domingo, 19 de outubro de 2025

Desvio sob suspeita: deputado Eduardo Prado cobra explicações sobre uso de R$ 300 mil da Taxa do Agro para pagar advogados do IFAG

O escândalo da “defesa com dinheiro público” expõe o lado obscuro do modelo de terceirização de obras de Ronaldo Caiado e o aparelhamento do IFAG, braço da FAEG dentro do governo de Goiás

O governo Ronaldo Caiado (União Brasil) volta ao centro de uma grave denúncia de desvio e falta de transparência no uso do dinheiro público.

Desta vez, o alvo é o Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (IFAG) — a organização social escolhida pelo governador para administrar obras de infraestrutura custeadas pela chamada Taxa do Agro, fundo bilionário abastecido com recursos de produtores rurais goianos.

O deputado estadual Eduardo Prado (PL) protocolou uma série de ofícios oficiais questionando se cerca de R$ 300 mil dessa verba pública teriam sido utilizados irregularmente para pagar advogados do escritório Manesco, contratados pelo IFAG para fazer a defesa judicial do modelo de gestão do governo.

Esse mesmo modelo foi barrado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em decisão liminar do ministro Alexandre de Moraes, que considerou ilegal o formato de contratação de obras e serviços via OS adotado pelo governo goiano.


⚖️ “O IFAG recebe dinheiro público e tem o dever de transparência”

No Ofício nº 143/2025, o deputado cobra que o IFAG apresente as prestações de contas dos últimos quatro meses, a íntegra do contrato com o escritório Manesco, além de aditivos e comprovantes de pagamento.

Em outro documento (Ofício nº 144/2025), enviado ao Ministério Público de Goiás, Eduardo Prado pede investigação formal sobre a origem dos recursos usados na defesa jurídica do instituto.


A denúncia aponta para possível uso indevido de recursos do agro — que deveriam ser destinados a obras públicas — para financiar a defesa jurídica de um modelo de gestão declarado irregular pelo Supremo.


🕳️ Omissão, silêncio e vínculos com a FAEG

Em novo documento (Ofício nº 145/2025), Prado denuncia que o IFAG não respondeu a nenhuma das solicitações de seu gabinete.

Além disso, o site da instituição redireciona contatos para a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG), presidida por José Mário Schreiner, aliado político de Caiado e ex-deputado federal.

A denúncia reforça uma suspeita antiga: o IFAG seria um instrumento de poder da FAEG dentro do governo estadual, funcionando como organização social de fachada para gerenciar contratos e recursos públicos sem o devido controle social.

🚨 STF já havia alertado para “risco de desvio da moralidade”

O próprio STF, ao suspender o convênio entre o Estado e o IFAG, reconheceu o “risco de desvio dos princípios da moralidade e da publicidade”.

Agora, com as novas suspeitas levantadas, esse alerta ganha contornos mais concretos:

dinheiro do agro, que deveria financiar obras e infraestrutura, pode estar bancando a defesa de quem é investigado por irregularidades.


Trata-se de um ciclo de impunidade perigoso, onde recursos públicos alimentam a defesa de agentes públicos e entidades que são alvo de investigação — uma inversão completa do princípio republicano da responsabilidade administrativa.

🧩 Análise opinativa

A denúncia de Eduardo Prado toca em um ponto sensível e emblemático da gestão Caiado: a terceirização disfarçada da administração pública via organizações sociais, prática que já se alastrou pela saúde, pela educação e agora avança sobre as obras e o dinheiro do agro.


Ao atrelar o IFAG à FAEG, o governo cria uma estrutura híbrida — parte estatal, parte privada — que concentra poder, recursos e influência, mas esvazia a transparência e os mecanismos de controle.

Na prática, o IFAG virou um braço político e operacional do agronegócio dentro do governo, blindado por contratos milionários e pouca prestação de contas.


🔎 O que está em jogo


  • R$ 300 mil da Taxa do Agro sob suspeita de desvio;
  • Defesa jurídica paga com dinheiro público;
  • Organização social sem transparência;
  • STF alertando para riscos de imoralidade;
  • E um governo que insiste em terceirizar responsabilidades, mas não a culpa.

Enquanto o IFAG se cala, as perguntas se acumulam:

Quem autorizou o pagamento dos advogados?

Por que a verba do agro financiou defesa judicial?

E, sobretudo, quem será responsabilizado se o desvio for confirmado?


Um comentário:

Veredito disse...

https://www.mpgo.mp.br/portal/noticia/denunciados-pelo-mpgo-jornalistas-sao-condenados-pelos-crimes-de-calunia-e-difamacao-praticados-contra-promotor-de-justica