Demóstenes Torres
Lula teve um acidente doméstico
e um dos efeitos o levou à UTI no dia 9 de dezembro agora, com mobilidade
reduzida somente na semana em que ficou internado. Franklin Delano Roosevelt,
um cadeirante, presidiu os Estados Unidos por mais de 12 anos, do pós-crise de
1929 à 2ª Guerra Mundial.
É um exercício de retórica
comparar o líder brasileiro ao britânico e ao norte-americano, porém, torna-se
necessário diante da avalanche de absurdos publicados acerca de sua saúde e de
sua idade. Tem-se como base o presidente dos EUA, Joe Biden, de 82 anos. O
problema que o obrigou a renunciar à tentativa de reeleição não foi a data de
nascimento, mas a inanição de certos aspectos da economia.
Nunca votei em Lula. Fiz
oposição acirrada ao PT durante quase 10 anos no Senado. Estamos em polos
contrários ideologicamente. Combato com ideias as suas ideias e as de seus
defensores. O que a esquerda acha de mim é exatamente o que acho dela.
Dito tudo isso, confesso: não
considerava que a polarização eleitoral tivesse nocauteado o nível da política
nacional a ponto de rebaixá-la tanto.
Passou de qualquer limite a
crueldade com que o acidente doméstico de Lula foi enfocado nas redes digitais.
Do humor aos editoriais sérios, das imagens montadas às musiquinhas, dos memes
à cobertura dita profissional, o presidente foi mais chutado que todas as bolas
das 4 séries dos campeonatos da CBF.
O brasileiro é piadista até nas
tragédias. No caso, carente de graça, devido ao ódio fervilhando nas postagens.
Não eram aquelas anedotas encenadas à mesa, para gargalhada geral. O objetivo
se resume a ofender, não a tirar sarro, a zoar. Têm sido tamanhas as ofensas
que quem as conta prefere a sombra, o anonimato, a moita. Não age assim por
vergonha, pois essa malta não dispõe de virtude moral. A dignidade perdida ou
nunca conquistada deixa no humano ao menos o vulto de existência e não há
sequer traço dela em quem prega o óbito do semelhante apenas por discordância
sazonal. É por covardia sem medida que seu autor ou divulgador opta pelo lado
escuro da escrotidão.
Falta aproveitar a proximidade
do Natal e reduzir o distanciamento entre os seres. Ocorreram as eleições
gerais em 2022, as locais deste ano, quem ganhou foi escolhido para governar,
quem perdeu foi escolhido para ficar de olhos bem abertos com o mandatário. O
que não pode é a mesma pessoa que envia um card com mensagem bíblica desejando
bom dia daí a pouco mandar um banner desejando a morte do presidente. Jesus, o
Fundamento das principais religiões ocidentais, não se irmanaria com quem
apregoa o contrário de suas lições. Amar ao próximo, por exemplo. Se for pedir
demais, que tal respeitar?
Sou liberal. Então, não posso
ser visto com quem pensa diferente, sob pena de me chamarem de comunista –
aliás, é mais fácil encontrar um unicórnio na fila do McDonald’s do que um
comunista em qualquer lugar. A equipe de Lula tem exatamente nenhum, nem os
filiados ao PCdoB. Oscar Niemeyer foi o último espécime e ainda assim não era o
bicho-papão que os novos direitistas supõe ser um velho comunista.
Tenho relacionamento de amizade
com integrantes do partido e até do 1º escalão de Lula. Isso faz de mim um
lulista? Leia os pronunciamentos que fiz no Senado de 2003 a 2012, estão ao
alcance de um clique. Aquilo ali é ser do contra, com rosto e CPF. Mandar
recado, criticar por terceiros, xingar sob anonimato – eis o cardápio de
valentia dos frouxos. Transformar a doença alheia num palco, o acidente em troça
e a idade em picadeiro conceitua os débeis que os pratica.
Já que os atentados à honra e à
saúde do presidente da República são obras de idiotas, devemos deixar pra lá,
certo? Errado. Idiotia é uma doença mental, enquanto o que acomete os ofensores
têm mais que CID, é a cidadania. Querem que a vítima de tombo dentro de casa
seja derrubada também do cargo. Enfim, Stanislaw Ponte Preta está de volta,
ressuscitado com o Febeapá, o Festival de Besteira que Assola o País.
O ex-presidente Jair Bolsonaro
foi esfaqueado por um militante do PSol em 2018. Militantes do MST foram
assassinados por policiais no Pará em 1996. Catástrofes aéreas vitimaram um ex-governador
socialista, o pernambucano Eduardo Campos em 2014, e um ex-presidente general,
o cearense Castelo Branco em 1967. Uma Scania esmagou o Opala de JK em 1976. Nada
a comemorar. Felizmente para as famílias desses personagens, foi antes da
explosão das mídias sociais e dos irresponsáveis que delas se aproveitam.
Escrevo aqui de vez em quando
sobre protagonistas dos vários ângulos da política, inclusive alguns que servem
ao governo atual. Falo da alta capacidade de articulação de José Dirceu,
talhado para a Presidência em 2010. Do elogiável esforço de Fernando Haddad
para o ônibus escolar ir a cada porteira de fazenda em busca do futuro das
crianças. Do profundo conhecimento de Ricardo Lewandowski para fazer justiça e
segurança pública com resultados e sem holofotes.
Quer derrotar Lula, cerque-se de
gente melhor que a dele, de argumentos mais fortes que os dele, da esperança
transmutada por ele em desespero. Como diz a filosofia de para-choque de
caminhão, que Deus dê vida longa e muita saúde ao presidente para que assista
de pé à volta de seus adversários ao poder. Ou esta frase impagável de Churchill,
“na guerra a pessoa só pode ser morta
uma vez, mas na política diversas vezes”.
20 comentários:
Passa coisa q foi
Bolinha
Passa coisa q foi
Bolinha
Sophia
Sophia
Não consigo
Computador
Não consigo
Computador
Igual a. Liege
Acabou sorvete e eee
Igual a. Liege
Acabou sorvete e eee
Igual a liege lucas burgatti
Igual a liege lucas burgatti
Igual a liege lucas burgatti
Igual a liege lucas burgatti
Não sei
Estranho e esse
Não sei
Estranho e esse
Que inferno
Que inferno
Tá pesado abrir aqui
Dar sim
Tá pesado abrir aqui
Dar sim
Brigar mto chata enjooada
Brigar mto chata enjooada
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