Reportagem de VEJA desta semana conta como o cartola, antes de se mudar para Miami, vendeu os bens no país para driblar futuros processos na Justiça
Ricardo Teixeira. Foto (Wilton Junior/Agência Estado) |
Em outubro passado, leiloou
todo o gado que tinha na Fazenda Santa Rosa, em Piraí (RJ). Arrecadou quase 2
milhões de reais. No mês seguinte, encerrou as atividades do laticínio Linda
Linda (com o qual ganhava dinheiro vendendo queijo e leite à... isso mesmo,
CBF). A própria fazenda, sede de grandes festas na fase do poder, está à venda.
Um restaurante e uma boate que ele tinha no Rio de Janeiro foram fechados. E o
apartamento onde vivia, no Leblon, já foi vendido. Sua estratégia é desfazer-se
de todos os bens e enviar o dinheiro para bem longe do alcance da Justiça
brasileira, no caso de um pedido de bloqueio de bens. No último ano, ele
comprou um apartamento em Paris e uma casa em Boca Raton, na Flórida. É lá que,
a partir de agora, pretende viver com a mulher e a filha de 9 anos. Em seus
últimos dias como presidente da CBF, Teixeira usou a caneta para demitir
aliados fiéis — e brindá-los com indenizações polpudas. Seu tio Marco Antonio Teixeira deixou
a entidade com 2 milhões de reais no bolso. Antônio Osório, diretor
financeiro, recebeu mais de 1 milhão de reais.
Teixeira ainda se esforçou para manter algum poder, e alguns negócios, por meio
da nomeação de aliados na CBF. Para a organização da Copa, ele
designou o ex-jogador Ronaldo. E, para comandar as
seleções, o escolhido foi o ex-presidente do Corinthians Andrés
Sanchez, amigo de Lula. O ex-governador de São Paulo
José Maria Marin, seu sucessor natural no cargo, joga no mesmo time. Mas o
único que deve sobreviver é Ronaldo, mesmo assim com poderes reduzidos. Marin, que em janeiro foi pilhado
embolsando uma medalha destinada aos campeões de um torneio de futebol amador, não deverá chegar a
esquentar a cadeira da presidência.
A mando da presidente Dilma
Rousseff, o deputado Vicente Cândido, do PT paulista, já começou a articular
com clubes e federações um nome de consenso para assumir o posto. Hoje, o
principal candidato é Marco Polo Del Nero, presidente da Federação Paulista.
Também a mando da presidente, o deputado começa a procurar em bancos e
empreiteiras um gestor para assumir as operações do Comitê Organizador Local. A
presidente teme que escândalos de corrupção na construção de estádios ou em
contratos com fornecedores da Copa manchem a imagem do Brasil e de seu governo
no exterior — motivo pelo qual patrocinou a saída de Teixeira. A retirada de campo de um nome que,
por mais de duas décadas, estrelou escândalos de fraude e corrupção, patrocinou conchavos políticos e
disseminou maus hábitos por onde passou não vai purificar o futebol brasileiro.
Mas é certo que ele passará a respirar melhor.
Revista Veja
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