quinta-feira, 6 de novembro de 2025

LinQ Telecom: Sem Internet, Sem Técnico, Sem Respeito


Quando o consumidor se torna refém da própria internet que paga


Nos últimos dias, vivenciei algo que qualquer cidadão que depende de internet para trabalhar já sentiu na pele: a sensação de estar completamente à mercê de uma prestadora de serviço que promete agilidade, suporte e compromisso, mas entrega o oposto.


A conexão da LinQ Telecom, empresa que opera em Goiânia, caiu. Nada de excepcional: isso acontece. O problema verdadeiro começou depois. Fiz contato, relatei a situação, e após o diagnóstico remoto, o próprio suporte reconheceu que havia falha na fibra, exigindo visita técnica presencial.


O atendimento fez o que muitas operadoras fazem: agendou. Confirmaram endereço, telefone e disponibilidade. E eu fiz o que todo trabalhador faz: interrompi minhas atividades para aguardar.

E o resultado?

Ninguém apareceu.

Nenhum aviso. Nenhuma mensagem. Nenhum pedido de desculpas. Nenhuma remarcação.


O consumidor fica parado, esperando. A empresa segue a vida, como se o tempo do cliente não valesse nada.


É a velha lógica, repetida há anos no Brasil:

se o consumidor atrasa um dia, é multa, corte, risco ao nome.

Mas quando a empresa falha, existe silêncio.


O ponto central não é a internet. É o respeito.

Hoje, internet não é luxo — é ferramenta de trabalho, comunicação, estudo e até atendimento médico. Quem fica sem conexão fica parado no mundo. E quando uma empresa falha no básico, ela não entrega apenas um serviço ruim: ela afeta rotinas, compromissos, compromete renda e tempo.

E tempo é o único recurso que não volta.


Não existe justificativa para agendar uma visita técnica e simplesmente não cumprir.

Não existe razoabilidade em deixar o consumidor 24 horas sem solução, ainda mais quando ele informou, esperou e se organizou.

Onde está a responsabilidade?

A legislação é clara.

O Código de Defesa do Consumidor determina que:

  • Serviço não prestado deve ser reparado imediatamente;
  • O cliente tem direito ao abatimento proporcional na fatura;
  • E, diante da falha continuada, direito de rescindir o contrato sem multa.

Mas mais do que lei, estamos falando de relação de dignidade entre empresa e cidadão.

Opinião

A banalização do desrespeito ao consumidor virou rotina no Brasil.

Empresas que atuam com serviço essencial não podem tratar o tempo do cliente como descartável. Não é aceitável que o trabalhador tenha que arriscar seu salário e sua rotina para esperar um técnico que simplesmente não chega.


Este caso não é um episódio isolado: é o sintoma de um modelo que coloca o faturamento acima do atendimento.

Enquanto isso persistir, o consumidor continuará sendo tratado como número — e não como pessoa.


E é justamente por isso que registrar reclamação, exigir direitos e publicizar situações como esta não é capricho. É necessário.

Porque só quando o silêncio é quebrado é que alguma coisa começa a mudar.


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