segunda-feira, 5 de junho de 2017

Todos os atentados terroristas do mundo em 2017 não superam a quantidade de homicídios registrada no Brasil em três semanas

Todos os atentados terroristas do mundo nos cinco primeiros meses de 2017 não superam a quantidade de homicídios registrada no Brasil em três semanas de 2015. Em 498 ataques, 3.314 pessoas morreram, de acordo com levantamento da Esri Story Maps e da PeaceTech Lab.
Segundo o Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, cerca de 3,4 mil pessoas foram assassinadas no Brasil a cada três semanas em 2015.
A comparação foi feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que divulgaram nesta segunda-feira (5) o Atlas da Violência 2017.
O estudo contabiliza 59.080 assassinatos no país em 2015, e os pesquisadores consideram que o resultado consolida uma mudança de patamar, em que as mortes violentas permanecem perto dos 60 mil homicídios registrados em 2014.
Os registros permitem calcular uma taxa de 28,9 assassinatos para cada 100 mil brasileiros. Apesar de ser 3,1% menor que a de 2014, a proporção é 10,6% maior que a registrada em 2005.
A variação da taxa de homicídios se deu de forma desigual no país entre 2005 e 2015. Em seis estados do Norte e Nordeste, a taxa cresceu mais de 100%, enquanto em todo o Sudeste o indicador caiu. No Rio Grande do Norte, a taxa de homicídios cresceu 232%. Em São Paulo, houve uma queda de 44,3%.
A pesquisa também fez análises no nível municipal e apontou que, entre as cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes, Altamira, no Pará, teve a maior taxa de homicídios do país em 2015, com 105,2 casos para 100 mil pessoas.
Impactada pela construção da Usina de Belo Monte, a cidade, segundo a pesquisa, é um exemplo de como o crescimento rápido e desordenado pode ter implicações sobre o nível de criminalidade.

Negros

A taxa de homicídios da população negra no Brasil superou em quase 2,5 vezes a da população não negra em 2015, de acordo com o estudo do Ipea e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
O levantamento utilizou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e do Ministério da Saúde e mostra também que, enquanto a taxa de homicídios dos não negros caiu 12,2% entre 2005 e 2015, a dos negros subiu 18,2%.
Em 2005, a taxa de homicídios da população negra (pretos e pardos) era de 31,5 para cada 100 mil habitantes. A proporção chegou a 38,5 para 100 mil em 2014 e caiu para 37,7 para 100 mil em 2015, um aumento de 18,2%.
O aumento foi quase 8 pontos percentuais mais intenso para a população negra que para a população brasileira em geral, que teve um aumento de 10,6%, passando de 26,1 homicídios para cada 100 mil habitantes em 2005 para 28,9 em 2015.
A população não negra (brancos, amarelos e indígenas), por sua vez, vivenciou uma queda na taxa, que deixou os 17,4 homicídios por 100 mil habitantes em 2005 para 15,3 por 100 mil em 2015.

Jovens

Ainda de acordo com o Atlas da Violência 2017, os jovens de 15 a 29 anos são as principais vítimas de homicídio no Brasil e, entre 2012 e 2015, mais de 30 mil pessoas nessa faixa etária foram assassinadas por ano no país.
Apesar de 2015 ter registrado uma queda de 3,6% em relação a 2014, o número de jovens mortos continuou acima dos 30 mil, com 31.264. A situação se repete desde 2012 e atingiu o pico de 32.436 em 2014.
De 2005 a 2015, o número de jovens mortos no país cresceu 16,7%. Enquanto a taxa de homicídios da população em geral é de 28,9 casos para cada 100 mil habitantes, entre os jovens a proporção é de 60,9 casos.
Dentro dessa faixa etária, as principais vítimas são os homens jovens. Entre eles, a taxa de homicídios chega a 113,6 casos por 100 mil habitantes. O problema se agrava em alguns estados, onde a taxa pode ser o dobro da nacional.
Em Alagoas, 233 homens jovens de 15 a 29 anos foram assassinados para cada 100 mil homens dessa faixa etária. Sergipe tem a segunda maior taxa, com 230,4 para 100 mil.
O Rio Grande do Norte registra 197,4 casos para 100 mil habitantes nessa faixa etária e gênero, mas foi o estado que teve o maior salto no período de 2005 a 2015: 313,8%

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