Paulo do Vale: o sonho que pode virar frustração
Paulo do Vale deixou a prefeitura de Rio Verde em 2024 após oito anos de mandato e, desde então, se manteve próximo ao núcleo do MDB, com a expectativa de ser recompensado com a vice de Daniel Vilela. A ascensão de Wellington Carrijo, seu sucessor, parecia reforçar sua influência. Mas, a política é dinâmica — e impiedosa.
Ao que tudo indica, o prefeito que construiu seu capital político com investimentos em educação e boa relação com as forças de segurança pode ser preterido, vítima de um jogo maior: a necessidade de Daniel Vilela ampliar pontes com o setor mais poderoso de Goiás — o agronegócio.
José Mário: o agro na mesa de Daniel
José Mário não ocupa mandato eletivo, mas seu peso político é inegável. Como presidente da FAEG/SENAR e vice-presidente da CNA, ele é hoje a voz mais representativa do campo goiano, setor que move a economia estadual.
Ao escolher José Mário, Daniel sinalizaria ao agronegócio que o governo de Goiás não apenas reconhece sua importância, mas também entrega espaço de poder direto.
Seria um recado claro: a vice-governadoria não é um prêmio de consolação para prefeitos do interior, mas um ativo político para dialogar com o setor produtivo mais influente do estado.
A lógica da escolha
Na política, a vice sempre foi moeda de troca. Mas, em um cenário polarizado e com a oposição se rearticulando, Daniel precisa construir alianças sólidas. O agro, com sua capilaridade e capacidade de mobilização, oferece muito mais que votos: oferece estrutura, financiamento e legitimidade social.
José Mário traz exatamente isso, além de um perfil considerado mais estável e conciliador. Diferente de Paulo do Vale, que carrega atritos locais e uma base restrita a Rio Verde, José Mário dialoga com todo o estado, de norte a sul.
Conclusão: uma escolha que é mais pragmatismo que traição
Para Daniel Vilela, a equação é simples: perder Paulo do Vale pode gerar ruídos no sudoeste goiano, mas ganhar José Mário é abrir portas em Brasília, no setor empresarial e junto às cooperativas que bancam parte relevante da economia goiana.
Se a escolha se confirmar, não será apenas um gesto de pragmatismo político, mas uma prova de que o agro é hoje o fiel da balança do poder em Goiás.
A vice-governadoria, antes vista como a coroa de Paulo do Vale, pode mudar de dono antes mesmo de a corrida começar. E, mais uma vez, a realidade mostrará que, na política, não basta sonhar — é preciso ter peso para estar na mesa

Nenhum comentário:
Postar um comentário