sábado, 8 de novembro de 2025

A INDÚSTRIA DAS CIRURGIAS ELETIVAS EM GOIÁS: QUEM GANHA, QUEM PERDE — E QUEM PAGA A CONTA

Nos bastidores da saúde pública de Goiás, opera um mecanismo silencioso, complexo e extremamente lucrativo. Ele gira em torno das chamadas cirurgias eletivas, procedimentos aguardados por milhares de pacientes que precisam operar, mas que acabam entrando em filas intermináveis, marcadas por promessas, burocracia e, muitas vezes, por interesses que nada têm a ver com saúde.


A informação que chegou ao Blog revela um modelo que, se confirmado, revela um esquema sofisticado de financiamento político utilizando Organizações Sociais (OS) contratadas para realizar cirurgias eletivas.

Como funcionaria o modelo

Parlamentares destinariam emendas para a saúde com um objetivo claro:

realizar cirurgias eletivas e reduzir filas.


O dinheiro chega ao município ou ao hospital através de uma OS, contratada para executar os procedimentos.

No papel, tudo legal. No discurso, tudo moral. Na prática, o caminho se complica.

O ponto crítico

A OS contratada não realiza a totalidade das cirurgias pagas pela verba pública.

Segundo fontes internas da própria rede hospitalar, apenas cerca de 50% dos procedimentos seriam efetivamente feitos.

E o restante?

É aí que a denúncia se agrava:


  • O político aparece como quem “trouxe recurso para saúde”.
  • A OS executa parcialmente.
  • O dinheiro retorna para campanhas, bases e estruturas.
  • E o povo?
    Volta para casa com a cirurgia adiada.
    Mais uma vez.

    Quatro delitos foram denunciados,
    Dois estadual e
    Dois federal. Estamos cruzando informações sobre a destinação das emendas com a OS denunciada.

Basta olhar para as filas

Quem espera por cirurgia de vesícula, hérnia, ortopédica, ginecológica ou urológica sabe exatamente o que isso significa:

dor, sofrimento, remédio à base de dipirona, e um “volte mês que vem”.


Enquanto isso, nos eventos públicos:


  • Entrega de ambulância com lacinho
  • Foto com jaleco no hospital
  • Vídeo com fundo musical e frase pronta sobre “compromisso com a vida”

A vida, no entanto, é a vida do paciente — aquela que fica parada na fila.

A matemática da saúde

Se a denúncia procede, estamos diante de um mecanismo em que:


  • Metade do dinheiro público destinado à saúde não vira atendimento.
  • Metade da fila permanece.
  • Metade da dor continua.

E o pior:

A população nem imagina que a cirurgia que ela aguarda há meses, já foi paga.

Não é questão partidária

Não se trata de esquerda, direita, centrão, base ou oposição.

Trata-se de ética na gestão de recursos da saúde — o setor onde cada centavo é sobre vida e sofrimento.

Opinião

Se há alguém utilizando dor humana como ativo eleitoral, estamos diante de algo mais grave do que corrupção.

Estamos diante de crueldade institucionalizada.


Se há repasses mascarados, que se investigue.

Se há conluio administrativo, que se rompa.

Se há omissão, que se responsabilize.


Mas, acima de tudo:

Que o povo saiba.


Porque nenhuma fila cirúrgica deveria ser usada como moeda política.

E nenhuma dor deveria servir como plataforma de poder.

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