Em sua tréplica, no curso da troca de acusações com o senador Ronaldo Caiado, nesta terça-feira, o ex-senador Demóstenes concluiu com uma ameaça enigmática: “Essa madrugada fez Ronaldo perder a voz, mas o decorrer dos dias próximos o fará perder o mandato. Não adianta grunhir porque se gritaria resultasse em algo, os porcos não morreriam daquela forma. Aguarde. Quem viver, verá”.
O ex-senador ainda garantiu: “A partir de agora a Justiça vai resolver a minha situação e a dele. Reafirmo tudo o que disse. A minha agonia está no fim e a de Ronaldo Caiado apenas se iniciando. Tenho dito”.
Não há outro assunto, nas rodas políticas, em todo o Estado e até pelo Brasil afora, que não essa “ameaça” formulada por Demóstenes. O que ele sabe que seria tão grave a ponto de levar Caiado a perder o mandato de senador “no decorrer dos próximos dias?”.
No artigo que publicou no Diário da Manhã e na nota à imprensa que distribuiu à tarde, Demóstenes deu algumas dicas.
Diz, por exemplo, que “Caiado rouba”.
Afirma que as despesas de campanhas de Caiado de 2002, 2006 e 2010 foram feitas com recursos suspeitos, fornecidos pelo “anjo caído”, alusão a Carlinhos Cachoeira, e sugere: “Siga o dinheiro”.
Enfatiza que Caiado protegeu um contraventor e chegou a defender que um empresário do jogo ilícito que queria ampliar seu espaço na exploração de máquinas caça-níqueis em Goiás.
Mas algum desses itens seria suficiente para cassar o mandato de Caiado?
Só Demóstenes pode responder. E ele prometeu que vai.
Veja o que Demóstenes Disse Sobre a Resposta de Ronaldo Caiado.
Ronaldo Caiado, à míngua de qualquer argumento, partiu para a adjetivação. Deu uma sapituca, reconheceu quase todos os fatos que apresentei, tentando lhes dar um ar de normalidade. Traz apenas três pontos novos e inverídicos: que eu tenha chorado perante ele e dispensado sua lealdade; que tenha Eurípedes Barsanulfo contido o então diretor-Geral da Polícia Civil, Marcos Martins, em uma suposta invasão do meu gabinete na Secretaria de Segurança Pública; e que o meu suplente de senador José Eduardo Fleury tenha tentado me chantagear. Quanto ao primeiro, ninguém jamais me verá nessas condições. Além do quê, Caiado acredita que o sentimento de lealdade é apenas uma doença de cachorro. No segundo, ainda que fosse verdade, o que nego, nunca pedi para que comprassem minhas brigas. Sempre fui homem o suficiente para enfrentar os meus próprios desafios. O terceiro é apenas mais uma da safra caiadista de invencionices. José Eduardo Fleury foi um suplente honesto e dedicado, a quem sempre respeitei.
O senador comete um ato falho. Eu jamais disse que Agripino Maia teve qualquer esquema com o Detran. Ou teve, Caiado? Sua mitomania atravessa todas as frases e se consubstancia na afirmação de que os integrantes da CPI ouviram 250 mil horas de gravações e o inocentaram. Isso seria o equivalente a passar mais de 28 anos ouvindo, 24 horas por dia, todos os grampos da Operação Monte Carlo. É apenas mais uma fantasia construída para dar ar de veracidade à personagem que o senador canastrão representa.
Essa madrugada fez Ronaldo perder a voz, mas o decorrer dos dias próximos o fará perder o mandato. Não adianta grunhir porque se gritaria resultasse em algo, os porcos não morreriam daquela forma. E repito: comigo é nos termos que já propus, exceto em uma disputa intelectual, porque cérebro Caiado não possui. Aguarde. Quem viver, verá.
A partir de agora a Justiça vai resolver a minha situação e a dele. Reafirmo tudo o que disse. A minha agonia está no fim e a de Ronaldo Caiado apenas se iniciando. Tenho dito.
Demóstenes Torres é procurador de Justiça e ex-senador.
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