sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Syd não suporta pressão e renuncia.


Syd de Oliveira Reis não suportou a pressão e o isolamento na tentativa de voltar ao comando do Goiás e renunciou ontem, no início da noite, ao cargo de presidente do clube. A decisão foi tomada após um dia inteiro de articulações e negociações para a entrega da carta-renúncia, de uma página, que chegou às mãos do vice-presidente do Conselho Deliberativo e líder da Comissão de Sindicância criada para apurar as supostas irregularidades da gestão 2009/2010, Edson Ferrari. Hailé Pinheiro reassume o alviverde após sete dias, tempo que Syd passou no posto máximo do clube por ter obtido liminar na Justiça.
Em carta endereçada ao Conselho e ao seu presidente, Syd falou sobre o que o motivou a renunciar. "Leva-me a fazê-lo a consciência que tenho de que o Goiás Esporte Clube deve estar sempre à frente dos interesses pessoais e todos os elementos que, de um modo ou de outro, participam da administração, dos interesses morais ou patrimoniais do nosso clube. Foi imbuído desse sentimento e consciente desse dever cumprido", escreveu o ex-presidente, que finalizou o documento desejando sorte à nova equipe que comandará o clube esmeraldino. Em agosto, Syd chegou a dizer que só deixaria a presidência em caso de "enfarte, derrame ou tiro".
Hailé irá acumular as funções de presidente executivo e do Conselho Deliberativo, mas terá quatro auxiliares de sua confiança. Juntos, eles formação uma comissão para gerir o Goiás. Alexandre Iunes cuida da parte jurídica, Marcelo Segurado é o responsável pela área administrativa e ajuda em outros departamentos e Edmo Mendonça Pinheiro fica mais diretamente ligado ao futebol. Marcos Figueiredo, que foi nomeado por Hailé diretor de futebol quando Syd foi suspenso preventivamente, disse não querer voltar ao cargo oficialmente, mas deve ajudar nos próximos passos.
Pagamento
A primeira atitude, que deve ser tomada até amanhã, é o pagamento de pelo menos um mês de salários aos jogadores do elenco - o atraso é de dois meses e já gerou insatisfação, desgaste e reclamações públicas antes da vitória sobre o Guarani, quarta-feira, por 3 a 1. A promessa é de que uma folha salarial será quitada ainda antes da partida contra o Inter, domingo, às 18h30, em Porto Alegre.

Depois disso, a ordem é arrumar a casa. "O primeiro objetivo é enxugar ao máximo. A gente tem de fechar as torneiras", disse Marcelo Segurado sobre a necessidade de cortar gastos e economizar. O dirigente minimiza a briga política pela qual o Goiás passou nos últimos meses (veja Na história). "Não está na hora de apontar erros."
Apesar do otimismo, Ferrari fala das dificuldades de recuperação do alviverde. "Serão dias difíceis para recuperar primeiro a confiança e o entusiasmo da torcida e depois para a diretoria executiva dar outro rumo ao Goiás", comentou o vice do Conselho.
O que culminou na renúncia de Syd, que permaneceu por um ano e oito meses como presidente, foi a posição insustentável na qual o dirigente se viu após a suspensão preventiva de 30 dias (dia 31 de agosto) e o afastamento de seus antigos aliados. Depois do afastamento temporário, a Comissão de Sindicância apontou 14 questionamentos para serem respondidos por Syd, que conseguiu uma liminar para voltar ao cargo. O Conselho sequer chegou a recorrer para tentar suspender ou cassar a decisão.
Syd respondeu aos 14 itens e encaminhou documentos à Comissão na quarta-feira. Segundo Ferrari, a Comissão está desfeita por conta da renúncia do agora ex-presidente - "ela não tem mais objeto" -, mas diz que as respostas serão enviadas ao Conselho. Procurados pela reportagem, Syd e Hailé não atenderam aos telefonemas.
Com situação definida, Hailé anteciparia pleito
No dia 1º, após assumir o Goiás por conta da suspensão preventiva de Syd de Oliveira Reis por 30 dias, o presidente do Conselho Deliberativo, Hailé Pinheiro, falou sobre o desejo de antecipar a realização das eleições no clube. Ele condicionou a medida à definição da situação da presidência. Com a renúncia de Syd, ontem, o caminho fica aberto para que o dirigente convoque novo pleito, a princípio previsto para dezembro.
Segundo Hailé, naquele dia, a antecipação das eleições não dependia da recuperação do alviverde no Campeonato Brasileiro. O Goiás venceu quarta-feirao Guarani (3 a 1), mas o time ainda precisa de uma série de resultados para sair da lanterna e da zona de rebaixamento à Série B.
Marcelo Segurado, superintendente geral do clube e um dos integrantes da comissão que vai comandar o Goiás a partir de agora, acredita que o grupo deve gerir o alviverde até o fim do ano. "Agora, o Goiás não precisa passar por um momento eleitoral", disse, acrescentando que novo pleito só desviaria o foco e deixaria o ambiente ainda turbulento.
O vice-presidente do Conselho Deliberativo, Edson Ferrari, acredita no sucesso do clube daqui para a frente. "Sou eterno otimista. O Hailé (Pinheiro) tem a experiência suficiente para administrar bem junto com o Conselho. O Goiás vai poder novamente dar alegria à torcida", afirmou o conselheiro esmeraldino. (PP)
NA HISTÓRIA


Gestão de Syd é marcada por polêmicas e divergências
Eleito no fim de dezembro de 2008, após eleição na qual venceu antigo aliado, Raimundo Queiroz, o ex-presidente Syd de Oliveira Reis teve a gestão marcada por polêmicas e isolamento político. Antes de assumir o cargo, Syd pleiteou a presidência, mas foi preterido e cedeu a cabeça de chapa ao diretor, Pedro Goulart, ainda no final de 2006.
À frente do clube, Syd nunca gostou de tomar a bênção do homem-forte e presidente do Conselho Deliberativo, Hailé Pinheiro.
Se no começo do mandato os resultados apareceram - o Goiás venceu o Estadual (2009) após três anos -, os problemas financeiros e administrativos logo desafiaram Syd de Oliveira. Em agosto de 2009, negociou o meia Felipe Menezes por R$ 3 milhões, com o Benfica, para pagar salários atrasados.
Edmo Mendonça Pinheiro, o Edminho, responsável pelas transações de atletas no clube, disse não ter sido consultado por Syd. Estava aberta a ferida. Depois, Edmo repatriou o atacante Fernandão - em carta recente, Syd afirma ter sido contra. O agora ex-presidente e o jogador tiveram relação marcada por divergências. O diretor de futebol, Marcos Figueiredo, saiu depois da pífia participação do time no Estadual e na Copa do Brasil.
Já o diretor jurídico, Felicíssimo Sena, deixou o cargo e o fato gerou a renúncia do diretor de futebol, Sebastião Macalé, e Alexandre Iunes saiu da assessoria jurídica - Macalé e Alexandre eram vices de Syd.
Isolado e com dificuldades financeira e administrativa, Syd decidiu negociar o zagueiro Rafael Toloi, assim como ceder o atacante Felipe ao Al-Nasr (Emirados Árabes) por US$ 500 mil, além de emprestar os atacantes Diogo Galvão ao Atlético e Jonhathan ao futebol francês.
Syd criticou Hailé. O Conselho se reuniu em 31 de agosto e decidiu por suspensão preventiva de 30 dias a Syd.(Jânio José da Silva)
Aliviado, elenco busca regularidade
A vitória sobre o Guarani, a primeira após a paralisação do Brasileiro para a Copa do Mundo - o jejum durou 12 jogos -, deixou o elenco do Goiás aliviado da pressão que sofria para vencer, mas o discurso ainda é o de melhorar o rendimento. E o time precisa, já que segue na lanterna da Série A, com 16 pontos e saldo negativo de 19 gols.
Ontem, um dia depois do triunfo sobre a equipe paulista (3 a 1) no início do returno do Brasileirão, jogadores exaltaram a "alegria no vestiário" e o relacionamento com o técnico Jorginho, que chegou à terceira partida no comando do Goiás.
O alviverde voltou a vencer num dia em que Felipe, artilheiro do ano passado nesta temporada e na de 2009, voltou a marcar gols depois de mais de quatro meses - fez dois, um deles de pênalti. "Foi o 4º ou 5º jogo que participei e aos poucos eu entro na minha forma ideal. Sair jogando é sempre melhor", comentou o atacante, que foi titular pela primeira vez no Brasileirão.
Numa projeção otimista, Felipe disse que o Goiás tentará fazer o dever de casa. "Se pudermos vencer os dez jogos em casa no 2º turno, vamos em busca disso", afirmou o jogador. Quarta-feira, o alviverde conseguiu a sua 3ª vitória em casa em 11 jogos, incluindo aí o triunfo no clássico contra o Atlético, no Serra Dourada, em que o rubronegro era o mandante. Até o fim da competição, fará mais nove partidas em seus domínios.
Logo após a vitória de quarta-feira, Romerito disse que o alviverde tem de valorizar o coletivo e elogiou Felipe. "Hoje (quarta), sobressaiu o nosso coletivo. Não é o individual, não temos jogador que desequilibra. Agora até voltamos a ter, que é o Felipe, é o matador. Nosso vestiário hoje estava muito mais alegre, voltou a ter uma música ali dentro, uma ambiente descontraído", disse o meio-de-campo, que também voltou a ser titular depois da paralisação do Campeonato Brasileiro para a Copa do Mundo.
Inter
No jogo contra o Inter, domingo, o Goiás não terá os volantes Carlos Alberto, suspenso, e Jonílson, que continua machucado. Rafael Toloi continua fora do time, já que pediu um tempo para recuperar a forma física ideal. Amaral e Douglas poderão voltar, pois cumpriram suspensão.

Ontem, no CT Edmo Pinheiro, os reservas e os que pouco atuaram na vitória sobre o Guarani fizeram um jogo-treino diante da Aparecidense e venceram por 3 a 1. O alviverde iniciou com Fábio; Wendel Santos, Rafael Toloi, Augusto e Jadílson; Amaral, Rithely, Carlos Alberto e Wellington Saci; Otacílio Neto e Éverton Santos.

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