terça-feira, 12 de agosto de 2025

Claudiomar Portugal e a Vitória de Pirro Em Acreúna

A política, assim como a guerra, é feita de batalhas, estratégias e desgastes. E, em Acreúna, o desfecho da Comissão Processante contra o prefeito Claudiomar Portugal entrou para a história como uma vitória pírrica — aquela em que o “vencedor” paga um preço tão alto que o sucesso se torna, na prática, uma derrota disfarçada.

O conceito vem do episódio protagonizado pelo rei Pirro de Épiro, que, após vencer a Batalha de Ásculo contra os romanos, perdeu tantos soldados e generais que teria declarado: “Mais uma vitória como esta e estarei arruinado.” No caso de Acreúna, a comparação é inevitável.


O Placar que Escancarou a Fragilidade

Na sessão de julgamento, seis vereadores votaram pela cassação e apenas cinco votaram contra. Pela lei, eram necessários oito votos favoráveis para retirar o prefeito do cargo. Claudiomar sobreviveu por apenas dois votos — uma margem estreita que expôs, diante de toda a cidade, a divisão na base governista e a força das acusações.

O Preço da Sobrevivência

Evitar a cassação exigiu articulações intensas, negociações de bastidores e o consumo de um capital político que dificilmente será recuperado. Cada voto contrário à cassação teve um custo — seja em promessas de cargos, rearranjos na máquina pública ou acordos que tendem a gerar novas crises.

Claudiomar pode até continuar no cargo, mas não sai fortalecido. Ao contrário, carrega agora o peso de um julgamento em que a maioria dos parlamentares entendeu que ele deveria ser afastado. Isso o coloca sob um manto de desconfiança popular e política que dificilmente se dissipará.

A “Vitória” que Pode Preceder a Derrota

Assim como Pirro, que voltou para casa com um exército reduzido e sem condições de enfrentar uma nova guerra, o prefeito de Acreúna sobreviveu a essa batalha, mas enfraquecido. A oposição ganhou combustível, as investigações seguem em outras frentes e a população assistiu a um racha explícito na Câmara.

 Claudiomar Portugal ganhou a votação, mas começou a perder a guerra pela sua governabilidade e pelo seu futuro político.

A manobra para evitar a queda exigiu negociações de bastidores, favores trocados e um consumo intenso de capital político, deixando o governo enfraquecido e vulnerável a novos ataques. No fim, mantém-se no cargo, mas governa sobre um terreno minado, cercado por desconfiança popular, investigações e o fantasma constante de novas denúncias.

Em política, sobreviver nem sempre é vencer. E, neste caso, a história pode registrar que o prefeito de Acreúna ganhou a batalha, mas começou a perder a guerra


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