sábado, 24 de julho de 2010

Procuradoria do STJD denuncia Leão com base em seis artigos.

Com uma lista de sete itens nas mãos, Emerson Leão fez ontem, na Serrinha, após o treino, o que chamou de "não discurso, mas esclarecimento" sobre a confusão em que se envolveu, junto com jogadores e outros membros da comissão técnica, no Estádio Barradão, após o Goiás empatar por 2 a 2 com o Vitória. Oito horas depois, foi divulgado o teor da denúncia da Procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e o técnico alviverde responderá pelas infrações contidas em seis artigos do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD).
O julgamento está marcado para quarta-feira, mas a Procuradoria também pediu a suspensão preventiva do técnico e dos outros dois jogadores denunciados (Rafael Moura e Romerito). Como o pedido só será apreciado na segunda-feira, este acabou se tornando inócuo.
O envolvimento na confusão fez com que o treinador fosse denunciado por atitudes mais graves, como agressão, incitação à violência e participação em rixa, e mais leves, como invasão, atitude contrária à disciplina ou à ética desportiva e constrangimento de outros. Rafael Moura foi denunciado com base em cinco artigos e Romerito, em três (veja quadro).
Ontem, na Serrinha, houve praticamente uma força-tarefa para responder pelo episódio em Salvador. Além de Leão, falaram os três jogadores que foram parar na delegacia - Rafael Moura, Romerito e Marcão - e que foram denunciados, assim como o treinador, por lesão corporal leve pelo repórter Roque Santos. Na terceira sessão de entrevistas, estiveram o presidente Syd de Oliveira Reis, seu assessor João Gualberto, o advogado Gustavo Oliveira, o gerente de futebol Beto Souza e o diretor administrativo Gilberto Sebba.
Defesa
Pela manhã, Gustavo Oliveira disse que a defesa do técnico e dos jogadores ainda não tinha uma linha definida. À noite, afirmou à reportagem que não havia se informado totalmente sobre a denúncia e o pedido de suspensão preventiva. No Rio, a defesa deverá ser feita por Carlos Portinho.

Seguindo a lista que levou para a entrevista coletiva, Leão criticou a súmula do árbitro Péricles Bassols (RJ) - que contém informações erradas -, a arbitragem em geral, um dirigente do Vitória, a organização do clube baiano no jogo, a polícia, a Rádio Metrópole - onde trabalha Roque Santos -, e outros funcionários da mídia (criticou ainda o fato de alguns repórteres não serem formados).
Após falar sobre o episódio por 24 minutos, Leão respondeu perguntas ontem. Segundo ele, "estava de posse do meu domínio, não estava desesperado" durante a confusão. Sobre o envolvimento dos jogadores e da comissão técnica, afirmou que eles "simplesmente tentaram não apanhar e revidaram, é bem verdade". No processo na Justiça comum, segundo ele, os esmeraldinos são "vítimas e não agressores".
Rafael Moura diz estar arrependido Melhor em campo pelo Goiás quarta-feira, no empate por 2 a 2 com o Vitória, ao marcar um gol e fazer o cruzamento para o outro, o atacante Rafael Moura também se sobressaiu durante a briga generalizada após a partida. Ontem, o jogador disse estar arrependido pela agressão ao repórter baiano Roque Santos e confirmou que pediu desculpas a ele na delegacia - elas não foram aceitas.
"Estou arrependido. Toda ação gera uma reação, mas não justifica a minha reação do jeito que foi", afirmou o jogador, que disse ter sido atingido durante a confusão - "não sei se pelo Roque". "Estou com vergonha do que aconteceu. Minhas filhas e meu afilhado assistiram às cenas."
Sobre a possibilidade de punição no Superior Tribunal de Justiça Desportiva, concluiu que "quanto menos eu falar é melhor". O jogador disse que seus familiares, preocupados com sua reação ao episódio, viajaram de Belo Horizonte para Goiânia, ontem, para apoiá-lo.
O meia Romerito afirmou ontem que não participou das agressões. "Falaram que ele caiu e nós chegamos chutando no chão. De maneira alguma nós o agredimos no chão."
O zagueiro Marcão, que não aparece nas imagens durante a confusão, também negou envolvimento e disse que no episódio os esmeraldinos ficaram parecendo bandidos. "Ele (Roque Santos) faltou com a verdade, inventou coisa. Nossa reação não foi ideal, mas ele não pode nos chamar de covardes", disse o jogador, sobre o fato de o repórter ter dito que foi agredido por Marcão. Entre os esmeraldinos que foram parar na delegacia, o zagueiro é o único não denunciado pela Procuradoria do STJD.
Time
O técnico Leão define hoje o time que enfrenta o Atlético (PR) amanhã, no Serra Dourada, às 16 horas. Mas não deve haver mudança em relação à equipe que iniciou contra o Vitória - Rodrigo Calaça; Carlos Alberto, Rafael Toloi, Ernando e Wellington Saci; Amaral, Jonílson, Wellington Monteiro e Bernardo; Éverton Santos e Rafael. 

"Sou vítima que às vezes cometo reações, que cometo hoje muito menos reações do que já cometi"
Leão, técnico do Goiás

"De cabeça quente, no calor do jogo, a gente sai um pouco de si. Conversando com o árbitro, aquela confusão toda e você ser agredido, é difícil. Se fosse fora, não teria aquela reação"

Rafael Moura, atacante do Goiás

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