A força-tarefa da Lava Jato em Curitiba suprimiu sobrenomes dos presidentes da Câmara e do Senado numa ação que investiga doações ilegais de campanha. Mas os procuradores negam terem investigado políticos com foro.
Os nomes, sem os sobrenomes completos, aparecem na denúncia da Lava Jato do Paraná oferecida à Justiça em dezembro do ano passado. A informação foi divulgada pelo site Poder 360.
O Jornal Nacional confirmou que na denúncia não aparecem os sobrenomes pelos quais o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, são conhecidos, como mostra uma tabela sobre as doações eleitorais realizadas por empresas do Grupo Petrópolis a pedido da Odebrecht, em 2014.
Segundo a tabela, Rodrigo Felinto recebeu R$ 200 mil. O nome completo do presidente da Câmara é Rodrigo Felinto Ibarra Epitácio Maia. A tabela também mostra doação a David Samuel, R$ 97.465. O nome completo do presidente do Senado é Davi Samuel Alcolumbre Tobelem. Ao lado de Maia e Alcolumbre não há partido. Também está assim em outros casos, como o de Ronaldo Caiado, governador de Goiás que recebeu R$ 300 mil reais da Praiamar.
Segundo os investigadores da lava-jato, a Praiamar foi comprada pelo Grupo Petropólis, para operar os repasses de dinheiro de propina da operação estruturante da Odebrecht. Os três são do DEM. Assim como Gilberto Kassab e Guilherme Campos, do PSD.
O nome de Caiado consta na planilha de pagamento, na página número 60 da denúncia da lava-jato contra o Grupo Petrópolis. A suspeita da Procuradoria Geral da República é que os procuradores da lava-jato tenha "escolhido" os investigados e excluindo da investiga políticos que receberam dinheiro, com objetivo de não remeter os autos para o STF. Confira a denúncia clicando aqui.
Já ao lado do nome da ex-presidente Dilma Rousseff tem: PT. Jandira Feghali e Manuela D'Ávila, as duas do PCdoB; e há erros também, como colocar o ex-senador Demóstenes Torres como do PT.
Na época dos fatos, Maia e Alcolumbre eram deputados federais e, portanto, já tinham foro no Supremo Tribunal Federal, não podendo ser investigados pela primeira instância.
O documento original das investigações da força-tarefa em que os nomes de Maia e Alcolumbre aparecem com mais sobrenomes é um relatório.
O sobrenome do presidente do Senado aparece cortado: "Alcolum"; e o segundo sobrenome de Maia, Ibarra, ficou "Ibarr".
Mas há políticos com nomes completos na denúncia, como dos deputados Carlos Zarattini (PT) e Aécio Neves (PSDB).
Procuradores disseram que, ao fazer a denúncia, pediram para um assistente inexperiente copiar a tabela. O funcionário teria ficado em dúvida em relação aos sobrenomes que aparecem pela metade e decidiu cortar. Por isso, segundo a versão dos procuradores, os nomes de Maia e Alcolumbre apareceram incompletos.
Procuradores da Lava Jato em Curitiba disseram que a denúncia não fez nenhum juízo de valor sobre as doações eleitorais feitas em relação aos destinatários, se foram lícitas ou ilícitas, mas sim estabeleceu os pagamentos pelo Grupo Petrópolis em favor da Odebrecht, no contexto de crimes de lavagem de dinheiro, e que nenhuma autoridade com foro privilegiado foi investigada ou denunciada. Que não há omissão ou camuflagem de nomes na denúncia e que a simples menção de nome de autoridade com prerrogativa de foro não determina a remessa do caso às instâncias superiores, conforme é pacífico na jurisprudência dos tribunais superiores.
Fonte: Jornal Nacional
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