Lúcio (Foto: Aldo Carneiro / Pernambuco Press) |
Lúcio foi afastado do time do Náutico e expõe rixas com o técnico Alexandre Gallo: 'No jargão do futebol, ele é um traíra', afirma o ex lateral-esquerdo do Timbu na Série A
A sua saída aconteceu no jogo contra o Palmeiras, nos Aflitos, pela 30ª rodada. O que aconteceu no vestiário antes da partida?
Gallo não tem a confiança do grupo. Ele é um cara que os jogadores suportam. As vitórias que o Náutico está tendo são pela qualidade dos jogadores e não pela competência do treinador"
Ao contrário do que foi noticiado nas rádios, eu tinha uma convivência muito boa com Douglas Santos e João Paulo. Então nunca iria reclamar deles estarem sendo escalados no meu lugar. Também não chutei a porta da sala de Gallo como foi publicado. Fui conversar para saber o porquê de ele estar me minando, o verdadeiro motivo. Alexandre Gallo já havia me dito que eu não tinha velocidade (rindo ironicamente). Como pode? Era só ver um jogo ou qualquer treinamento do Náutico para observar que essa desculpa não era coerente. Ele estava me cozinhando. Queria poder falar o verdadeiro motivo da minha saída, mas não obtive resposta.
Você não tem nenhuma suspeita do motivo do seu desligamento do clube?
Lúcio: sei que a gota d'água foi porque comprei a briga de três moleques que iriam ser dispensados do clube. Cleverson (que acabou saindo), Breitner e Rico. Como disse, sou um cara de grupo e eu fui cobrar o motivo desse caras saírem do meio para o final da temporada, sem razão aparente. Pô, o técnico queria mandar embora a troco de nada três meninos que estão procurando espaço na profissão. Poderia segurar até o final do campeonato. Comprei essa briga e isso para ele foi o fim.
Conte mais detalhes dessa polêmica.
Lúcio: nesse caso, a pessoa vai embora porque teve uma proposta melhor ou o próprio jogador prefere sair, tudo bem, mas ser pego de surpresa assim, no meio do Brasileiro, ia queimar o currículo deles. Isso aconteceu naquela vitória da gente sobre o Atlético-MG, nos Aflitos, cinco rodadas antes do jogo do Palmeiras. Na reapresentação, na academia, o elenco se reuniu. Mostramos a nossa cumplicidade e ficou decidido que ninguém ia embora assim. Gallo sofreu um impacto. Experiente, nem coloquei a roupa de treino, demonstrando que estava pronto para ser afastado se a decisão dos jogadores não prevalecesse. Fui o único sem uniforme. Olhei e falei: "você é empresário ou treinador? Porque não tem nada que ficar negociando jogador. Se mandar os três embora, eu sou o quarto a sair da academia". Nesse momento, Patric, Araújo e Gideão ficaram do meu lado e soltaram: "se Lúcio sair, então também estamos fora". Daí, o grupo todo ficou contra Gallo e isso foi muito forte para ele. Deve ter pensado: "pô, o cara tem mais moral no Náutico como jogador do que eu que sou o técnico do time". Depois da minha afirmação, todos levantaram a mão ao meu favor e toda a ação por parte dos atletas se concentrou em mim. Esses são os bastidores de uma equipe de futebol que ninguém imagina.
Mas o treinador não tem o direito de escolher com quem ele trabalha?
Lúcio: ele tem todo o direito de fazer isso, é o chefe, mas se o grupo compra uma situação dessas contra o treinador, é porque tinha algo acontecendo de errado. Gallo estava perdido e fazia coisas injustificáveis. Breitner é um exemplo disso. Tinha vezes em que era jogo para o menino, na posição dele, não tinha substituto, aí o técnico improvisava. Rico fez gol na estreia dele pelo Náutico, na derrota para o Coritiba. Qual era a lógica? Ter dado uma sequência para Rico e acabou não acontecendo. Essas coisas não têm resposta. O grupo estava muito fechado e quando a situação se torna covarde, injusta, não tem como deixar passar. Os caras estavam fazendo tudo correto. No meu caso, eu estava bem, sendo a esquerda o ponto forte da equipe comigo e Araújo. Não foi à toa que a única vitória alvirrubra fora de casa saiu dos nossos pés (o Timbu venceu o Atlético-GO por 1 a 0, na oitava rodada. Lúcio deu o passe e Araújo marcou). Se o grupo compra uma briga, é o direito de um contra 30.
Então ele não tem a confiança do grupo?
Lúcio: isso mesmo, ele não tem a confiança do grupo. Alexandre Gallo é um cara que os jogadores suportam. As vitórias que o Náutico está tendo são pela qualidade dos jogadores e não pela competência do treinador. A preparação física de Elliot Paes e Ricardo Seguins é espetacular e é outra coisa que está fazendo a diferença. Gallo e o auxiliar Maurício Copertino? Nem comento. Estão tendo sorte que Kieza está fazendo gol atrás de gol.
Como era sua relação com o treinador no clube? Depois dessa reunião na academia, o clima deve ter ficado tenso.
Lúcio: Gallo começou a me escantear e eu devolvia na mesma moeda. Dou bom dia para amigos, com ele eu nem olhava na cara. Só quem está dentro dos Aflitos, do vestiário, sabe o que acontece. Dinheiro do meu bolso só sai para a minha família.
Como assim? Tinha que pagar para jogar?
Lúcio: para o bom entendedor, poucas palavras bastam.
Não ficou claro. Tinha que pagar?
Lúcio: não sei, não sei (sorriso irônico).
Globoesporte.com
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