sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Ricardo Teixeira Vende Bens Para Sair do País Com 50 Milhões no Bolso


Reportagem de VEJA desta semana conta como o cartola, antes de se mudar para Miami, vendeu os bens no país para driblar futuros processos na Justiça


Ricardo Teixeira. Foto (Wilton Junior/Agência Estado)  
Depois de 23 anos à frente da CBF, o cartola Ricardo Teixeira deve deixar nos próximos dias o comando da entidade. Encurralado por uma investigação que revelou um escândalo internacional de corrupção, chantageado pela Fifa, pressionado pelo governo e abandonado pelos aliados, ele sai de cena dois anos antes da Copa do Mundo de 2014, evento em que planejava fazer sua despedida de gala. Reportagem de VEJA desta semana explora os bastidores dessa queda e mostra que, antes de sair do cargo, Teixeira trabalhou para preservar seu dinheiro, uma fortuna, avaliada em 50 milhões de reais.
Em outubro passado, leiloou todo o gado que tinha na Fazenda Santa Rosa, em Piraí (RJ). Arrecadou quase 2 milhões de reais. No mês seguinte, encerrou as atividades do laticínio Linda Linda (com o qual ganhava dinheiro vendendo queijo e leite à... isso mesmo, CBF). A própria fazenda, sede de grandes festas na fase do poder, está à venda. Um restaurante e uma boate que ele tinha no Rio de Janeiro foram fechados. E o apartamento onde vivia, no Leblon, já foi vendido. Sua estratégia é desfazer-se de todos os bens e enviar o dinheiro para bem longe do alcance da Justiça brasileira, no caso de um pedido de bloqueio de bens. No último ano, ele comprou um apartamento em Paris e uma casa em Boca Raton, na Flórida. É lá que, a partir de agora, pretende viver com a mulher e a filha de 9 anos. Em seus últimos dias como presidente da CBF, Teixeira usou a caneta para demitir aliados fiéis — e brindá-los com indenizações polpudas. Seu tio Marco Antonio Teixeira deixou a entidade com 2 milhões de reais no bolso. Antônio Osório, diretor financeiro, recebeu mais de 1 milhão de reais.


Teixeira ainda se esforçou para manter algum poder, e alguns negócios, por meio da nomeação de aliados na CBF. Para a organização da Copa, ele designou o ex-jogador Ronaldo. E, para comandar as seleções, o escolhido foi o ex-presidente do Corinthians Andrés Sanchez, amigo de Lula. O ex-governador de São Paulo José Maria Marin, seu sucessor natural no cargo, joga no mesmo time. Mas o único que deve sobreviver é Ronaldo, mesmo assim com poderes reduzidos. Marin, que em janeiro foi pilhado embolsando uma medalha destinada aos campeões de um torneio de futebol amador, não deverá chegar a esquentar a cadeira da presidência.

A mando da presidente Dilma Rousseff, o deputado Vicente Cândido, do PT paulista, já começou a articular com clubes e federações um nome de consenso para assumir o posto. Hoje, o principal candidato é Marco Polo Del Nero, presidente da Federação Paulista. Também a mando da presidente, o deputado começa a procurar em bancos e empreiteiras um gestor para assumir as operações do Comitê Organizador Local. A presidente teme que escândalos de corrupção na construção de estádios ou em contratos com fornecedores da Copa manchem a imagem do Brasil e de seu governo no exterior — motivo pelo qual patrocinou a saída de Teixeira. A retirada de campo de um nome que, por mais de duas décadas, estrelou escândalos de fraude e corrupção, patrocinou conchavos políticos e disseminou maus hábitos por onde passou não vai purificar o futebol brasileiro. Mas é certo que ele passará a respirar melhor.


Revista Veja

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