"É melancólico constatar que os estádios estão às moscas. O público voltará a lotar esses espaços se banirmos a violência”
Em pouco mais de dez anos, o Brasil, que era o terceiro país que mais matava por futebol no mundo, atrás de Argentina e Itália, passou a ocupar o 1º lugar no ranking de países com mais mortes em brigas de torcidas organizadas. O Brasil é o campeão de mortes!
A guerra entre as torcidas é a principal culpada, desde 1988, contabilizando 270 mortes com participação de seus integrantes. Deste total, 130 ocorreram entre 2010 e 2016, segundo levantamento exclusivo do portal LANCE!, feito por meio de um acompanhamento de jornais de várias partes do País.
E isso acontece mesmo vigorando no Brasil regra oriunda da Federação Internacional de Futebol (Fifa), segundo a qual os clubes, mandantes ou visitantes, são responsáveis por qualquer conduta imprópria do seu respectivo grupo de torcedores. Por esta razão, qualquer incidente provocado pela torcida no jogo custará caro ao seu clube.
Racismo, xenofobia, machismo e agressão são causas de boa parte dessa violência, segundo afirma o sociólogo Maurício Murad, que pesquisa a violência no futebol brasileiro há mais de 20 anos. A violência tornou-se sistêmica no ambiente do futebol. Todo fim de semana em um estádio, campo ou quadra improvisada, em pequenas cidades ou nas metrópoles, a truculência entra de penetra na festa.
Temos – governos, desportivas, sociedade – um grave problema que vem especificamente das arquibancadas e tem produzido um número assustador de vítimas de agressão, incitações ao ódio e ao preconceito por meio de canções e/ou “gritos de guerra”.
Nascida nas arquibancadas, a violência alcança os bares, restaurantes e transporte público, deixando um saldo de destruição. O basta a este estado de coisas é urgente.
Atualmente, nos jogos do campeonato goiano, é melancólico constatar que os estádios estão às moscas. O público voltará a lotar esses espaços se banirmos a violência. É preciso criar um plano de ação onde todos os envolvidos deem sua contribuição, inclusive o torcedor.
Lélio Vieira Carneiro Júnior é empresário, desportista e candidato a presidente da Federação Goiana de Futebol
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