Estadão Conteúdo
Ex-deputado do PT André Vargas Foto Renato Araújo/ Câmara dos Deputados |
Em depoimento à Polícia Federal, o publicitário Ricardo Hoffman afirmou que a empresa Borghi Lowe articulou o repasse de comissões de 10% nos contratos de publicidade da Caixa Econômica Federal e no Ministério da Saúde para as empresas do ex-deputado do PT André Vargas em troca da promessa do parlamentar de conseguir novos clientes para a agência no Estado do Paraná. A promessa, contudo, nunca foi cumprida.
Hoffman foi preso sexta feira, 10, quando a Polícia Federal desencadeou a Operação "A Origem", nova fase da Lava Jato que mira contratos milionários de publicidade e propinas para políticos.
Segundo o publicitário, "de forma excepcional" e por determinação do presidente da Borghi Lowe, José Borghi, as comissões das produtoras contratadas pela agência para as campanhas do Ministério da Saúde e da Caixa Econômica Federal eram repassadas às empresas LSI Solução e Limiar Assessoria e Consultoria em Comunicação, ambas de propriedade de André Vargas e seus irmãos. "Esses créditos foram cedidos tendo como contrapartida a perspectiva de se conseguir clientes privados no Estado do Paraná, que essa foi a promessa feita pelo ex-deputado André Vargas" , afirmou o publicitário, que disse ainda que o ex-parlamentar não cumpriu a promessa e não conseguiu levar nenhum cliente novo para a agência.
Hoffman conta que foi procurado por André Vargas que "tinha interesse em atuar no mercado de publicidade, uma vez que tinha pretensão de atuar nessa área no Estado do Paraná" e estava à procura de um parceiro para atuar na área. O publicitário, então, levou o pleito para a cúpula da Borghi Lowe que aceitou a "parceria", determinando o pagamento das comissões às empresas do ex-deputado, o que foi executado por Hoffman, que indicava as empresas para as produtoras contratadas pela agência fazerem o repasse.
Publicidade
Diante da descoberta do esquema envolvendo o ex-deputado, os contratos de publicidade dos órgãos do governo federal estão na mira da força-tarefa da Lava Jato. Os procuradores vão estender a todos os órgãos públicos federais as investigações sobre o pagamento de propinas para políticos e agentes públicos na área de publicidade, à partir das apurações na Caixa, Saúde e Petrobrás - já investigadas.
Para isso, produtoras de áudio e vídeo do País terceirizadas pelas agências de propaganda detentoras das contas governamentais serão incentivadas a fazer delação premiada. Os procuradores da República acreditam que elas possam ser a peça-chave para desmontar a engrenagem de um sistêmico modelo de desvios em contratos milionários de propaganda do governo federal, via pagamentos de comissão para firmas de fachada ligadas a políticos.
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