segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Michael(Flamengo) Quer Coloca a Mão no Dinheiro do Povo de Acreúna

 


Prefeito e Vice de Acreúna choram nas redes sociais após Câmara barrar projeto nebuloso


A cena foi digna de novela mexicana. O prefeito de Acreúna, Claudiomar Portugal, e seu fiel escudeiro, o vice Adélio Neto, passaram o fim de semana lamentando nas redes sociais, indignados porque a Câmara Municipal ousou dizer "não" a um projeto de lei que autorizava a cessão do Estádio Municipal para a empresa Clube Esportivo M-19, ligada ao jogador Michael, do Flamengo. Que afronta, vereadores! Como ousam não carimbar um projeto vindo do Executivo sem questionamentos? Que desrespeito com a monarquia municipal!


A proposta era uma verdadeira obra-prima do improviso: a Prefeitura cederia o estádio para a M-19 em troca da empresa manter uma escolinha de futebol para crianças até 12 anos. Apenas isso, sem muitos detalhes no projeto – porque, claro, detalhes são para os fracos. Não havia previsão de atendimento para Arantina, não havia um plano de investimentos detalhado,  o Prefeito queria apenas a autorização da Câmara, o resto seria definido depois, quando fosse feito o "plano de trabalho".


Mas a trama foi se complicando. O próprio diretor da M-19 deixou escapar em entrevista de rádio que a Prefeitura não cederia apenas o Estádio, mas também a área do Clube Municipal, um dos terrenos mais valiosos da cidade, avaliado em milhões de reais. E não por um ou dois anos, mas por 50 anos, renováveis por mais 50. Como se isso já não fosse um presente generoso o suficiente, a Prefeitura ainda faria um repasse anual de ate R$ 300 mil para ajudar a custear a escolinha – que, veja bem, é obrigação da empresa manter. Mas não se preocupem, isso tudo foi dito "de boca", porque transparência e formalidade são conceitos ultrapassados.


A Câmara, simplesmente resolveu ler o projeto antes de votar, percebeu a encrenca e rejeitou a proposta. O que aconteceu depois? O Prefeito e o Vice entraram em luto oficial. Publicaram imagens de luto nas redes sociais, como se o esporte de Acreúna tivesse sido brutalmente assassinado naquela sessão legislativa. Adélio Neto, coitado, precisou ser consolado após assistir à sessão presencialmente e saiu desolado, apenas para logo depois lançar uma nota de repúdio. E Claudiomar, sempre um mestre na dramatização, se juntou ao coral de lamentações virtuais.


Mas convenhamos: o esporte em Acreúna está em luto desde o início da gestão de Claudiomar. Em quatro anos, a Prefeitura mal conseguiu trocar a iluminação do Estádio, o que obrigava jogos a serem interrompidos no pôr do sol ou a serem realizados com faróis de carros iluminando o campo. Incentivo para escolinhas de futebol locais? Zero. Muitas sobrevivem com o mínimo e, quando conseguem uma migalha do Poder Público, é com muito esforço e humilhação. Mas agora, para a empresa de um jogador milionário, o dinheiro e os terrenos brotam como mágica.


E ainda esperavam que os vereadores aprovassem isso sem nem piscar? O Executivo precisa entender que o Legislativo não é um puxadinho da Prefeitura. O tempo de aprovar projetos sem transparência e a toque de caixa acabou. A peneira ficou fina, extra fina.


Enquanto isso, o Prefeito e o Vice seguem de luto. Mas não pelo esporte de Acreúna. Esse, eles ignoraram por quatro anos. Choraram por terem sido contrariados. Coitados!

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