. Ele está marcando posição.
Bolsonaro enfrenta o momento mais frágil desde que deixou a Presidência: isolamento político, aliados divididos, desgaste público e investigações que retiram sua capacidade de articulação. A visita proposta por Caiado, se autorizada, funciona como validação simbólica de que Bolsonaro ainda tem relevância dentro do movimento que ajudou a construir. Para Bolsonaro, qualquer fotografia — mesmo silenciosa — tem valor estratégico.
Para Caiado, o cálculo é outro. Ele se projeta como ponte entre a direita radicalizada e a direita institucional, aquela que senta à mesa com o STF, com governadores, com Congresso e com o empresariado. É o perfil de quem se coloca como alternativa de poder, não como satélite de liderança alheia.
Ao solicitar a visita, Caiado demonstra duas habilidades que contam muito na política nacional:
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Não rompe com o bolsonarismo e não antagoniza sua base.
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Não se subordina a Bolsonaro, deixando claro que tem rota e força próprias.
Em ambos os cenários, Caiado avança.
Opinião
Se a direita brasileira entrar em nova fase de reestruturação, Caiado quer estar no centro dessa mesa, não na periferia da conversa.

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