Natural da cidade de São Paulo, Miyuki Hyashida, está no Tocantins desde 1987. No Estado, sempre esteve à frente de grandes projetos voltados para o setor de pesca e aquicultura. Em 2005, foi eleita prefeita de Brejinho de Nazaré e posteriormente reeleita para o mandato seguinte. No inicio de 2011, deixou a prefeitura para assumir a recém criada Subsecretaria da Pesca e Aquicultura, no governo Siqueira Campos. Atualmente, é presidente da Comissão Nacional de Aquicultura da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), faz parte do Conselho Nacional de Aquicultura do Ministério da Pesca e Aquicultura e está a frente do Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins – Ruraltins, órgão responsável pelo serviço de Assistência Técnica e Extensão Rural em todo Estado. Miyuki Hyashida é casada e tem dois filhos.
Entrevista com Miyuki Hyashida presidente da Comissão Nacional de Aquicultura da Confederação Nacional da Agricultura (CNA),
Ilce Santos Oliveira, Coordenadora de Aqüicultura e Pesca da SEDES- Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Social do Estado de Rondônia.
1- “O Estado de Rondônia possui um grande potencial para a piscicultura. Atualmente são produzidas 12.000t./ano, mas a meta do governo é chegar a 80.000t./ano”, Confúcio Moura, governador de Rondônia.
“Este ano o Peixe é nossa maior prioridade. No ano passado a atividade movimentou U$ 600 bilhões/ano e queremos evoluir neste mercado”, senadora Kátia Abreu.
Presidente Miyuki Hyashida, como a Comissão Nacional de Aquicultura e Pesca da CNA pretende contribuir para que a região Norte do País cumpra a meta de incremento da produção de pescado, uma vez que o potencial da região, a vontade política e a vocação do produtor são favoráveis à atividade?
Miyuki Hyashida - A Comissão Nacional de Aquicultura da CNA tem ciência de que precisamos enfrentar o desafio de aumentar a produção e conseqüentemente o consumo de pescado pela população. Para contribuir com esse processo a Comissão atua diretamente com o Governo no sentido de atender a demanda do setor tanto em termos de tecnologias quanto na logística da produção, para que ela se torne cada vez mais eficiente, tendo como parceira a Embrapa Pesca e Aquicultura, engajada com o desenvolvimento do setor. Em nivel de Estados estamos trabalhando a política de desenvolvimento sustentável e isso passa pela questão do licenciamento ambiental junto aos órgãos responsáveis , a política fiscal de recolhimentos de tributos, a politica de gestão (conhecimento e capacitação), o aumento da produção e de consumo. A Região Norte tem clima favorável e um rico potencial hídrico, sendo que um dos maiores desafios seria promover a piscicultura preservando o meio ambiente e as espécies amazônicas que têm grande valor econômico, social e turístico. Segundo levantamento já somam cerca de três mil espécies de peixes reconhecidas.
Shadai Mendes , Eng. De Pesca – Universidade Federal de Rondônia, Jaru –RO
2- ” quais os planos para a aquicultura na Região norte, principalmente Ro, e AC( como exportação, e rastreabilidade do pescado) e quais serão a forma de controle da qualidade do pescado que sairá da região norte?
Miyuki Hyashida - Com relação à expansão da aquicultura na região Norte, o plano é continuar o crescimento aproveitando as áreas degradadas sem novos desmatamentos, uso de águas pluviais como já vem sendo feito, respeitando os limites sustentáveis dos sistemas produtivos. Quanto à parte da qualidade, as indústrias de beneficiamento são as principais responsáveis por garantir a inocuidade e saudabilidade dos produtos. Do ponto de vista dos produtores, estamos seguindo o que há de mais moderno em termos de boas práticas na produção para garantir a qualidade da matéria prima que vai para as indústrias e dos produtos aos consumidores. Na parte do mercado, o mesmo é muito dinâmico e, no momento, o mercado interno é o foco principal, até porque não há produção suficiente para pensarmos em exportação.
Giovani Variani – Biólogo – Piscicultura Variani – Alta Floresta MT
3- Miyuki, à colaboração entre o setor público e o privado, a implantação de centros especializados para a profissionalização da aquicultura, ajudariam a promover o desenvolvimento econômico da atividade?
Miyuki Hyashida - Com certeza a Embrapa Nacional de Pesca e Aquicultura no Tocantins, já nos trouxe um grande avanço, com equipes de pesquisa de primeira grandeza. E as Escolas Técnicas, Universidades, Senar, Sebrae e CNA todos estão envolvidos com a iniciativa privada para fazer a atividade aquícola recuperar o tempo perdido e fazer crescer realmente uma cadeia sustentável em todos os sentidos.
4- De que maneira a aquicultura pode se tornar mais atraente para que haja mais investimentos do governo?
Miyuki Hyashida - Primeiramente deve-se organizar o setor produtivo, um setor mal organizado demonstra um setor sem compromisso. Devemos mostrar que o setor é forte receptor de mão de obra qualificada e não qualificada. A aquicultura pode recepcionar o trabalhador rural que ainda não conseguiu se qualificar para continuar trabalhando em área rural. A utilização de novas tecnologias mostra que o setor quer melhorar e quer produzir mais demonstrando que com o apoio tecnológico do governo, a tendência é aumentar a produção.
Deve-se fazer também, um trabalho de divulgação e marketing de toda potencialidade nacional, além de mostrar o deficit que existe hoje no mercado nacional e internacional do produto.
Eduardo David Souza e Silva Schebuk – Economista, doutor em Economia Brasileira no Negocio de Processamento Agrícola de Pequenas e Médias Propriedades – Presidente Epitácio – SP
5- Estamos visitando a Norfishing 2012, levaremos algum demonstrativo de nossa produção? Produzimos um bacalhau( peixe de salga) a partir de especies nativas cultivadas, qual a nossa potencialidade de comercialização no mercado norueguês e conseqüentemente para a União Européia?
Miyuki Hyashida - O Brasil tem 8.500 km de costa marítima, 12% total de água doce do planeta e ainda 5,5 milhões de hectares de águas represadas em lagos e reservatórios , que pela lei, até 1% desta área poderia ser utilizada para fins de aquicultura, o que corresponde a 55 mil hectares. Teríamos sim condições de participar do mercado mundial com o aproveitamento dos reservatórios, assumindo assim nossa capacidade máxima de produção, inserindo o país entre os maiores produtores de pescado, mas primeiro temos que preparar o Brasil para ser um grande exportador. As quantidades exigidas para exportação são gigantescas, para assumirmos a responsabilidade de abastecer o mercado da União Européia ou outro grande mercado, temos que fazer um trabalho de base incentivando novos produtores e apresentá-los as novas tecnologias.
Allan Santos – Graduando em Engenharia de Pesca (7º período )
Universidade Federal do Ceará
6- Diante do potêncial e da possibilidade de expansão da aquicultura como fonte alternativa de produção de alimentos de rico poder nutricional no estado do CE. Quais os planos para a atividade na região?
Miyuki Hyashida - Cada Estado tem sua própria política de Governo, e o Ceará é um dos maiores produtores aquicolas nacionais com produções marinhas de grande porte como a produções de tilapia em grande escala, e com trabalhos de inclusão social considerado modelo para o país. Apoiamos os gestores no desenvolvimento de políticas que preservem o meio ambiente e ao mesmo tempo incentive a organização do setor e a capacitação do produtor rural.
Nenhum comentário:
Postar um comentário