sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Greve no Judiciário Trava Intimação do Motorista de Cristiano Araújo

Motorista de Cristiano Araújo, também vítima do acidente que matou o cantor, está abalado Goiás Goiânia (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
Motorista foi denunciado por duplo homicídio
culposo (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
Mais de um mês após a Justiça receber a denúncia sobre o acidente que matou o cantor Cristiano Araújo, o motorista Ronaldo Miranda Ribeiro, de 41 anos, que conduzia o veículo, ainda não foi intimado a apresentar sua defesa. Segundo a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), a notificação, por meio de carta precatória, não pôde ser feita em função da greve dos servidores do Poder Judiciário, iniciada no último dia 24.
O motorista foi denunciado pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO), no último dia 21de setembro, por duplo homicídio culposo, quando não há intenção de matar, pelas mortes de Cristiano, de 29 anos, e da namorada dele, Allana Moraes, de 19. Ele conduzia o veículo no momento do acidente, no dia 24 de junho, em Morrinhos, quando voltavam para Goiânia após um show em Itumbiara.
Na ocasião, Ronaldo e um empresário do músico, Vitor Leonardo, também ficaram feridos, mas deixaram o hospital dias depois.
O juiz Diego Custódio Borges, da Comarca de Morrinhos, recebeu a denúncia no último dia 23 de setembro e enviou para a escrivania o pedido para intimação do motorista, via carta precatória, já que ele mora na capital.
Segundo o TJ-GO, o documento chegou a ser redigido, no entanto, ainda não foi enviado ao motorista por causa da greve dos servidores. O órgão ressaltou que, assim que a paralisação for encerrada, o documento deve ter andamento.

O G1 entrou em contato com a assessoria do Sindicato dos Servidores e Serventuários da Justiça do Estado de Goiás (Sindjustiça), que informou que não há novidades na negociação e a greve continua por prazo indeterminado.

De acordo com o órgão, os servidores vão fazer um ato em frente à Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego) na próxima terça-feira (3), data em que a o projeto que trata da data-base dos servidores está na pauta da sessão dos deputados.
A reportagem também tenta, desde as 10h30, contato com o advogado de Ronaldo Miranda, Ricardo Oliveira, mas as ligações não foram atendidas até a publicação desta reportagem.

Imprudência
De acordo com a denúncia do MP-GO, Ronaldo assumiu o risco de trocar as rodas originais do carro do cantor, que não sabia da real situação do veículo. "Eu entendo que o cantor não tinha conhecimento dessas particularidades, do quanto essas rodas estavam precárias", afirmou no texto o promotor de Justiça Nelson Vilela Costa.

Ainda segundo o promotor, o motorista não teve a devida atenção e cuidado enquanto dirigia e o excesso de velocidade foi o fator mais grave que contribuiu para o acidente.

“A imprudência foi extraordinária. O veículo era muito seguro e o dano foi muito grande. Se for excluir outras hipóteses, aquele veículo em velocidade regular poderia estourar o pneu e nem sairia da pista”, afirmou.

Carro do cantor Cristiano Araújo, em Goiás (Foto: Táliton Andrade/G1)Carro do cantor Cristiano Araújo após acidente, em Goiás (Foto: Táliton Andrade/G1)
Acidente e investigação
O acidente que matou Cristiano Araújo e a namorada ocorreu por volta das 3h10 de 24 de junho, no Km 612,6 da BR-153, em Morrinhos. O motorista perdeu o controle do veículo 21 minutos após fazer uma parada em um posto de combustíveis, a cerca de 57 km do local do capotamento.

No inquérito que indiciou Ronaldo, há o depoimento de dez pessoas, pareceres técnicos elaborados pela concessionária da rodovia e da empresa do veiculo. Também foram considerados laudos de exame cadavérico, de local de acidente e complementares do Instituto de Criminalística de Goiás.

De acordo com a perícia realizada no ponto em que o carro saiu da pista, a via estava em boas condições. Por isso, segundo o perito criminal José Luiz Macedo, não havia fator na rodovia que pudesse contribuir para o capotamento.

Segundo o delegado Fabiano Henrique Jacomelis, responsável pela investigação policial, Ronaldo chorou ao prestar depoimento. O condutor negou ter feito o consumo de bebidas alcoólicas, o que foi comprovado em uma análise, e que estivesse falando ao celular ou dormido ao volante. Porém, Ronaldo confessou que seguia acima da velocidade permitida na via, que é de 110 km/h.

Cristiano Araújo e a namorada, a estudante Allana Moraes, Goiânia, Goiás (Foto: Arquivo Pessoal)O delegado disse, ao concluir o inquérito, que o motorista  foi negligente e imprudente: "Houve o crime de trânsito, ele agiu com negligência no momento que transitou com as rodas não originais, com danos, e imprudente por dirigir em excesso de velocidade". Contudo, ele avaliou que, apesar de saber dos riscos, o motorista não teve a intenção de matar o casal.

Do G1

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