O governo de Goiás vendeu ao público um sonho de velocidade, mas entregou um calvário de atrasos. Em dezembro de 2024, quando Ronaldo Caiado assinou com a Dorna Sports a promessa de trazer o MotoGP a Goiânia em 2026, garantiu que a reforma completa do Autódromo Internacional Ayrton Senna seria concluída em apenas seis meses. Junho ou julho de 2025: essa era a meta repetida em entrevistas, solenidades e releases oficiais.
A realidade, no entanto, mostrou que o cronômetro político não é o mesmo do canteiro de obras. Passados os meses de prazo, o autódromo segue fechado, com pouco mais de 27% dos serviços executados até agosto de 2025. A vistoria do governador, vendida como prova de eficiência, soou como uma encenação: Caiado comemorou estar “adiantado em relação ao cronograma oficial”, mas omitiu o detalhe de que o prazo anunciado ao público já tinha sido abandonado.
O impacto do atraso: o esporte nacional em marcha lenta
O estopim da crise foi a confirmação, pelo jornal O Popular, de que a Stock Car não será realizada em Goiânia em 2026. A maior categoria do automobilismo nacional, que sempre colocou o nome da capital no calendário esportivo do país, simplesmente saiu da pista por culpa das obras mal planejadas e atrasadas.
Ou seja: o que deveria ser vitrine internacional para o esporte goiano virou uma vitrine de descaso. Prometeram a velocidade da MotoGP, mas entregaram a lentidão de um motor fundido.
Propaganda acelerada, gestão emperrada
A tática é conhecida: governo anuncia prazos curtos, ganha manchetes positivas e gera euforia. Depois, quando o cronograma se mostra inviável, ajusta-se o discurso. A meta de junho/julho de 2025 desapareceu dos comunicados oficiais, substituída por uma nova narrativa: “estamos em dia para o MotoGP 2026”.
É a velha arte de trocar o pneu do carro em movimento — mas, nesse caso, quem paga a conta é o contribuinte e quem perde é o torcedor.
Conclusão: do sonho à derrapagem política
O Autódromo Ayrton Senna, batizado em homenagem a um ídolo que simbolizava disciplina, técnica e superação, hoje reflete exatamente o contrário: improviso, marketing e falta de transparência.
O governo acelerou na propaganda, mas derrapou na execução. Caiado transformou o que poderia ser um marco de modernização em mais um exemplo da distância entre discurso e entrega. Goiânia, que sonhava em ser palco das maiores corridas do mundo, amarga agora o vexame de ver até a Stock Car abandonar a pista.

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