quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Advogado que Comandava a Saúde nas Sombras é Enfim Oficializado

A Nomeação que Entrega o Esquema: Prefeito de Morrinhos Oficializa o Advogado que Já Mandava na Saúde e Crava um Desafio Direto ao Ministério Público


A política de Morrinhos amanheceu hoje com um movimento que, para muitos, soa como deboche; para outros, como confissão explícita. E aos olhos do Ministério Público, a interpretação tende a ser ainda mais severa.


O prefeito Maycllyn Carreiro oficializou, nesta data, a nomeação do advogado que já controlava a Secretaria Municipal de Saúde nos bastidores, transformando em ato administrativo aquilo que servidores já relatavam há semanas:

➡️ o verdadeiro secretário nunca foi o nome que constava no Diário Oficial, mas sim o advogado do prefeito — agora finalmente colocado no papel.


A decisão, porém, levanta mais suspeitas do que esclarece.


Um movimento que parece admitir o que antes se tentava negar

Desde o afastamento da antiga secretária de Saúde por determinação do Ministério Público, a prefeitura embarcou numa manobra que agora implode por dentro:

  • Nomeou-se uma mulher apenas para “cumprir tabela”,
  • Enquanto o advogado ligado ao prefeito dava ordens, interferia em contratos, comandava escalas e atuava como secretário informal.

Servidores relataram um cenário de total desconexão entre o nome no Diário Oficial e quem realmente mandava na pasta.

Agora, com a saída da “secretária laranja”, que não aceitou continuar sendo usada como fachada, o prefeito resolveu assumir publicamente o que mantinha oculto.


A nomeação de hoje, porém, tem cheiro de pressa, desespero e cálculo jurídico.

Aos olhos do Ministério Público: a nomeação não encerra o problema — ela escancara

A primeira pergunta que qualquer promotor fará é direta:

👉 Se ele já comandava a pasta antes, com base em quê ele tomava decisões?


A nomeação formal não apaga o passado recente, pelo contrário:

📌 Ela cria uma linha do tempo comprometida, na qual o prefeito terá de explicar:


  • Quem ordenou despesas durante o período da secretária figurativa;
  • Quem interferiu nos contratos e solicitações da Saúde;
  • Quem deu ordens a servidores e equipes técnicas;
  • Quem esteve presente nas reuniões decisórias da pasta;
  • Quem assinou — ou deixou de assinar — atos administrativos de impacto direto na política pública de saúde.

Se o advogado já exercia o poder sem nomeação, isso abre três possibilidades graves:


  1. Exercício irregular de função pública;
  2. Simulação de nomeação para enganar o Ministério Público;
  3. Desvio de finalidade e possível improbidade administrativa, nos termos da Lei 8.429/1992.

O contexto que torna tudo ainda mais suspeito

O Ministério Público afastou a antiga secretária por irregularidades.

O prefeito prometeu — dentro da promotoria — assumir pessoalmente a pasta.

Saindo de lá, fez o oposto:

➡️ colocou uma servidora que não mandava em nada e manteve o advogado no comando de fato.

Hoje, ao nomeá-lo oficialmente, o prefeito:

  • confirma que ele já mandava antes,
  • cria uma tentativa de blindagem retrospectiva,
  • e reforça a suspeita de que a Saúde de Morrinhos estava sendo gerida por alguém sem nomeação, sem responsabilidade formal e sem legitimidade administrativa.

Para o Ministério Público, isso acende o alerta máximo:

📌 Havia uma autoridade paralela dentro da Secretaria?

📌 Decisões técnicas estavam sendo tomadas por quem não tinha competência legal?

📌 A nomeação é uma confissão de irregularidades passadas?

A narrativa que o prefeito tenta construir — e que não deve convencer o MP

A estratégia, ao que tudo indica, foi a seguinte:

  1. Criar uma fachada administrativa com uma secretária que não exercia poder real.
  2. Deixar o advogado operar nos bastidores.
  3. Com a pressão interna e o risco de exoneração da “secretária laranja”,
    ➜ formalizar o comando real para evitar responsabilização futura.

Mas há um detalhe incômodo:

📌 A nomeação de hoje não produz efeito retroativo.

Se ele já era o “secretário de fato”, todas as decisões tomadas por ele antes podem ser consideradas nulas, irregulares ou ilegítimas.

E isso não é detalhe técnico — é munição jurídica.

O que o MP deve investigar imediatamente

A partir da nomeação formal, o Ministério Público deve buscar três frentes:

1. A cadeia real de comando da Saúde antes da publicação de hoje

  • Quem assinava?
  • Quem decidia?
  • Quem ordenava despesas?

2. A motivação real para escolher o advogado como secretário

  • Ele possui formação ou competência técnica na área?
  • Ele atuava informalmente antes?

3. O papel do prefeito na simulação de nomeações anteriores

Se houver prova de que ele mentiu ao Ministério Público, o caso ganha gravidade institucional.

Politicamente, a nomeação de hoje é um tiro no pé

Ao tentar “normalizar” uma situação anormal, o prefeito expõe exatamente aquilo que tentava esconder:

➡️ que a Secretaria de Saúde estava nas mãos de quem jamais deveria tê-la comandado sem nomeação, sem respaldo e sem transparência.

O gesto pode ser interpretado não como solução, mas como confissão.

E, em Morrinhos, onde tudo vaza rápido, a pergunta agora não é mais “quem manda na Saúde?” — essa já foi respondida.

A pergunta passou a ser outra:

👉 Até onde o Ministério Público está disposto a ir a partir dessa nomeação?

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