A Nomeação que Entrega o Esquema: Prefeito de Morrinhos Oficializa o Advogado que Já Mandava na Saúde e Crava um Desafio Direto ao Ministério Público
A política de Morrinhos amanheceu hoje com um movimento que, para muitos, soa como deboche; para outros, como confissão explícita. E aos olhos do Ministério Público, a interpretação tende a ser ainda mais severa.
O prefeito Maycllyn Carreiro oficializou, nesta data, a nomeação do advogado que já controlava a Secretaria Municipal de Saúde nos bastidores, transformando em ato administrativo aquilo que servidores já relatavam há semanas:
➡️ o verdadeiro secretário nunca foi o nome que constava no Diário Oficial, mas sim o advogado do prefeito — agora finalmente colocado no papel.
A decisão, porém, levanta mais suspeitas do que esclarece.
Um movimento que parece admitir o que antes se tentava negar
Desde o afastamento da antiga secretária de Saúde por determinação do Ministério Público, a prefeitura embarcou numa manobra que agora implode por dentro:
- Nomeou-se uma mulher apenas para “cumprir tabela”,
- Enquanto o advogado ligado ao prefeito dava ordens, interferia em contratos, comandava escalas e atuava como secretário informal.
Servidores relataram um cenário de total desconexão entre o nome no Diário Oficial e quem realmente mandava na pasta.
Agora, com a saída da “secretária laranja”, que não aceitou continuar sendo usada como fachada, o prefeito resolveu assumir publicamente o que mantinha oculto.
A nomeação de hoje, porém, tem cheiro de pressa, desespero e cálculo jurídico.
Aos olhos do Ministério Público: a nomeação não encerra o problema — ela escancara
A primeira pergunta que qualquer promotor fará é direta:
👉 Se ele já comandava a pasta antes, com base em quê ele tomava decisões?
A nomeação formal não apaga o passado recente, pelo contrário:
📌 Ela cria uma linha do tempo comprometida, na qual o prefeito terá de explicar:
- Quem ordenou despesas durante o período da secretária figurativa;
- Quem interferiu nos contratos e solicitações da Saúde;
- Quem deu ordens a servidores e equipes técnicas;
- Quem esteve presente nas reuniões decisórias da pasta;
- Quem assinou — ou deixou de assinar — atos administrativos de impacto direto na política pública de saúde.
Se o advogado já exercia o poder sem nomeação, isso abre três possibilidades graves:
- Exercício irregular de função pública;
- Simulação de nomeação para enganar o Ministério Público;
- Desvio de finalidade e possível improbidade administrativa, nos termos da Lei 8.429/1992.
O contexto que torna tudo ainda mais suspeito
O Ministério Público afastou a antiga secretária por irregularidades.
O prefeito prometeu — dentro da promotoria — assumir pessoalmente a pasta.
Saindo de lá, fez o oposto:
➡️ colocou uma servidora que não mandava em nada e manteve o advogado no comando de fato.
Hoje, ao nomeá-lo oficialmente, o prefeito:
- confirma que ele já mandava antes,
- cria uma tentativa de blindagem retrospectiva,
- e reforça a suspeita de que a Saúde de Morrinhos estava sendo gerida por alguém sem nomeação, sem responsabilidade formal e sem legitimidade administrativa.
Para o Ministério Público, isso acende o alerta máximo:
📌 Havia uma autoridade paralela dentro da Secretaria?
📌 Decisões técnicas estavam sendo tomadas por quem não tinha competência legal?
📌 A nomeação é uma confissão de irregularidades passadas?
A narrativa que o prefeito tenta construir — e que não deve convencer o MP
A estratégia, ao que tudo indica, foi a seguinte:
- Criar uma fachada administrativa com uma secretária que não exercia poder real.
- Deixar o advogado operar nos bastidores.
- Com a pressão interna e o risco de exoneração da “secretária laranja”,➜ formalizar o comando real para evitar responsabilização futura.
Mas há um detalhe incômodo:
📌 A nomeação de hoje não produz efeito retroativo.
Se ele já era o “secretário de fato”, todas as decisões tomadas por ele antes podem ser consideradas nulas, irregulares ou ilegítimas.
E isso não é detalhe técnico — é munição jurídica.
O que o MP deve investigar imediatamente
A partir da nomeação formal, o Ministério Público deve buscar três frentes:
1. A cadeia real de comando da Saúde antes da publicação de hoje
- Quem assinava?
- Quem decidia?
- Quem ordenava despesas?
2. A motivação real para escolher o advogado como secretário
- Ele possui formação ou competência técnica na área?
- Ele atuava informalmente antes?
3. O papel do prefeito na simulação de nomeações anteriores
Se houver prova de que ele mentiu ao Ministério Público, o caso ganha gravidade institucional.
Politicamente, a nomeação de hoje é um tiro no pé
Ao tentar “normalizar” uma situação anormal, o prefeito expõe exatamente aquilo que tentava esconder:
➡️ que a Secretaria de Saúde estava nas mãos de quem jamais deveria tê-la comandado sem nomeação, sem respaldo e sem transparência.
O gesto pode ser interpretado não como solução, mas como confissão.
E, em Morrinhos, onde tudo vaza rápido, a pergunta agora não é mais “quem manda na Saúde?” — essa já foi respondida.
A pergunta passou a ser outra:
👉 Até onde o Ministério Público está disposto a ir a partir dessa nomeação?

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