O governo do Irã, após muita negação, finalmente admitiu que o Boeing 737 da Ukraine International Airlines foi abatido após decolar de Terrã.
A notícia vem logo após EUA e Canadá acusarem formalmente o país de ter abatido o jato, entrando em contradição com as afirmações suspeitas por parte do governo iraniano de falha técnica.
A informação foi divulgada no início da tarde dessa sexta-feira pelo jornal local Iran International e confirmada à noite pela Associated Press.
Oficiais iranianos afirmam que o avião foi abatido por engano ao ser confundido com um alvo hostil após tomar rumo de um “centro militar sensível” da Guarda Revolucionária do Irã, o exército local.
“Nestas condições, devido ao erro humano e de maneira não intencional, o voo foi atingindo”, afirma a declaração oficial do governo. O país pede desculpas pelo desastre e afirma que irá atualizar os sistemas para evitar “confusões” no futuro.
Lançador de mísseis do sistema Tor M-1 © Vitaly V. Kuzmin
Apesar da afirmação veemente do governo iraniano de ter sido um erro devido à trajetória do avião, a desculpa não convence.
Primeiramente, porque o avião estava a baixa altitude e velocidade, o que seria um erro tático do mais banal para qualquer piloto voando em território inimigo.
Segundo, porque o sistema Tor é moderno e equipado com a função Friend of Foe, que mostra para o operador se o alvo é amigo, hostil ou não identificado. Aparentemente, assim como os sírios, os iranianos não sabem utilizar este sistema básico, tendo derrubado um avião “amigo”.
A única aeronave que tem a assinatura radar próxima do 737-800 é o P-8 Poseidon da Marinha dos EUA (USN). O jato é um 737-800ER com ponta de asas modificadas e transformado para ser um caça-submarinos, mas Teerã fica 620km distante do Golfo Pérsico, área onde a USN atua por serem águas internacionais.
Por último e não menos importante, o avião estava muito próximo do aeroporto e praticamente em uma trajetória em linha reta da pista que decolou. É basicamente como acertar um avião que sobrevoa a Ponte Rio-Niterói e que acabou de decolar do Santos Dumont.
Outro ponto que vale destacar é que, ao contrário de todos os casos anteriores em que jatos civis foram derrubados por mísseis anti-aéreos, neste o avião não estava em cruzeiro e tampouco em uma rota onde já tinha tido conflito anteriormente, como foi o caso do navio USS Vincennes que derrubou o Airbus da Iran Air ou do sistema Buk russo que derrubou o Boeing 777 da Malaysian.
O Canadá, país estrangeiro que teve mais vítimas nacionais a bordo do 737, ainda não se pronunciou sobre a confissão do Irã.
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