quarta-feira, 5 de novembro de 2025

Foguetório do Comando Vermelho Em Goiânia Derruba Narrativa de Caiado

O Estado Paralelo Soa Mais Alto: O Foguetório Que Expôs a Força do Crime em Goiânia

A homenagem sincronizada à facção no Rio revela muito mais do que fogos — revela territórios, comando e silêncio de autoridades.


O que aconteceu por volta das 22h da última terça-feira (4/11), em Goiânia, Aparecida de Goiânia e Senador Canedo, não foi apenas um foguetório. Foi um ato de demonstração de poder, executado de forma simultânea em bairros distintos, com logística coordenada, e supostamente em homenagem a criminosos mortos na megaoperação realizada no Rio de Janeiro, que deixou mais de 120 mortos.

Quando fogos sobem ao céu ao mesmo tempo, em diferentes regiões, não estamos falando de festa, coincidência ou brincadeira.
Estamos falando de território, comando e mensagem.

A Linguagem do Crime

A facção não precisou divulgar vídeos ou bandeiras.
Não precisou postar manifesto.
A comunicação ocorreu por um código simples e direto:

fogos simultâneos = sinal de domínio e organização.

Quem conhece segurança pública sabe:

Fogos sincronizados não são comemoração.
São comunicação de guerra.

A Operação no Rio Ecoa em Goiânia

Os fogos teriam sido disparados em homenagem a seis foragidos de Goiás mortos na operação do Rio de Janeiro.

Ou seja:

  • criminosos de Goiás estavam integrados à facção nacional,

  • haviam se refugiado no RJ,

  • e mantinham conexão com as bases criminais em Goiânia.

Isso desmonta a ideia de que o crime em Goiás seria local, isolado ou amador.

Não é.
É articulado, hierarquizado e conectado nacionalmente.


A Narrativa Oficial Caiu Por Terra

Por anos, o governador Ronaldo Caiado afirmou em entrevistas, discursos e campanhas oficiais que:

“Em Goiás não existe facção criminosa.”

“Aqui, ou o bandido muda de vida ou muda de Estado.”

O que ocorreu na noite de terça-feira contradiz frontalmente essa declaração.

A homenagem simultânea, coordenada e territorialmente marcada não é fruto de criminosos isolados, mas de estrutura organizadauma facção.

Se não houvesse facção, não haveria coordenação simultânea em três cidades.

O slogan político não resistiu ao som dos fogos.


O Silêncio das Autoridades

Até agora:

  • Nenhuma coletiva da Secretaria de Segurança Pública

  • Nenhuma nota oficial da Polícia Civil

  • Nenhum pronunciamento da Prefeitura

  • Nenhum debate na Câmara Municipal

Não é falta de informação.
É constrangimento.

Porque o foguetório mostrou publicamente quem está ocupando o espaço que o Estado abandonou.


Onde Aconteceu Diz Mais Que a Notícia

Setor dos Funcionários.
Real Conquista.
Periferias de Aparecida de Goiânia e Senador Canedo.

Locais onde:

  • O Estado aparece só com viatura passando

  • E o crime aparece com presença, convivência e controle

Não houve reação policial proporcional.
Não houve helicóptero.
Não houve cerco.

Houve normalidade.

E quando o crime age à luz do dia — e a cidade assiste — significa que o Estado já recuou.


Conclusão

O foguetório não foi um evento isolado.
Foi um recado.

Uma demonstração de força.
Da força de quem não teme mais o Estado.
Da força de quem governa territórios sem eleição.

Enquanto se disputa cargo, secretaria, emenda e foto oficial,
o crime avança em silêncio — e sem oposição.

A pergunta que fica é:

Goiânia vai fingir que não viu?

Ou vamos esperar o próximo recado —
quando não forem fogos, mas balas!

Nenhum comentário: