segunda-feira, 17 de novembro de 2025

Prefeito de São Miguel Acusado de Pagar Gratidão Com Traição

As publicações feitas por Ademir, Cardoso, presidente do PSDB, em São Miguel do Araguaia e filho de uma vereadora da base aliada, não passaram despercebidas. Frases soltas, fundo preto, tom dramático e um misto de mágoa e resignação formaram um mosaico que deixou claro: ele está profundamente ferido politicamente.

Mensagens como “eu fiz de tudo pra ajudar”, “essa pessoa abandonou o barco”, “talvez o errado tenha sido eu” e “por criar expectativas” revelam um sentimento de ingratidão direcionado a alguém que ele não menciona pelo nome — mas que todos sabem quem é: o prefeito.


Segundo relatos recebidos pelo Blog, o estopim seria a iminente exoneração da esposa de Ademir, que ocupa a Secretaria de Controle Interno da prefeitura. A decisão do prefeito teria sido interpretada como uma traição direta, principalmente após a mãe de Ademir — vereadora — ter votado contra a abertura da Comissão Processante que investigaria e poderia afastar o chefe do Executivo.


Ou seja: a vereadora votou para salvar o mandato do prefeito, e agora o filho, presidente partidário, vê a esposa prestes a ser dispensada.


Neste contexto, o desabafo de Ademir assume outra dimensão.

Quando um presidente de partido reclama, a mensagem é outra

Ademir não é um eleitor insatisfeito nem um militante aleatório.

Ele é presidente de partido e filho de uma vereadora que ajudou a blindar o prefeito.


Logo, suas frases carregam um peso político enorme — e trazem uma acusação implícita difícil de ignorar:

ele sugere que o prefeito está pagando gratidão com traição.

E, para piorar, não seria a primeira.


A longa trajetória de rupturas do prefeito

O atual prefeito já convive com a marca política mais perigosa que um gestor pode carregar:

a pecha de traidor.


Eleito pelo PL, com apoio direto do senador Wilder Morais, não completou oito meses de mandato antes de abandonar o partido, romper com quem o elegeu e migrar para o MDB — um movimento que deixou aliados atônitos e adversários desconfiados.


Em seguida, veio a ruptura com o próprio vice-prefeito, Dr. Natanael, que foi demitido da Secretaria de Saúde em um gesto interpretado como mais um corte abrupto nas alianças firmadas durante a campanha.


Agora, o ciclo parece se repetir: depois de receber apoio da vereadora que votou a seu favor na Comissão Processante e da lealdade pública do presidente de partido, o prefeito estaria prestes a demitir justamente a esposa dele.


Mais uma peça removida.

Mais uma ponte queimada.

Mais um capítulo na lista crescente de rompimentos.


O padrão é evidente:

ele usa, espreme, garante o que precisa — e depois descarta.


A fatura política chegou — e Ademir expôs isso ao público


Ao publicar seus desabafos, Ademir não apenas demonstrou mágoa pessoal.

Ele expôs, ainda que indiretamente, a lógica de funcionamento do governo:

a lógica do toma-lá-dá-cá, da fidelidade cobrada e da recompensa esperada.

E, quando essa recompensa não vem, os conflitos deixam de ser internos e passam para a arena pública, como aconteceu agora.

O mais simbólico é que o próprio Ademir, em suas frases, admite que pode ter errado por “criar expectativas”.

Expectativas de quê?

De lealdade?

De reciprocidade?

De manutenção de cargos?

A resposta está nas entrelinhas.

Conclusão editorial

Este episódio não é apenas uma crise pessoal dentro da base aliada.

É um reflexo nítido da maneira como o governo municipal tem sido conduzido: alianças que duram o tempo que interessam, promessas que evaporam, parcerias que se desfazem ao sabor do poder.


Se confirmada, a exoneração da esposa do presidente de partido será apenas mais um item numa lista que cresce desde o início da gestão.


E o desabafo de Ademir tem um mérito:

ele não acusa diretamente — mas confirma, com todas as letras, aquilo que a cidade inteira já percebeu.


O prefeito está ficando conhecido por uma palavra que, na política, destrói carreiras:

traição.

E essa marca, uma vez colada, não sai mais


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