Nerópolis vive um dos capítulos mais obscuros da sua política recente. Em meio a serviços essenciais precários, crianças autistas sem atendimento e prioridades completamente invertidas, o prefeito Luiz Alberto Franco Araújo decidiu empurrar para o município um empréstimo de R$ 16 milhões.
Um endividamento pesado, duradouro e sem transparência clara sobre o destino final dos recursos — que pode comprometer o futuro das contas públicas e agravar ainda mais a crise social da cidade.
Mas o mais grave não é apenas o empréstimo.
É como estão tentando aprová-lo.
A história que acontece nos bastidores da Câmara Municipal revela uma engrenagem de poder movida por interesses pessoais, cargos distribuídos, parentes nomeados e manobras para enganar a população.
E no centro de tudo está um nome:
Regina Carminda Lourenço Miquelante (MDB)
Presidente da Câmara Municipal de Nerópolis.
A primeira derrota e a virada suspeita
Antes de chegar ao plenário, o projeto do empréstimo passou pela Comissão Mista, formada pela Comissão de Constituição e Justiça e pela Comissão de Orçamento e Finanças.
E ali, o resultado foi cristalino:
❌ O empréstimo foi rejeitado.
Placar: 4 a 2 contra.
Era para ter acabado ali.
Qualquer gestão séria teria respeitado o resultado, recuado e apresentado alternativas.
Mas não em Nerópolis.
Regina atuou pessoalmente nos bastidores e conseguiu o improvável: três vereadores mudaram o voto, sem apresentar à sociedade qualquer justificativa técnica, jurídica ou financeira.
Mudaram simplesmente porque foram convencidos a mudar.
Os nomes:
- Nenzão
- Júnior do Bida
- Colorado
E a pergunta que ecoa nas ruas, nas redes sociais e dentro da própria Câmara é direta:
**Por que eles mudaram o voto?
O que aconteceu entre a derrota e a virada?
Qual foi o “convencimento”?**
Até agora, ninguém explicou.
E o silêncio, como sempre, diz tudo.
O único voto firme e a retaliação imediata
Entre todos, apenas um vereador manteve sua posição desde o início:
Claudinho
Ele votou contra o empréstimo quando ninguém mais teve coragem.
E a resposta do prefeito Luiz Alberto foi imediata — quase uma punição exemplar:
❗ A esposa dele,
Terezinha de Jesus Macedo
, presidente do Instituto de Previdência de Nerópolis, foi demitida no MESMO DIA.
Não houve sequer tentativa de disfarçar.
Era um recado:
“Quem votar contra o prefeito, perde o cargo.”
Assim funciona a máquina.
Regina Miquelante: a articuladora que tenta se esconder
Após reorganizar a comissão, negociar votos e preparar a aprovação, Regina agora tenta escapar da cena.
O plano é simples:
- deixar a sessão ser presidida pelo vice, Nenzão,
- evitar que seu nome apareça diretamente no voto,
- fingir neutralidade,
- e sair de campo limpa, como se não tivesse sido a grande articuladora de tudo.
É a velha manobra do “não votei”, usada para enganar os mais desavisados.
Mas a verdade é uma só:
O empréstimo só existe porque Regina trabalhou pessoalmente para isso.
O sistema de proteção: cargos, parentes, aliados e dependência política
O que explica tanta dedicação para aprovar um empréstimo impopular e sem prioridade?
A resposta aparece nos documentos oficiais da própria Prefeitura de Nerópolis.
Regina Miquelante não é apenas presidente da Câmara.
Ela é o centro de uma rede de nomeações, cargos comissionados e parentes empregadas na máquina municipal — uma estrutura que amarra seu mandato ao interesse do prefeito.
Entre os beneficiados ligados à presidente estão:
1. Parentes diretas nomeadas na Prefeitura:
- Sônia Miquelante – com atuação vinculada à administração pública;
- Ana Cláudia Lourenço Silva – Agente Educativo (Out/2025);
- Ana Lúcia da Cunha e Silva Lourenço – Agente de Serviços Gerais;
- Fabiana de Lourdes Lourenço Ribeiro – Agente de Serviços Gerais.
2. Parentes em cargos estratégicos e bem remunerados:
- Onofre Lourenço Alves França – Secretário de Desenvolvimento Econômico (CDS-1), um dos cargos mais altos da estrutura municipal.
3. Nomeações políticas dentro do núcleo administrativo:
- Leila Custódio Pereira – nomeada Chefe do Setor de Controle de Compras (CDI-2), posição estratégica que influencia licitações, compras e processos internos.
Esses vínculos, comprovados em folhas de pagamento, decretos de nomeação e documentos oficiais, mostram que Regina não tem liberdade política:
Ela depende do prefeito — e o prefeito depende dela.
Uma relação de sobrevivência mútua:
cargos em troca de fidelidade, fidelidade em troca de manutenção de poder.
É por isso que Regina articula.
É por isso que ela pressionou vereadores.
É por isso que ela tenta se esconder agora.
Quando uma presidente da Câmara tem toda a família distribuída dentro da prefeitura, simplesmente não existe independência legislativa.
Quem perde com isso? Nerópolis. Sempre Nerópolis.
Enquanto as manobras acontecem:
- Crianças autistas continuam sem atendimento.
- O município investe R$ 6 milhões em grama.
- A cidade se endivida sem planejamento.
- Obras sem prioridade seguem sendo empurradas goela abaixo.
E agora querem impor ao povo uma dívida de R$ 16 milhões construída na base de retaliação, troca de votos e silêncio conveniente.
Editorial: A farsa está montada — mas o povo não é obrigado a engolir
Regina quer dizer que “não votou”.
Nenzão quer dizer que “só presidiu”.
Colorado, Bida e Nenzão querem que esqueçam que mudaram de voto.
E o prefeito quer parecer técnico.
Mas a verdade é nua e crua:
O empréstimo de R$ 16 milhões só existe porque a Câmara virou extensão do gabinete do prefeito.
Regina é a principal responsável pela aprovação — com rabo preso e dependência política.
Quem vota a favor está votando contra o povo e a favor de um sistema de troca de favores.
Quem vota contra, perde cargo e sofre retaliação.
E enquanto isso, Nerópolis segue pagando a conta.
Literalmente.

Nenhum comentário:
Postar um comentário