quinta-feira, 28 de agosto de 2025

PCC nos Combustíveis: a engrenagem bilionária que escancara a infiltração do crime organizado na economia

Uma megaoperação deflagrada nesta quinta-feira (28) expôs o que muitos preferiam ignorar: o crime organizado não atua apenas nas sombras da violência armada, mas também nas engrenagens da economia formal. Mais de 350 alvos ligados ao PCC foram atingidos em uma investigação que revelou um esquema bilionário de adulteração de combustíveis, fraude fiscal e lavagem de dinheiro.


O prejuízo estimado em R$ 7,6 bilhões em impostos federais, estaduais e municipais não é apenas um número contábil. É o retrato de como a corrupção e a omissão institucional permitem que facções criminosas capturem setores inteiros da economia — neste caso, o de combustíveis, essencial para a vida de qualquer cidadão.

Metanol: combustível do crime

O eixo central da fraude era a importação irregular de metanol, desviado do Porto de Paranaguá (PR) com notas fiscais falsas e transportado clandestinamente para postos e distribuidoras em vários estados, incluindo Goiás.

Esse produto, altamente tóxico e inflamável, era utilizado para adulterar combustíveis. Resultado? Consumidores enganados com fraudes quantitativas (menos combustível na bomba) e qualitativas (gasolina adulterada).

Postos sob suspeita e a lei do medo

Mais de 300 postos estão sob investigação. Proprietários que venderam estabelecimentos à rede criminosa relatam não terem recebido os valores combinados e, ao cobrar, foram ameaçados de morte. O terror que antes estava restrito às vielas e presídios agora se manifesta em contratos e escrituras comerciais

Lavagem sofisticada, crime enraizad

Os lucros ilícitos eram lavados por meio de “fintechs criminosas”, shell companies e fundos de investimento. O dinheiro financiava até usinas sucroalcooleiras, mostrando que a estrutura criminosa não apenas drena recursos públicos, mas também distorce a concorrência de setores inteiros da economia.

Estado em xeque: propaganda x realidade

O Ministério Público foi categórico: a atuação do PCC no setor é “permanente e estruturada”. Enquanto isso, figuras como o governador Ronaldo Caiado chegaram a minimizar a presença de facções em Goiás, vendendo uma imagem de segurança que agora se mostra ilusória. A operação revela que o crime não apenas existe, como prospera sob a capa de discursos políticos triunfalistas.

Conclusão: a contaminação vai além da bomba de combustível

O escândalo do combustível adulterado não é só sobre motoristas lesados ou cofres públicos saqueados. É sobre a capacidade do crime organizado de se infiltrar na economia formal, disputar espaço com empresas legítimas e submeter até mesmo empresários à lógica do medo e da extorsão.


Enquanto governos tentam vender narrativas de que controlam o crime, a realidade é que a facção já encontrou o caminho para se institucionalizar. O combustível que move o PCC não é apenas o metanol adulterado — é a omissão e a complacência do poder público.

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