Em 2024, médicos goianos e o advogado Leandro Silva protocolaram no Ministério Público uma notícia-crime acusando a existência de um “cartel da oncologia” ligado ao IPASGO. O grupo denunciou superfaturamento, aparelhamento político e um esquema bilionário no atendimento de pacientes oncológicos.
Agora, a suspeita chegou também ao CADE, órgão federal responsável por investigar cartéis. O que antes parecia boato de bastidores, hoje está oficialmente protocolado.
As vítimas invisíveis
A cada dia de atraso, a doença avança. A cada semana perdida, o diagnóstico precoce se transforma em sentença tardia. A cada mês, a fila da negligência aumenta — e vidas se apagam.
A voz dos especialistas
O Araújo Jorge, maior referência oncológica do Centro-Oeste, hoje sobrevive sufocado por dívidas e atrasos do Estado — enquanto contratos milionários são disputados por grupos que, segundo as denúncias, atuam em conluio
Nas últimas semanas, portais locais divulgaram uma denúncia alarmante: um suposto cartel da oncologia envolve prestadores que atendem servidores do IPASGO — com acusações de superfaturamento, aparelhamento político-administrativo e esquema bilionário. A denúncia foi protocolada como notícia-crime no Ministério Público por um grupo de médicos liderados pelo advogado Leandro Silva. Agora, uma representação chegou ao CADE — órgão que pode investigar e punir práticas anticoncorrenciais.
Por que isso é muito mais grave que um escândalo administrativo
Não se trata de uma simples falha de gestão. Se comprovadas, essas práticas limitarão o acesso dos pacientes ao tratamento dentro de Goiás, formalizando monopólios regionais que encarecem o custo do SUS, do IPASGO e, sobretudo, comprometem vidas. É mais do que concorrer pela clientela: é roubo de esperança.
A estatística que ninguém quer ver: mortes por câncer em Goiás
- Casos novos estimados para 2023 (dados INCA):
- Mama feminina: 1.970 casos
- Próstata: 2.500 casos
- Cólon e reto: 1.110 casos
- Pulmão: 990 casos→ Total de ao menos 6.570 novos casos em cinco tipos principais só em Goiás.
- Mortes anuais por câncer em Goiás:Um estudo indicava que apenas em 2019 houve mais de 6.500 mortes de pessoas com câncer — incluindo quase 11 mil mulheres, 9 mil homens e 270 crianças e adolescentes afetados no período 2020 a 2022.
- Para ter uma dimensão diária do impacto:Supondo cerca de 6.500 mortes por ano, isso significa mais de 17 vidas perdidas por dia — vidas que poderiam ser salvas com acesso justo e tratamento eficaz.
O que esse cartel representa para a população
- Fila. Barreiras. Insuficiência de prestadores.
- Custo inflado, que drena recursos públicos e sobrecarrega pacientes.
- Desigualdade no tratamento, pois os poucos prestadores aprovados passam a cobrar quando o Estado deveria garantir acesso pleno.
- E, sobretudo, morte. Pacientes com câncer precisam de rapidez no diagnóstico e início do tratamento. A Lei nº 12.732/2012 determina que esse prazo seja de até 60 dias — mas muitos enfrentam atrasos.
Se uma estrutura comercial grava lucros na tragédia alheia — comprometendo o direito constitucional à saúde (Art. 196) — isso não é apenas cartel, é crime contra a dignidade humana.
Conclusão — quem lucra com o câncer dos servidores?
O início de tramitação no CADE é um divisor de águas. Não é mais rumor em blog ou WhatsApp — é processo formal. A pergunta que deve nortear toda apuração: quem são os fisiologistas que transformam a doença em negócio?
Enquanto isso, a realidade invisível continua: todos os dias, dezenas de vidas são interrompidas no silêncio. E a suspeita de cartel joga gasolina nesse incêndio
Fontes:
- Estimativa de casos novos por tipo de câncer (Goiás, 2023) – INCA
- Mortes por câncer em Goiás (2019-2022) – dados regionais
- Prazos legais para início do tratamento de câncer – Lei 12.732/2012

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