sexta-feira, 17 de maio de 2019

Deputados Preparam Ação de Inconstitucionalidade Contra Uso do FCO Por Caiado

Os deputados de oposição na Assembleia Legislativa dizem que já preparam Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), caso prevaleça proposta do governador Ronaldo Caiado (DEM) para que os Estados fiquem com 30% dos recursos de fundos constitucionais das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Os fundos são destinados exclusivamente à iniciativa privada, mas a proposta apresentada por Caiado na quarta-feira (15) ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) e aos ministros da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e da Economia, Paulo Guedes, prevê que o Estado possa usar parte desses recursos, inclusive, para custeio. Isto é, para manutenção dos órgãos do Estado.

O deputado estadual Talles Barreto (PSDB) diz que ação já está sendo construída e, caso seja levada adiante, será protocolada na Justiça. “O dinheiro do FCO (Fundo de Financiamento do Centro-Oeste) não pode ser usado pelo Estado para pagar conta. Se isso for feito, vamos acionar a Justiça”, afirma.

O principal argumento do deputado é justamente o de que os fundos são de uso exclusivo da iniciativa privada. “Os fundos específicos de financiamento de projetos e desenvolvimento são de uso da iniciativa privada. Não podem, em hipótese alguma, ser usados para custeio e atividade governamental”, diz.

Os fundos constitucionais, como o FCO, oferecem linhas de financiamento a juros baixos para empresas e produtores rurais com o objetivo de incentivar o desenvolvimento da região a que o fundo diz respeito. Em relação ao FCO, como mostrou o POPULAR ontem, apenas no primeiro trimestre deste ano, o setor produtivo contratou R$ 947,5 milhões em empréstimos.

Goiás tem direito a 33% do FCO, que é dividido com Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. A previsão de orçamento do fundo para Goiás neste ano é de R$ 3,1 bilhões. Dessa forma, pela proposta de Caiado, o Estado poderia utilizar R$ 930 milhões, sendo metade disso destinado a custeio.

Líder do governo, Bruno Peixoto (MDB), diz que o Estado deve “ter direito de fazer empréstimos também no FCO”. “O Estado, quando bem aparelhado, também gera emprego e renda. Então, deve ter direito”, diz.

A proposta de Caiado ao governo federal, se acatada, deve ir para o Congresso Nacional via Medida Provisória, para dar agilidade ao processo, já que a ideia do governador goiano é que isso sirva de alternativa ao Plano de Equilíbrio Fiscal (PEF), que é prometido desde fevereiro, mas ainda não avançou.



Apoio

Talles defendeu a questão também em plenário e ganhou apoio de outros parlamentares, como Lucas Calil (PSD). As falas ganharam força, após a chegada do presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Sandro Mabel, no plenário da Casa – iria fazer palestra sobre o Sistema S.

Mabel é contra a proposta. Ontem, o ex-deputado federal afirmou que estudo jurídico solicitado por ele mostrou que apenas uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) poderia alterar a distribuição dos fundos, visto que a Constituição Federal determina aplicação dos recursos dos fundos em programas de financiamento direcionados ao setor produtivo e não ao setor público.



Projetos

Os deputados aprovaram ontem em plenário, em votação definitiva, o projeto de lei da governadoria que altera a estrutura administrativa da Goiás Previdência (Goiasprev). Na prática, o texto permite ao governo trocar a presidente do órgão, Marlene Vieira. Ainda não há previsão de nomes para substituí-la.

Já o projeto da reforma administrativa do Executivo realmente ficou para a semana que vem. Isso porque os deputados de oposição devolveram os pedidos de vista na Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ) com votos em separado e novas alterações no texto.

Diante disso, o líder do governo, deputado Bruno Peixoto (MDB), solicitou novas vistas para analisar as mudanças e deve devolvê-lo na terça-feira (21). A ideia, segundo ele, é que o projeto seja aprovado em plenário já na semana que vem.

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