quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Marconi Diz Que Decréscimo Real da Receita Impede Reajuste Salarial

 Ele disse que os aumentos propostos e acordados com o funcionalismo foram feitos levando-se em conta uma projeção de crescimento que não ocorreu e por isso foi necessário um novo reescalonamento

 Levantamentos da Receita mostram que o Estado terá um decréscimo real de 2% na receita este ano.

Foto: Reprodução/Internet
Ao proferir palestra no encerramento do 1º Fórum de Empreendedorismo – Estratégias de Sucesso para 2016, realizado nesta quarta-feira (2), no K Hotel, em Goiânia, o governador Marconi Perillo explicou os motivos pelos quais o Estado não irá conceder, neste ano, qualquer tipo de reajuste salarial aos servidores.

Ao justificar o não pagamento de algumas datas bases, Marconi lembrou que o Estado apresentou um orçamento projetando um crescimento real da receita da ordem de 8%. Os aumentos que foram compromissados, por conta das negociações com os sindicatos dos servidores, basearam-se nesta projeção. “Tive o cuidado – salientou - de vincular os aumentos deste ano ao crescimento da receita. Ou seja, crescimento real, aumento real”.

Ele anunciou que o Estado terá 2% de decréscimo real na receita do Estado este ano. Com isso, fica inviável dar os aumentos. “O fato é que eu tive a coragem de enviar esta semana para a Assembleia um projeto de lei postergando para o ano que vem os aumentos previstos para este ano”.

Com as políticas que vem implantando em relação aos ajustes fiscal e financeiro, o Estado, segundo o governador, deverá chegar ao final do ano sem restos a pagar e com um déficit financeiro próximo do zero. Isso vai permitir à administração que faça os investimentos previstos para 2016.

Marconi destacou que o Estado deverá chegar ao final deste ano com uma economia real de aproximadamente R$ 3 bilhões: “Se nós não tivéssemos cortado na carne, chegaríamos hoje mais ou menos com a situação parecida com a de estados que não têm dinheiro para pagar os salários de dezembro e outros sem recursos para pagar o 13º dos servidores”.

Promovido pela Associação de Jovens Empreendedores e Empresários de Goiás (AJE Goiás), LIDE Goiás e Instituto Deândhela, o evento teve a presença de renomados palestrantes, que apresentaram cases e estratégias de sucesso e debateram temas voltados à prosperidade de pessoas e empresas.

Depois de uma palestra de aproximadamente 20 minutos, o governador foi sabatinado pelo presidente do Sebrae, Igor Montenegro, pelo presidente do Lide-Goiás, André Rocha, e pelo presidente da AJE-Goiás, Cledistonio Júnior. Por mais 25 minutos abordou vários temas relativos ao crescimento do estado, programas e parcerias com o mundo empresarial.

Iniciou enfatizando que o Estado cresceu acima da média. Entre 2005 e 2013 o PIB cresceu R$ 100 bilhões. Agora, disse apostar suas fichas que, ao final deste ano, Goiás alcançará a marca histórica de R$ 170 bilhões de PIB. “Isso tem um significado especial para mim porque em 1998 o PIB goiano era de R$ 17,4 bilhões”.

Outros indicadores também foram citados como importantes. Goiás foi o Estado que mais gerou empregos este ano, apesar da crise. O governador alertou que “este ano nós não estamos vivendo apenas uma recessão. Para alguns, nós devemos começar 2016 com uma espécie de depressão, e não mais apenas com uma recessão”.

Prevendo dificuldades para o período que o Brasil atravessa hoje, Marconi lembrou que no ano passado fez ajustes, como corte no número de funcionários e na estrutura da máquina administrativa o que resultou numa economia de R$ 500 milhões até agora.

Em tom de comemoração, disse que, nesta semana, a Controladoria Geral da União – CGU – divulgou um ranking que o deixou envaidecido. Trata-se do ranking da transparência nas contas públicas. Goiás não só ficou com a nota 10, ao lado de outros estados, como conquistou o primeiro lugar neste quesito.

“Estamos na vanguarda de todas as mudanças que estão ocorrendo no País em relação aos mecanismos de apoio ao empreendedorismo”, declarou também, ao destacar ter tomado a decisão de definir duas estratégias para os próximos três anos. A primeira veio para apoiar a inovação em Goiás, através de um ousado programa de inovação tecnológica com investimento estimado em R$ 1,2 bilhão nos próximos três anos.

Esse programa Inova vai começar a definir todos os investimentos a serem feitos a partir de agora em todas as áreas do governo. “Já temos resultados satisfatórios no Ipasgo, na área de Saúde e estamos transformando o Vapt Vupt em uma ferramenta cada vez mais virtual. Na área rural a adoção do cartão do produtor rural para controlar a vacinação contra a aftosa”.

Marconi disse que trabalha para que Goiás chegue nos próximos três anos entre os cinco mais importantes estados inovadores do País. “Hoje nós somos ainda o 13º É uma meta ousada, mas não impossível. No último ano de competitividade nós ficamos com a nota seis. O quinto ficou com a nota 6.6. São Paulo ficou com nota 8. Eu acredito que com este trabalho que vamos realizar nós alcançaremos bem mais do que isso”, salientou.

O segundo programa é o Goiás Mais Competitivo. “Acabamos de constituir o Conselho Superior deste programa, composto por personagens de Goiás e de outros estados. Já formamos os 40 executivos públicos selecionados entre os servidores do Estado. Desdobramos os 14 indicadores que definem a competitividade do Estado e, agora, vamos trabalhar para melhorar todos eles”.

Falou ainda sobre os incentivos fiscais, observando que Goiás tem políticas ousadas de incentivos, indispensáveis para que chegasse aonde chegou. “Goiás não chegou ao patamar de R$ 170 bilhões de PIB de graça”.

Fator importante, disse, “foi a nossa agressividade junto aos mercados internacionais. Há 15 anos Goiás exportava para 48 mercados. Hoje exportamos para mais de 150 países. Diversificamos os produtos exportados e importados”.

Muito disso, disse ainda, se deu por conta das missões internacionais: “Abrimos fronteiras com os empresários. Fomos buscar lá fora o empreendedor. Recentemente viajei a quatro países da Europa. Tive mais de cinquenta compromissos e conseguimos conquistar investimentos superiores a R$ 700 milhões para Goiás. Para o ano que vem estamos planejando inúmeras missões internacionais. Eu e o vice-governador, cada um em missões diferentes. Ninguém conhecia Goiás lá fora. Quando muito conhece São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Muitos nem sabem onde fica Goiás. Então é necessário que mostremos ao mundo que Goiás, junto com Brasília, tem um mercado consumidor superior a dez milhões de pessoas”.

O governador citou também a criação do Consórcio Brasil Central, que, segundo ele, está sendo decisivo para a viabilização do fórum que discute a reforma federativa: “O empresário Jorge Gerdau reuniu os mais importantes empresários e gestores públicos em um fórum, com a presença da maioria dos governadores do país, para discutir o pacto federativo. Medidas importantes para a Nação, como a aposentadoria, estabilidade no emprego, dentre outras, estiveram em debate. Esse movimento, realizado na semana passada, em São Paulo, pela primeira vez, reuniu 16 governadores para se discutir uma proposta do pacto federativo para o País”.

Por fim, Marconi lembrou que cada governador vai enviar às respectivas Assembleias Legislativas uma proposta de projeto de Lei de Responsabilidade Fiscal Estadual: “Queremos radicalizar mais ainda nos gastos. Hoje repassei para a Secretaria da Fazenda a nossa Lei e espero que ela seja encaminhada até a próxima semana”.

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