No momento do sumiço, um dos tripulantes desligou o transponder – dispositivo que envia aos radares as informações precisas sobre a localização e a identificação da aeronave. Instalados em terra firme, os radares têm alcance restrito no oceano. Sem o transponder, as torres tiveram de procurar o avião como uma agulha no palheiro. Contudo, como todos os aviões comerciais, o voo da Malaysia contava com outro sistema de localização, o Automatic Dependent Surveillance (ADS) – aparelho que envia sinais a satélites em órbita na Terra.
Esse equipamento, que não pode ser desligado, continuou dando indícios esporádicos sobre o voo do Boeing durante as sete horas seguintes. Após desligar o transponder, a aeronave deu meia volta, sobrevoando a Malásia e a Tailândia, e em seguida dobrou para o Sul, pelo Oceano Índico. E então, a 2.500 quilômetros da costa da Austrália, sumiu de vez. Nem os satélites foram capazes de localizá-lo.
Façanha sinistra
Segundo eles, o comandante teria trancado o copiloto fora da cabine, para em seguida despressurizar a nave. Sem ter a menor ideia do que estava acontecendo, os passageiros e os demais tripulantes teriam morrido de asfixia enquanto o avião seguia voando de forma estável. Com o oxigênio guardado na cabine de pilotagem, Shah teria conduzido o Boeing até o meio do oceano, pousando sobre as águas. Logo em seguida, o avião teria afundado intacto.
“A teoria é perfeitamente possível”, diz Thiago Brenner, professor da Faculdade de Ciências Aeronáuticas da PUCRS. “Na cabine do piloto, há um mecanismo que permite despressurizar ou repressurizar o avião a qualquer momento. As reservas de oxigênio dos passageiros acabam em 28 minutos. Mas o piloto conta com uma garrafa de oxigênio que pode durar quatro horas. Depois, com todos os passageiros e tripulantes mortos, o comandante do voo poderia repressurizar a nave para seguir pilotando”. As buscas continuam. Mas o mistério continua impenetrável. Nem sequer um pedaço de fuselagem foi encontrado.
Oceano de teorias
Na parte do Oceano Índico onde o voo 370 desapareceu, há cerca de 36 ilhas desabitadas. Segundo algumas teorias, a aeronave poderia ter pousado, sigilosamente, em uma delas. Mas nenhum indício disso foi encontrado na região. Outra possibilidade é que o avião tenha sido levado por sequestradores a algum país asiático, como Paquistão ou Cazaquistão – embora os radares desses países não tenham detectado nada. “Muitos equipamentos envelhecem e podem deixar passar informações”, diz a especialista Sylvia Wrigley, autora de Why Planes Crash (“Por que aviões se acidentam”, ainda sem versão em português). Outra hipótese é que o avião tenha voado até acabar o combustível, no norte da Austrália.
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